A crítica à prática da “reserva técnica”, condenada pelo Código de Ética e Disciplina do CAU, foi um dos assuntos marcantes da 40ª. Plenária Ordinária do CAU/BR realizada em Brasília nos dias 28 e 27/03.
Mesmo não constando da pauta, os conselheiros chamaram a atenção para a atualidade da denúncia da prática no momento em que o país vive uma grave crise ética. A comissão paga aos profissionais por fornecedores que eles indicam aos clientes para a compra de produto, insumo ou material, foi equiparada às propinas dadas por empreiteiras a funcionários públicos, como ocorreu na Petrobrás. O projeto do novo Código Penal inclusive trata do assunto, ao condenar a corrupção entre particulares.
Vários CAU/UF têm promovido campanhas contra a prática, a favor da valorização profissional, e recebido denúncias concretas, conforme relato da Comissão de Ética e Disciplina. Em um caso de São Paulo, a denúncia foi feita por um fornecedor que se recusou na pagar pela “reserva técnica” cobrada por um profissional.
É consenso que a “reserva técnica”, além de comprometer a imagem da profissão, impacta na qualidade do trabalho dos arquitetos e urbanistas.

JULGAMENTOS – Conforme orientação do Conselho Diretor, a partir da 40ª. Plenária Ordinária, o CAU/BR passou a transmitir online os julgamentos dos processos ético-disciplinares em que o sigilo não tenha sido requerido pelas partes ou de cuja decisão não haja previsibilidade de aplicação da sanção de advertência reservada, sem contudo expor os nomes dos envolvidos. Foram apreciados três processos em grau de recurso. Nos dois primeiros, originários do CAU/MG, os julgamentos foram favoráveis aos profissionais denunciados para absolvê-los do cometimento de falta ética e consequente aplicação de sanção. Já em relação ao terceiro, originário do CAU/GO, o voto-vista restou vencedor para determinar o gravame da decisão recorrida de “advertência reservada” para “censura pública”, pelo que o profissional será notificado para apresentar alegações antes da decisão definitiva do Plenário do CAU/BR.
Ficou pendente para discussão na próxima Plenária, resolução proposta pela Comissão de Ética e Disciplina sobre os procedimentos a seguir no caso da maioria dos conselheiros federais estarem ou se sentirem impedidos de participarem de julgamento ético-profissionais.
FINANÇAS – O balancete de dezembro de 2014 do CAU/BR foi outro item da pauta. As receitas do ano passado totalizaram R$ 32.834.211,00, o que corresponde a um por cento acima do orçado. Os principais itens foram RRTs (R$12.375.933,00), anuidade de pessoas físicas (R$ 7.703.302,00) e compartilhamento do Centro de Serviços Compartilhados (R$ 4.192.751,00). As despesas totalizaram R$ 28.393.469,00, menos três por cento do orçado. Os principais itens são R$ 10.864.407,00 correspondentes a pessoal e encargos, R$ 10.284.772,00 relativos a serviços de terceiros PJ e R$ 2.798.197,00 a serviços de terceiros PF. Clique aqui para ver mais detalhes.
Outra informação compartilhada entre os conselheiros foi a de que os CREA do Rio Grande do Sul, do Maranhão e do Mato Grosso ainda não repassaram ao CAU 100%, e Minas Gerais 50%, do valor das anuidades, das anotações de responsabilidade técnicas e de multas recebidas das pessoas físicas e jurídicas de arquitetos e urbanistas, arquitetos e engenheiros arquitetos, arrecadados na fase de transição entre os Conselhos. A transferência é exigida pela Lei 12.378/2010, o que motivou o CAU/BR a discutir o assunto na Justiça.
OUTROS ITENS – A Plenária contou ainda com apresentações de detalhes do Plano de Saúde contratado para os funcionários do CAU/BR e do Sistema SophiA Acervo, que prevê a tramitação e guarda de documentos, mediante utilização de sistema informatizado e certificação digital, e que futuramente deverá envolver também os projetos dos arquitetos registrados no CAU.
Em sua abertura, o encontro teve a presença do deputado federal Luiz Carlos Buzato, que deu notícia criação de comissão especial na Câmara dos Deputados para discutir a revisão da Lei de Licitações (8666/1993), que já tem agendada – por sugestão do CAU/BR – duas audiências públicas. Uma sobre a necessidade do projeto completo para a contratação de obras públicas e outra contra a contratação de projetos de Arquitetura e Engenharia por pregão de preços. Para saber mais, clique aqui.
69 respostas
Parabéns pela atitude.Pela coragem de enfrentar a pratica de propina disfarçada e institucionalizada.Vivemos um momento em que precisamos lutar contra toda forma de corrupção. Sou formada a quinze anos, e sempre considerei a reserva técnica uma forma de corrupção, algo que impede o profissional de defender a qualidade de seu trabalho, já que em função do acordo comercial, o mesmo fica preso ao que interesse financeiro próprio e do “parceiro”. E quem paga é o cliente que acredita ter no profissional arquiteto um parceiro para defender seus interesses relativos ao projeto e a obra, e tem na verdade um corrupto sangrando seu bolso.
De acordo.
Concordo inteiramente.
O que pensar se em alguns estados os presidentes do Cau são os maiores cobradores de reserva técnica, ganhadores e incentivadores de prêmios para um núcleo de decoradores que dá prêmios aos maiores vendedores, arquitetos pagando reserva técnica???
Prezado Claudio, a reserva técnica é uma prática proibida pelo Código de Ética e Disciplina do CAU e deve ser rejeitada por todos os arquitetos, sem exceções. Caso tenha conhecimento de casos que envolvam qualquer arquiteto, inclusive presidentes, conselheiros ou funcionários do CAU, pedimos que por favor cadastre sua denúncia no SICCAU, em https://siccau.caubr.org.br/app/view/sight/externo.php?form=CadastrarDenuncia.
O sistema também permite que o senhor acompanhe, por meio de um número de protocolo, o andamento da denúncia. O aperfeiçoamento do exercício profissional precisa do esforço de todos os arquitetos e urbanistas. Denuncie e colabore com o CAU para valorizar a nossa profissão!
Realmente, é uma lástima. Sabemos que isso ocorre, como provar?
Ao fazer essa denúcia no SICCAU, a única coisa que teremos é mais um inimigo.
Parabéns ao conselho. Acho grave a questão da RT. É sério,antiético e compromete sim a nossa imagem. Temos que começar a combater a corrupção dentro de casa. Aqueles que vivem disso certamente se incomodarão e dirão que não é prioridade.Verdadeiros profissionais apoiarão a causa!
Absurdo inominável que se procure estabelecer critérios forjados em teses socialistas que começam a florescer nos CAUs para comparar as atividades profissionais dos arquitetos e suas implicações de mercado, com as repugnantes práticas de relacionamento publico e privado que vem envergonhando nosso país. O código de ética aludido, não foi amplamente discutido no seu processo com os arquitetos que indicaram seus conselheiros, membros das comissões, e nem é resultado de uma necessária ampla análise da situação da profissional e suas dificuldades de sobrevivência contendo forte corrente disposta a criminalizar profissionais quase sumáriamente,sem apresentar soluções ajustes para um processo que vem se formando há muitos e muitos anos. Senhores, há muito que analisar antes de colocarmos um “suposto” PERFEITO código de ética COMO “inquestionável” ROTEIRO DE CONDUTA E PUNIÇÃO para se aplicar aos profissionais de arquitetura. Lembra que está sendoimposto por uma inspiração que cresce subterraneamente em todos os conselhos criados no Brasil nos últimos anos, com orientação,cores e objetivos de inconfessáveis interesses partidários, que esperamos, não nos permitam arrependimento da autoria do signatário da lei que criou o CAU. > E o que acontece com outras atividades profissionais? Se considerarmos a classe médica, que lamentávelmente por sua prática, exerce e aplica sua atividade diretamente ao usuário, sem A INTERMINÁVEL ROMARIA ATRÁS DE DOCUMENTAÇÃO AMBIENTAL, TÉCNICA, BUROCRÁTICA E ADMINISTRATIVA PÚBLICA com envolvimento em aplicação de medicamentos e equipamentos,
qual efeito teria os médicos, um código de ética como o que chamamos do CAU, fulcrado na modelagem para tipificar a transgressão e encaixar um transgressor.
Prezado Indio, agradecemos o comentário, mas é necessário fazer uma reparação: o Código de Ética e Disciplina dos Arquitetos e Urbanistas é uma construção coletiva da categoria. Foram realizados cinco seminários regionais, um seminário nacional (com transmissão via internet, ao vivo) e foram recolhidas opiniões de profissionais de todo o país em uma ampla consulta pública (veja em http://www.caubr.gov.br/?p=11860). Portanto, não há o que se falar em “imposição”. Reforçamos ainda que nada no CAU/BR acontece “subterraneamente”, ao contrário, todas as nossas reuniões plenárias são transmitidas ao vivo via internet, e o CAU/BR tem aperfeiçoado cada vez mais seus mecanismos de transparência e divulgação de informações. Em breve, teremos muitas novidades nesta área, inclusive com a ampliação de consultas e audiências públicas. Acompanhe!
Consideramos a reserva técnica algo que não condiz com a profissão, mas, sabemos que ela existe é invisível para uns, palpável outros. Parabenizamos o CAU/BR se conseguir por fim a este instrumento aético, nojento
e que desclassifica o profissional. Deve ficar como coisa de passado não muito distante.
Sempre considerei um absurdo essa prática. Que é histórica. Chamar de ” reserva técnica” é outro disparate. De tal forma dissiminado que contaminou inclusive pedreiros, abrindo a cadeia de extorção .
Pois é, mas na minha região é muito forte essa pratica de RT, inclusive existem empresas pioneiras no assunto. Virou um vicio. Particularmente eu abomino tal pratica.
APOIO TOTAL AO CAU QUE VEM FAZENDO UM BELO TRABALHO DESDE A SUA CRIAÇÃO, “”NUNCA ANTES VISTO NO CREA””
Só se for aí em SP. Aqui na BA só fez piorar.
Acho louvável todas as discussões, mas a mais importante, principalmente nesse momento de crise que o país vive, é a VALORIZAÇÃO do profissional. Quantas lojas e empresas se apropriam do trabalho do arquiteto, tirando nosso espaço do mercado, fazendo com que o valor do projeto esteja ‘embutido’ no preço da marcenaria? Quem consegue usar os preços de honorários sugeridos pela CAU? Somente escritórios de larga caminhada e que estão já consolidados… A nossa profissão infelizmente tem sérios problemas, muito antes dessa questão. Podemos discutir, mas não mascarar….
E o que está sendo feito pelo cumprimento da lei do salário mínimo profissional?
Absolutamente nada! Basta ver quantos editais de concurso para “arquiteto” com um salário ridiculamente inferior ao piso. E o CAU, inerte, finge que não vê. Já fiz várias denúncias, mas foram para a gaveta do esquecimento.
Prezado Marcelo, pedimos que verifique o andamento de suas denúncias entrando em contato com a Ouvidoria do CAU/BR pelo e-mail ouvidoriacaubr@caubr.gov.br
Srs. Considero totalmente equivocado o paralelo entre uma reserva técnica com essa corrupção endêmica do estado e seus contratados da iniciativa privada tão corruptos quanto. O correto é o CAU se empenhar em valorizar verdadeiramente o trabalho dos arquitetos para que sejam reconhecidos e bem remunerados como profissionais essenciais desenvolvendo o seu papel na sociedade com o trabalho importante e de responsabilidade que exercem, desta forma a grande maioria não precisaria utilizar-se deste artifício (na grande maioria das vezes o próprio cliente está ciente) para poder ter uma remuneração mais adequada. A concorrência na maioria das vezes desleal e pratica preços abaixo de qualquer limite aceitável.
Portanto o CAU deve focar seus esforços em coias bem mais importantes.
Concordo plenamente Alan
O CAU tinha que se preocupar em apurar os casos de prefeituras que continuam a aceitar normalmente o engenheiro ( projeto arquitetônico), é uma fiscalização de uma tabela mínima para os arquitetos cobrarem.
Concordo com o Alan, isto acontece no Paraná também onde o profissional de Arquitetura é muito desvalorizado sendo facilmente substituido por um profissional de Engenharia no caso de projeto Arquitetônico e por um profissional de designer de interiores no caso de projeto de interiores, ficamos sem espaço de trabalho pois como o Alan falou a concorrência é desleal e os outros profissionais competem conosco sem problemas de área de atuação e no caso de interiores os designers recebem reserva técnica tendo assim uma remuneração bem mais alta do que nós profissionais de arquitetura que temos conhecimento técnico. Como lidamos com isso? O CAU tem uma política sobre isso? Não considero propina e sim uma complementação da renda praticado através de parcerias de trabalho, como uma comissão pela indicação do profissional em gratidão pela indicação e reconhecimento.
Parabenizo o CAU por esta iniciativa de combate a reserva técnica, conforme preconiza o conselho de ética profissional. Contudo gostaria de saber quais são as ações de fiscalização nos escritórios de arquitetura onde muitas vezes ocorrem contratações sem carteira assinada e por consequencia pagando abaixo do piso mínimo profissional. Penso que esta questão está totalmente ligada ao nosso código de ética e na nossa valorização profissional.
COM QUE MORAL VAMOS AS RUAS PROTESTAR CONTRA CORRUPÇÃO?Ratificando o que foi dito acima, eu participei das discussões regionais sobre a revisão do código de ética, me dedicando a defender o fim da comissão ou RT como queiram. O assunto foi polêmico mas felizmente ganhou a ética.
Aos que acham que temos outras prioridades na profissão, quero dizer que, a maioria dos nossos problemas estão atrelados a essa prostituição. Quero muito trabalhar de forma decente.
Não conseguimos cobrar melhor pelo nosso trabalho porque tem colegas oferecendo projeto de graça pra poder receber em RT.
Acho que as ações deveriam começar pela divulgação do códico de forma mais efetiva…… não apenas deixar disponível no site, mas tb comunicar aos fabricantes, fornecedores e comercio em geral que lançam programas de fidelização com viagens e prêmios que complementam as RTs.
tenho visto colegas ostentando em sus paginas nas redes sociais que foram primeiro colocado em vendas de uma determinada loja.
EU NÃO SOU VENDEDORA, SOU ESPECIFICADORA.
Há muitos anos escrevi um artigo sobre a questão, e que gostaria de ver publicado nessa seção. Acho que contribui enormemente para a presente discussão, numa reflexão isenta e objetiva, com algumas propostas de correção de rumo, nos caminho ético a ser percorrido pelos profissionais da nossa classe. Estou enviando o mesmo para a Ouvidoria do CAU, mas aí vai sua transcrição, que creio estar a propósito desta página:
Artigo
Como melhorar a relação entre Arquiteto e Cliente?
Aqui estamos nós, cutucando as feridas de muitos sobreviventes desse embate ferrenho: a relação entre clientes e arquitetos que, para a infelicidade geral da classe “arquiteteira”, quem sai mais machucado é o velho e bom cliente. Dito assim, quem deveria ficar infeliz seria o cliente, que saiu cheio de marcas, não é? Quem responder que sim, esquece-se de um pequeno detalhe: as feridas se curam, mas as lembranças ficam. O resultado é que o cliente cria verdadeira aversão à nossa profissão, reluta em procurar outro profissional e, finalmente, nivela a todos por baixo. A infelicidade dos arquitetos está no fato de que, com o passar dos tempos, a classe vem caindo no ostracismo, no abandono, na descrença. Como se vê, a infelicidade tarda, mas não falha. A cada vez que ouço as estórias de profundo arrependimento contadas por quem contratou um arquiteto, me vem um misto de tristeza, vergonha e raiva, não necessariamente nessa ordem.
Quantas vezes já vimos pessoas torcerem o nariz quando falam de suas experiências com arquitetos (curiosamente, mais problemáticas do que com engenheiros), lamuriadas com casos de prejuízos, erros de projeto e tantas outras agruras? Profissão outrora respeitada e querida, a arquitetura parece sobreviver melhor em obras corporativas que nos trabalhos do dia a dia onde, certamente, deveria atuar com mais ênfase, renovando, modernizando e corrigindo os sítios urbanos, a partir de suas células mais elementares – casas, ruas, praças, parques, etc. Mas, porque chegamos a esse ponto? Embora não seja uma análise tão simples, me arrisco a levantar algumas teorias, sem me furtar de oferecer a cara aos tapas que certamente virão de todos os lados. Afinal, criticar é muito fácil, mesmo que seja do alto do nosso calcanhar. Porém, aqui não vai apenas uma crítica a colegas, mas, antes disso, um alerta: estamos desmontando o talude por baixo; a terra acima pode descer sobre nós. Vamos lá:
1 – Capacitação – formação profissional
Do latin architectus esse profissional das obras e das artes era intitulado, na antiguidade, de ”senhor do conhecimento”, designação nada mais que natural para quem era responsável pela construção das grandes pirâmides e palácios egípcios, repletos de significados esotéricos, herméticos, associações matemáticas e astronômicas. A falha num empreendimento egípcio, comumente levava o arquiteto à sumária pena de morte. Melhor estar bastante preparado para a empreitada…
Profissional da antiguidade, planejador das cidades romanas, dos imensos castelos medievais, artífice do Renascimento, seu perfil só se altera com a chegada da era industrial, quando efetivamente surgem as primeiras especializações. A criação do concreto-armado, os cálculos específicos e a rápida ascensão das engenharias colocam o arquiteto num patamar paralelo, talvez com certa queda de prestígio e desvalorização profissional. A geometria perde para a matemática, a arte perde para a técnica. O arquiteto divide o conhecimento com engenheiros e matemáticos, e a arquitetura fragmenta-se em novas soluções, cada uma delas a cargo de um profissional específico. O velho “senhor do conhecimento” já não sabe tudo.
Enquanto nos países desenvolvidos o arquiteto tem uma formação técnica e específica mais sólida, o Brasil das últimas décadas patinou na educação de base e na qualidade do ensino superior. É óbvio que isso se reflete em todas as profissões, e de maneira especial nas classes que fazem mais uso da intuição que das tabelas de cálculos, como os advogados, médicos, psicólogos e tantos outros. Na nossa, que despeja no mercado uma respeitável quantidade de “jovens do desconhecimento” a disputar a clientela na base de tapas e com baixíssima remuneração, o resultado não poderia ser diferente. E, como em todas as áreas onde impera o despreparo, surgem outras conseqüências, como veremos adiante.
2 – A Vaidade
No filme O advogado do Diabo, do diretor Taylor Hackford, Al Pacino, no papel do Tinhoso, lá pelas tantas, lembra à platéia que “a vaidade é o pecado predileto do Diabo”. E deve ser mesmo, já que, por conta dela, muita gente boa perdeu o rumo na vida. Arquitetos, atores, pintores e artistas em geral, têm sido presas fáceis desse tentador Pecado Capital. Incontáveis foram as vezes em que se viu o delírio do arquiteto inviabilizar a conclusão de um projeto, fosse por custo excessivo, fosse por inconsistência técnica. Há um caso de uma construção que ruiu em face da ausência de projeto estrutural, onde o arquiteto, fiando em sua soberba, subestimou as necessidades da obra; o cliente foi a vítima fatal da tragédia. Médicos e engenheiros, assim como outros profissionais, também já fizeram das suas. Mas, não estamos aqui para falar deles, mas sim, para aprendermos um pouco mais de humildade e respeito aos limites dos materiais e das contas bancárias dos clientes. Temos que extinguir a máxima de que o “arquiteto torna a obra muito mais cara”, mito nascido e criado nas pranchetas da vaidade e nunca no juramento da profissão.
3 – O Ante-profissionalismo.
Com um panorama assim, terreno fértil para o cultivo de enganos, as faculdades formam muito mais operadores de desenho em CAD que arquitetos. Não há mais traços, croquis ou esboços; são layers, imagens em 3D, passeios virtuais pelo projeto e um sem número de recursos técnicos que transformam qualquer curioso em um arquiteto de fim-de-semana. Nada contra, quando tudo isso traz a reboque o conteúdo imprescindível de uma boa formação acadêmica. Mas não é o que se vê. Já encontrei operadores de plotadoras que, familiarizados com o Autocad, fazem desenhos para terceiros, conforme a encomenda do “cliente”. Pedreiros e empreiteiros de obra “projetam” banheiros e cozinhas para muitas madames da classe média; decoradores de ambientes (muitas vezes simples vendedores de mobiliários) praticam o que chamam pomposamente de “arquitetura de interiores”, sem terem a mínima noção do conceito de Espaço Arquitetônico; se fazem de arquitetos, por vezes intitulam-se como tal e, quando criticamos esse comportamento, se “sentem” perseguidos e humilhados. E para emoldurar esse cenário de Dante, vendem-se, nas bancas, coleções de revistas com projetos, os mais bizarros, para todo tipo de freguês.
4 – Os Desvios de Conduta
E aí a Arquitetura virou artigo de banca de jornal. Logicamente, não é de se espantar que anomalias como a famosa “ART”*¹ sejam cultivadas e até ferrenhamente defendidas pelos arquitetos e decoradores. Em qualquer grande loja que atenda à arquitetura e decoração, a simples visita do arquiteto gera imediato assédio do vendedor que lhe informa em voz alta, bom tom e sem nenhum constrangimento: “também trabalhamos com ART para o arquiteto”. Essa frase tem soado como música para muita gente boa e, estranhamente, para arquitetos verdadeiramente talentosos – talvez até mesmo brilhantes – mas que, em algum momento de suas vidas, tomaram esse equivocado atalho.
Quando conversamos reservadamente com lojistas e vendedores desse segmento, tomamos conhecimento da tragédia que isso já representa para a nossa classe. Arquitetos que recebem boa remuneração de clientes para conduzi-los na elaboração de suas reformas e “re-decoração” de seus ambientes, lhes impõem fornecedores, lojas e produtos que lhes rendem maior ART. Pasmo, ouvi de vendedores, relatos estarrecedores das ações de colegas arquitetos que, por ambição e descaso com seus clientes, simplesmente ameaçaram abandoná-los à própria sorte, caso os móveis da loja “X” não compusessem seu projeto. Ora, não estamos falando de um artista de peso, a quem o reconhecimento universal pela qualidade de sua obra o deixe à vontade para esse tipo de exigência; estamos falando de um sujeito de caráter duvidoso, irresponsável e presunçoso, que faz mau uso dos seus recursos e conhecimentos, atitudes que severamente desqualificam nossa profissão e nossa classe, além colocá-lo às margens da Lei:
LEI Nº 8.078 – DE 11 SET 1990
Dispõe sobre a proteção do consumidor, e dá outras providências
Seção IV
Das Práticas Abusivas
Art. 39 – É vedado a fornecedor de produtos ou serviços:
I – condicionar o fornecimento de produto ou serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
Por outro lado, a legítima comercialização de produtos e serviços por qualquer profissional, inclusive arquitetos, médicos, engenheiros e inúmeros outros profissionais de classe, que de bons vendedores culminam por se tornarem Representantes Comerciais, por exemplo, é de enorme valia para o mercado como um todo. É a sofisticação da atividade de venda, com ganhos para o consumidor, que recebe as informações adequadas sobre o que adquire e consome e, claro, também para o vendedor, esse profissional valiosíssimo para a movimentação da economia. A prática concomitante da atividade, com a da profissão específica, no entanto, deve ser norteada pela ética. Nesses casos, o conflito de interesses pode ser fatal.
De um diagnóstico um tanto sombrio, o “quadro clínico” da arquitetura vai piorando ao longo do tempo. Ao contrário do que se possa supor, a clientela evolui; a informação se dissemina aos ventos. Percebendo-se iludida, essa clientela torna-se cuidadosa e desconfiada. Expõe suas feridas aos amigos e o mal se espalha. Assim, desrespeitado pelos fornecedores e desacreditado por parte da sociedade, o arquiteto, antes um profissional de méritos indiscutíveis, hoje se arrasta pelos pequenos escritórios, tocando pequenas obras e serviços, na sofrida tentativa de sobreviver com alguma dignidade. Mas, como nem tudo está perdido, percebe-se que sempre existem excelentes profissionais que resgatam boa parte dos brios dessa bela carreira e que passam ao largo da mediocridade reinante. Conheço alguns deles. Em sua grande maioria, são íntegros, dedicados, altivos de caráter, sem, contudo, se portarem com arrogância. Bem sucedidos, quase sempre, colhem apenas do que plantam.
Eis aí a diferença entre a mediocridade e a pujança.
*¹ – Adicional de Reserva Técnica – Propina paga aos arquitetos que indicam ou conduzem os clientes a determinadas lojas, que os remuneram por isso, onerando o custo da mercadoria adquirida por este cliente. De praxe, cobra-se 10% do valor da venda. Mas há casos em que essa taxa chega a triplicar. A associação da expressão à ART/CREA é mero jogo de palavras. (vide observação abaixo).
Obs.:
ART (Anotação de Responsabilidade Técnica): Documento de registro da obra/projeto no CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (atualmente os arquitetos estão sob a égide do CAU-Conselho de Arquitetura e Urbanismo). Garantia, para o Cliente, de que sua obra/projeto está sob a responsabilidade de um profissional registrado.
5 – E agora, o que faremos?
Acredito que a primeira atitude para a efetiva mudança desse quadro, seja a de se procurar conscientizar a classe e o cliente sobre essa realidade distorcida. Arquitetos e arquitetas que sobrevivem dessa prática, dificilmente mudarão de comportamento. A ação fiscalizadora do cliente – uma de suas obrigações, afinal – ajudaria a inibir a prática da ART, desde que, com remunerações negociadas justas e dignas. Como qualquer trabalhador, o arquiteto vive de sua produção.
Paralelamente, as faculdades poderiam incluir em seu currículo, uma cadeira que trabalhasse a ética na conduta profissional. As instituições de ensino superior têm, sim, uma enorme responsabilidade na formação do indivíduo, ainda mais hoje, onde cada vez mais adolescentes sentam-se nas cadeiras universitárias. O Código de Ética Profissional adotado pelo CONFEA/CREA é um belo documento, que bem ilustra a maturidade dos nossos Órgãos de Classe; a Lei brasileira é moderna e responde de maneira perfeitamente adequada a quaisquer desafios das relações comerciais entre fornecedores e consumidores de produtos e serviços. Os formandos deveriam estudar tais códigos, o que lhes daria uma visão bem mais ampla de seu papel social e de suas responsabilidades. O IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil, por exemplo, traz à luz o papel histórico de lutas pela profissão. A classe precisa conhecer a trajetória da arquitetura no país, através dos seus setores mais representativos; ninguém contribui com o que desconhece*². Para melhor entender do assunto, basta dar uma olhada na legislação:
1. LEI Nº 4.950-A – DE 22 ABR 1966 – Dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária.
2. LEI Nº 5.194 – DE 24 DEZ 1966 – Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo e dá outras providências.
3. LEI Nº 8.078 – DE 11 SET 1990 – Dispõe sobre a proteção do consumidor, e dá outras providências.
4. RESOLUÇÃO Nº 205, DE 30 SET 1971, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Adota o Código de Ética Profissional.
5. RESOLUÇÃO Nº 401, DE 06 OUT 1995, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – Adota o Manual de Procedimentos para a condução de processo de infração ao Código de Ética Profissional.
*² – “O arquiteto não poderá aceitar, fora dos seus direitos autorais ou salários, qualquer outra quantia, sob forma de comissões e vantagens, paga por fornecedores, negociantes, construtores, empreiteiros ou outros relacionados com os seus trabalhos.
Item 3.4 do Artigo 3º das NORMAS DE CONDUTA PROFISSIONAL DO ARQUITETO (Aprovadas pela Assembléia Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil em 08 de maio de 1964).
E, finalizando, o juramento do arquiteto, só para não nos esquecermos do que somos, seguido de uma desconhecida oração, provavelmente fruto de alguma mãe desiludida, ou de um padre, cuja obra
ainda perdura até hoje…
“Ao Receber o grau de Arquiteto e Urbanista, assumo o compromisso de honrar esta profissão e a sua história, de ser leal aos meus colegas, no exercício de minhas atividades, de resguardar o interesse coletivo, no uso das minhas atribuições, e de utilizar todo o meu conhecimento, para corresponder à confiança e expectativas que a sociedade, por meio deste diploma, em mim deposita.”
Oração pelos Arquitetos
Pai de misericórdia, Deus da vida, Senhor de bondade, /os arquitetos tem a função de fazer, planejar, riscar, criar as construções, conceber formas novas que embelezem as cidades a as construções. / Senhor, T, que és o grande arquiteto do universo, / fizeste esta maravilha, que é a criação do mundo, para ser nossa morada, / nós, que somos a obra prima de tuas mãos. / Que os profissionais da arquitetura sejam honrados, sejam dignos, cumpram bem a sua missão e tornem cada vez mais belo nosso habitat com a sua profissão, / para que a beleza possa salvar esse mundo, salvar essa geração. / Tu que és a beleza infinita, a Ti glória e louvor para sempre. / Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, o mais belo dos filhos dos homens, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. / Amém.
Paulo Roberto Ramalho Silva – Arquiteto
Excelente artigo!
Parabéns pelo artigo!
Excelente artigo , meus parabéns amigo ! Realmente parece que as pessoas esquecem do juramento que fizeram na prática do seu dia a dia e isso acaba por contaminar toda a sociedade pelos atos praticados em desfavor da ética e compromisso social . Uma profissão tão bela e infelizmente tão desvalorizada , pela prática medíocre de alguns. Independente da religião de fulano ou cicrano , os ensinamentos cristãos na sua essência , se forem entendidos realmente em profundidade no seu real sentido e aplicados em seu dia a dia , ajudam a ter efeitos positivos na sociedade.Parece que agir honestamente e com ética nos dias atuais não caracteriza necessáriamente uma virtude,onde o que importa é o status e as aparências , as pessoas criticam , falam muito , mas na hora de mostrar atitudes nobres e dignas ,no fundo da questão o que temos é uma crise de caráter e de valores invertidos . Parabéns aos profissionais que realmente dignificam a profissão e agem com princípios , ética e decência , respeitando os colegas , clientes e fornecedores , passando a margem do oportunismo , inconpetência e mediocridade . ” A distância que você consegue percorrer na vida depende da sua ternura para com os jovens, compaixão pelos idosos, solidariedade com os esforçados e tolerância para com os fracos e os fortes, porque chegará o dia em que você terá sido todos eles.”
George Washington
Excelente iniciativa do CAU-BR, que muito nos honra e dignifica. Agora, mais que nunca, sinto orgulho de pertencer a esta classe de profissionais!
E a pergunta que fica: o dinheiro da rt que hoje em dia vai para o profissional, vai acabar aonde? Mais lucro para a loja (precos já abusivos). O que as pessoas também precisam entender é que o valor da rt não será nunca revertido para desconto do cliente
Mas o cliente terá a garantia de estar comprando algo indicado pelas suas características de qualidade e não porque seu arquiteto vai ganhar um “por fora”. Prática nojenta essa da RT.
Parabenizo ao CAU pela crítica, deve-se também advertir os arquitetos desta prática e também parceiros e fornecedores! Constar apenas no Código de Ética não cessará a prática e as denúncias também não darão conta, a sugestão é que haja algum tipo de advertência enviada a todos os arquitetos e parceiros!
Em relação as outras problemáticas da profissão, que são muitas, as críticas e cobranças são importantíssimas, como prioridade acredito que também o CAU deve fiscalizar as práticas antiéticas dentro das esferas públicas e das privadas em relação ao pagamento do salário mínimo profissional e formalização do quadro de funcionários, que como sabemos, está imerso na informalidade! Em relação as aprovações de projeto arquitetônico nas prefeituras por engenheiros, as advertências precisam continuar a fiscalização tem que ser intensificada, já passou da hora de pesar a mão na caneta e começar a multar!
Não utilizo, por princípio, deste artifício em minhas atividades profissionais. Mas já ouvi de arquiteto aqui de Santa Catarina, inclusive integrante do CAU, dizendo que se tirar o recebimento de RT ou comissão, terá que fechar o escritório.
Obrigado.
Prezado Paulo, a reserva técnica é uma prática proibida pelo Código de Ética e Disciplina do CAU e deve ser rejeitada por todos os arquitetos, sem exceções. Caso tenha conhecimento de casos que envolvam qualquer arquiteto, inclusive presidentes, conselheiros ou funcionários do CAU, pedimos que por favor cadastre sua denúncia no SICCAU, em https://siccau.caubr.org.br/app/view/sight/externo.php?form=CadastrarDenuncia.
O sistema também permite que o senhor acompanhe, por meio de um número de protocolo, o andamento da denúncia. O aperfeiçoamento do exercício profissional precisa do esforço de todos os arquitetos e urbanistas. Denuncie e colabore com o CAU para valorizar a nossa profissão!
Estudei, me formei arquiteto, fiz pós-graduação e continuo na mesma. Quando a classe será valorizada? Quando acabará o taxamento pra nós? Porquê ganhamos tão pouco? Porquê o mercado é restrito? Existem poucos arquitetos bons? Escritório de arquitetura é empresa? O cau realmente me representa? Questões como estas sempre vem à minha mente e infelizmente as respostas são vagas. Somos os primeiros a entrar e os últimos a sair de uma obra. Honestamente, ser arquiteto está virando uma carreira insustentável!!!
Esse foi um dos motivos que me fizeram balançar na minha decisão em assumir um outro ramo para exercer minha profissão de arquiteta.
A tamanha prostituição da minha classe profissional mediante uma “mendicância”por um dinheiro que não é nosso!
Quem optou por trabalhar seriamente nesse mercado cobrando pelo que faz, caiu em descaso e nas rodinhas da “vaidade” até virou motivo de gozacao, onde ouvia: “acabar com a RT? O CAU está insano! Como vou sobreviver se hoje não cobro mais meus projetos? Só ganho RT? É com ela q sobrevivo”.
Como diria meu amigo Boris , “isso é uma vergonha”!
É o mesmo que o funcionário público que aceita um salário miserável e o complementa à base de desvios e propinas.
Concordo com a continuidade da RT. É uma maneira de reforçar o rendimento numa profissão ainda pouco valorizada. Essa imposição que defende o CAU pode ser melhor debatida entre os profissionais, pois fui um dos que mantive a opinião acima e a enviei ao CAU sem ter resposta. O mais importante no momento é a valorização profissional, o combate à elaboração de projetos arquitetônicos por outras profissões e a conscientização da obrigatoriedade de contratação de Arquitetos pelo mercado. O CAU tem feito um bom trabalho nessa área.
Quer “reforçar o rendimento”? Cobre honorários justos. Especificar pela RT é o mesmo que pedir propina.
Parabenizo os conselheiros do CAU pela crítica à pratica da Reserva Técnica neste momento de reflexão que vivemos no país.
Uma sugestão aos arquitetos honestos que se sentem prejudicados pela competição desleal dos que aceitam a RT:
Quando nossa empresa de arquitetura apresenta um orçamento para projeto ou obra, na última página há uma explicação sobre a prática da RT no mercado e a proibição da prática pelo Código de Ética.
Essa transparência ajuda o escritório a fechar MAIS contratos.
Essa prática nos proporciona orgulho e só ganhamos com ela.
Excelente ideia! Transparência com o cliente! Você teria este texto para nos mandar?
Atribuir a cobrança de porcentagens sob produtos e indicações á “valorização profissional” é um distorção típica e oportunista.
A valorização de nossa profissão permeia a cobrança de honorários justos e a revalorização de nossa profissão por nossos contratantes é o caminho a ser buscado. Esse campo de discussão é servido por nossa pratica ética e profissional. Quando isso é questionado, ( observar opiniões nesse fórum) motiva-nos a pensar que de fato vivemos em quanto sociedade uma distorção ou oportunista ou alienante.
A crise de valorização de nossa profissão também está ligada a utilização de reservas técnicas e não ao contrario como se argumenta. Os preços exorbitantes de móveis e acabamentos, em muito são abusivos também por conta dessa pratica.
Não se pode cobrar valorização profissional, quando a forma de recebimento de nossos rendimentos não são claros aos contratantes, da mesma forma que não se pode cobrar ética de governantes quando “ em nossa própria calçada acumulasse lixo”.
Parabéns ao CAU por em momento político tão singular como o que estamos vivendo, mostre-se capaz de jogar uma luz em busca de respostas, para a própria instituição que coordena.
considero que agindo assim o cau vai nos tirar a rt, e como ficarão os que se passam por arquitetos dentro das obras? afinal existem lojas que pagam rt até para pedreiros. se o cau tivesse realmente fiscal trabalhando e conseguisse reservar os serviços de arquitetura aos arquitetos tudo bem. afinal o cau quer trabalhar em prol de quem? e o pior são os arquitetos que pagam propina para funcionários de prefeitura e de outros órgãos tanto facilitar aprovações como para serem indicados. e então cau onde estão os fiscais?
Parabéns pela coragem de confessar, na página do CAU, uma conduta anti-ética. Talvez estejas impávido pela certeza da impunidade.
Parabéns ao nosso Conselho pela atitude! É este Conselho que me representa e me orgulha.
Se a RT fosse lícita, seria feita às claras, com o conhecimento do cliente.
Medidas como esta valorizam a nossa profissão.
Já enviei um outro email e não obtive resposta, mas farei o questinamento outra vez. Gostaria de informações sobre a aplicabilidade da Resolução 51.
Parabéns aos conselheiros pela iniciativa de moralização da pratica profissional e valorização do arquiteto através da ética .
Parabéns ao nosso conselhos ética é tudo para valorização profissional
Realmente dentro dos padrões éticos da profissão as RT são vistas como ilegais, mas como em outro comentário anterior que li, nós arquitetos mesmo que não aceitemos RT, os clientes não teram desconto daquele valor que ganharíamos e nem as lojas venderiam produtos mais baratos! Ainda somos uma classe desvalorizada, e mal vista por muita gente como frescura, coisa de rico e blá blá blá… O CAU além de nos representar também tem um importante papel em defender nossos direitos dentro da profissão, todo mundo é contra RT mas tem engenheiro assinando projetos cobrando 7 reais o metro quadrado, ou seja quem vai procurar um arquiteto com engenheiros cobrando um valor desses?! Até quando engenheiros poderão assinar projetos arquitetônicos??
Concordo, há uma prostituição da profissão e uma disputa entre arquitetos e engenheiros. Eu escuto muitas piadas por esta inserida em um meio cheio de engenheiros, defendo minha profissão com unhas e dentes mas infelizmente os próprios profissionais da arquitetura pagam salários miseráveis para seus “funcionários” se assim podem ser chamado já que não possuem carteira assinada. Meu estado é uma vergonha!
Fico impressionado quando vejo alguns colegas defendendo a RT. Reclamam que a profissão não é valorizada e o CAU não faz nada para corrigir isso. O profissional que não se sente valorizado e por que é fraco mesmo, ruim de serviço, tem medo de engenheiro, tem medo de decorador, achou que formar em arquitetura era curso de vendedor ou atravessador. O arquiteto que não consegue fornecer um produto de qualidade, que seja reconhecido pelos clientes, tem que voltar pra escola e estudar mais.
Esses indivíduos é que se autoalimentam de lamurias e se sentem injustiçados pelos conceitos éticos inerentes às pessoas honestas.
Que bom ver esse assunto ser debatido seriamente no nosso Conselho. É vergonhoso ver nossa profissão ser desvalorizada pela ação de “profissionais” que não compreendem sua real dimensão.
Enquanto se crucifica os arquitetos por isso, os designers nadam de braçada !!
Perfeito
No momento atual que a sociedade e as entidades de classes clamam pela transparência, correção de desvios da atuação profissional, não podemos esquecer que o exercício ilegal da profissão continua a todo vapor, através de irresponsáveis técnicos ‘CANETINHAS” que propiciam a atuação de diversas pessoas sem alguma formação técnica na condução de projetos e obras.
Neste novo momento da CAU, sugiro que sejam limitados o nº de responsabilidades técnicas de profissionais por período, para que seja inibida esta prática e consequentemente a valorização profissional.
Concordo com a questão da RT. Existem profissionais que direcionam o cliente pensando única e exclusivamente neste ganho. Mas concordo também que, se é antiético para os arquitetos, deve ser também para os designers de interiores, engenheiros e demais que recebem valores através dessa prática. Porém, acho válido lembrar que, em muitas lojas, é indiferente o cliente ir acompanhado de um profissional ou não, o valor cobrado é o mesmo.
Acredito que nosso Conselho deva combater diversas práticas prejudiciais à nossa classe, como por exemplo, os SITES QUE VENDEM PROJETOS PRONTOS A PREÇOS RIDÍCULOS, irrisórios, muito difícil de competir, prática esta que depõe contra a nossa profissão, dando a entender que projeto é algo banal, simples, que qualquer um faz… Este prejuízo à nossa classe se dá não só por conta dos valores irrisórios cobrados, mas também por não garantir que sejam cumpridos todos os requisitos técnicos previstos em normas, assim como prejudica também quem compra, pois é muito improvável que o cliente terá a melhor solução técnica para o seu caso.
Tenho conhecimento de site que foi denunciado por uma colega, e o CAU não deu absolutamente nenhuma resposta.
Prezada Isabele, sobre a atuação do CAU junto a sites que oferecem serviços de Arquitetura, leia http://saergs.org.br/blog/2015/01/27/apos-reuniao-com-entidades-da-classe-casacia-altera-plataforma-decora-do/
Perfeito, fico feliz com a atuação do conselho. Porém, o site a que me referi no comentário anterior continua no ar e vendendo projetos de “CONSTRUÇÃO” a preços bem abaixo da tabela estabelecida pelo conselho. Vou reiterar a denúncia no espaço apropriado no site do CAU, e espero realmente que seja verificada a prestação desse serviço, se atende todos os requisitos técnicos exigidos em norma, e se os preços cobrados estão de acordo com o mercado.
A VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO SOA SEMPRE EM “COMO COBRAR MAIS?”… AO MEU VER, A SOCIEDADE NÃO CONHECE O OFICIO DE ARQUITETO, SUA ATUAÇÃO, SUAS RESPONSABILIDADES, SEU VALOR TÉCNICO…
DE MODO GERAL, NEM O CLIENTE (SEJA PÚBLICO OU PRIVADO) TÃO POUCO ARQUITETOS – O CONSELHO ESQUECE QUE A MAIORIA ATUANTE LIDA COM PEQUENOS PROJETOS, REFORMAS E CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE; ISSO POR VÁRIOS FATORES DE OFERTA DE MERCADO E PELO PERFIL DO CLIENTE EM SUA MAIORIA – ESSES PROFISSIONAIS ACABAM POR SE PERDER NA SUA REAL FUNÇÃO E PASSAM A “DANÇAR CONFORME A MÚSICA” PARA DEFENDER SEU DIA A DIA SEM PERCEBER. A RT (INFELIZMENTE) VAI SEMPRE EXISTIR POIS OS LOJISTAS/FORNECEDORES TEM LIBERDADE DE CRIAR O INCETIVO QUE QUISEREM PARA VENDER MAIS; CABE AO PROFISSIONAL TER UMA POSTURA ÉTICA PARA LIDAR COM ISSO E DEIXAR O CLIENTE SEMPRE LIVRE PARA ESCOLHER ONDE E COMO FAZER SUAS COMPRAS, DIFERENTEMENTE DO CASO DE LICITAÇÕES EM ÓRGÃOS PÚBLICOS QUE DE FATO SE CARACTERIZA EM PROPINA.
O TEMA DA RT É CONVENIENTE DE DEVE SER DISCUTIDO MAS ANTES DISSO, O CONSELHO DEVERIA EXECUTAR UM PLANO MAIS EFICAZ DE ATINGIR TODOS OS ENVOLVIDOS NA PROFISSÃO, SEM ESQUECER DO PRINCIPAL – QUE É O CLIENTE FINAL – E DIVULGAR MAIS SUAS AÇÕES E DEFENDER PUBLICAMENTE SUAS POSIÇÕES E A PROFISSÃO; EM JORNAIS, RÁDIO, TV E REDES SOCIAIS – NÃO APENAS COM COMUNICAÇÃO INTERNA OU EM ÓRGÃOS PÚBLICOS COMO VEJO ACONTECER – É COMO SE NADA SAÍSSE DO PAPEL.
O DIA QUE A FUNÇÃO DO ARQUITETO FOR CONHECIDA DE TODOS, NATURALMENTE OS PROFISSIONAIS HONESTOS E COMPETENTES SERÃO VALORIZADOS E SEGUIDOS PELOS DEMAIS, POIS ESTARÁ CLARO QUE É ESSE O MELHOR CAMINHO. LEMBRANDO QUE UM CORRETOR DE IMÓVEIS, GANHA EM UMA VENDA UMA COMISSÃO (QUE NÃO É PROPINA E PERFEITAMENTE ACEITA PELA SOCIEDADE) IMENSAMENTE MAIOR DO QUE O PERCENTUAL INVESTIDO NO ARQUITETO PARA A CONCEPÇÃO, PROJETO, COORDENAÇÃO, RESPONSABILIDADE TÉCNICA E CRIMINAL DO IMÓVEL VENDIDO.
Prezado Erwin, o CAU/BR tem realizado diversas campanhas nacionais sobre a valorização nacional. Por exemplo, tivemos uma campanha específica sobre o Código de Ética veiculada na revista Veja, em setembro e outubro de 2013. Em 2014, lançamos uma campanha nos principais jornais do país contra a MP 630, em favor da exigência do projeto completo em obras públicas. Além disso, todos os anos lançamos uma campanha de conscientização nacional no Dia do Arquiteto. Veja a campanha de 2014 em http://www.caubr.gov.br/?p=35790. Além disso, os CAU/UF tem realizado grandes campanhas por todo o Brasil. Confira em http://www.caubr.gov.br/?p=17861
Este ano, teremos ainda mais novidades. Acompanhe!
Boa noite!
Acredito que mais do que discutir se a prática da RT é ética ou não, devemos focar nossos esforços em fiscalizar a prática irregular de profissionais em geral que se passam por arquitetos e simplesmente “tomam” nossos lugares no mercado de trabalho.
Com relação à RT, no meu ver, cada profissional deve agir conforme acredite ser certo, mas caso haja uma imposição da CAU referente a isso, deve-se cumprir, por ser regra. Claro que sempre devemos discutir muito antes de aplicar qualquer regra.
Um profissional arquiteto não precisa necessariamente ser somente arquiteto, pode ser empresário, lojista, vendedor, corretor de seguros, gerente de banco, diretor de multinacional … basta ser sincero e honesto com o que faz para viver e com o seu cliente.
que bakana…. será que o cau vai somente ferrar o arquiteto ou conseguirá consertar o brasil. o “por fora” acontece no brasil do flanelinha ao presidente. so um totalmente desenformado que não sabe disso. ou estão achando que lavajato se trata de lavador de carros.
Senhores! Concordo com a política de proibição da prática da “reserva técnica” executada por muitos profissionais da área, inclusive escritórios já consolidados a anos que tiram proveito desta situação para reduzir absurdamente os valores dos seus serviços, prejudicando muitas vezes intencionalmente, os pequenos empreendedores (profissionais autônomos ou pequenos escritórios que estejam iniciando sua carreira). Se pararmos para refletir um pouco e levarmos em consideração tudo o que prejudica profissional que esteja querendo iniciar sua carreira, teríamos que rever muitos conceitos referentes ao exercício da fiscalização e aplicação de taxas exacerbadas ou simplesmente criadas sem um estudo mais amplo da situação, como por exemplo seria o caso das taxas que são cobradas duplamente como é o caso de o conselho não dar ao profissional a liberdade de incluir a execução na mesma RRT de projeto para que este pague apenas uma vez pelo exercício do serviço prestado, abrindo brecha pra muitos clientes optarem em escolher um engenheiro ao invés de um arquiteto afinal a ART (CREA) dá a opção de incluir projeto e execução no mesmo documento e ainda acaba se tornando mais barato que a RRT. Outra coisa que também não consigo entender é porque o conselho não briga pra poder dar a possibilidade ao profissional autônomo de incluir sua RAZÃO SOCIAL na MEI ao invés da SIMPLES para reduzir o excesso de tributações que acabam inviabilizando ao que profissional que esteja iniciando a sua carreira a sobreviver as custas de um espaço físico, anuidade, custos de cópias, ISS, tributo do tributo e por ai vai… além de propiciar a regularidade e igualar a concorrência com empresas maiores por permitir e emissão de notas fiscais que não sejam só as municipais que muitas empresas não querem por terem uma carga tributária muito maior do que as notas estaduais ou federais. Sabemos que muitos, que não sei se é o caso aqui, ousam criticar o recebimento da tal “reserva técnica” mas na hora de emitir notas ficais sonegam baixando o preço do seu serviço para o cliente, gerando a famosa concorrência ilícita e desleal, um ato que diga-se de passagem tão questionável, ou diria até pior, do que o recebimento da famosa “RT” que muitas vezes não chega nem perto do valor da porcentagem de uma nota fiscal. Senhores, desta forma, por pior que seja a RT fica complicado compararmos a operação de corrupção que houve na PETROBRÁS com este tipo de corrupção, R$800 milhões é muito dinheiro… E te garanto que a maioria ou se não for todos os envolvidos nesse escândalo, com certeza tinham um salário muito aquém do nosso simples piso salarial que muitas vezes não recebemos e dependendo da situação não chega nem a metade do piso salarial. Antes de julgarmos uns aos outros de corruptos, é melhor pararmos para pensar em tamanha desonra e vergonha que nosso país se encontra ultimamente! Sem falar da tal “CONTRIBUIÇÃO SINDICAL” que enche as nossas caixas de e-mails com intimidações falando que tal taxa é obrigatória para o exercício da profissão, promete mundos e fundos, fazendo muitos profissionais acreditarem, sendo que são cobranças indevidas… Concordo com a atitude e preocupação do conselho em regularizar esta situação, mas acho que temos muita coisa pra mudar, além da reserva técnica, começando pela fiscalização do exercício dos valores cobrados pelos profissionais e escritórios, que são baixos, muitas vezes desleais e que só servem pra denegrir a imagem dos profissionais qualificados e competentes! Diferença de valores absurdos no orçamento de serviços mostra o quão falha é a fiscalização desta atividade na qual muitos profissionais se aproveitam da malandragem para “ganhar clientes”… Desculpem pelo extenso desabafo, mas falta muito pra “Arquitetura e Urbanismo” receber o devido respeito dos leigos e até dos nossos amigos Engenheiros Civis… Como fica está questão da a RT dos nossos amigos “Designers de Interiores” e “Técnicos de Edificações” em relação a nós “Arquitetos e Urbanistas”? Se for para criarmos uma lei a respeito que seja no mínimo de igualdade para todos!
concordo plenamente com o André e resumindo, se o cau quisesse realmente colocar ordem na casa tínhamos fiscais nas ruas a nosso favor e além de não ter temos que perder tempo nos justificando a fiscais desqualificados do crea que chegam nas obras não e se dão nem ao trabalho de ler o que está escrito nas placas mas são muito competentes em saber se a art foi paga ou seja, o negócio é arrecadar e ficar atrás de uma mesa sem se preocupar com o que se passa aqui fora.
Perfeito!
Política de fiscalização;
Política de cobrança por parte do arquiteto;
Educação administrativa;
Recolhimento de Impostos;
Enquadramento na MEI;
Softwares;
Qualificação profissional;
Tudo isso caminhando para o mesmo lado!
Tenho loja de materiais e detesto esta pratica(RT), pois quem paga não é o empresario e sim o cliente.Pagar para vender é sinonimo de incompetencia, o mesmo deveriam pensar os profissionais que não dignificam as profissões que exercem, sendo taxados como corruptos.Lavar a jato ou de mangueira está errado sempre, não importa o tamanho. O bom profissional vence pelo seu conteudo, com etica, transparencia, bons serviços, e respeito a todas as partes e lembrem; HONESTO É MAIS DIFICIL, MAS DIGNIFICA…
Nada mais há a fazer a não ser fiscalizar, autuar e prevenir a ação de leigos. Fiscalizar é proteger a sociedade da atuação de falsos profissionais que agem indiscriminadamente, portanto, é uma das prerrogativas do CAU. Por mais que queiram desviar o foco para discussões vãs como a Res. 51, e a própria RT é evidente que a precarização da profissão e a banalização do mercado são frutos do exercício ilegal da Arquitetura.
Há de se concentrar esforços para que o PL 6.699/02 seja votado e aprovado no Congresso, para que o exercício ilegal da Arquitetura e Engenharia deixe de ser mera contravenção e passe a ser tratado crime contra a saúde pública.
Não compreendo porque nenhumas das entidades representativas da categoria ainda não assumiu esta bandeira como prioridade?
Estas legendas ao invés de articularem junto ao MTE para que o pagamento da CSU seja “impingida” principalmente ao Arquiteto autônomo (diga-se de passagem maioria absoluta na categoria) de forma que que seu exercício profissional fique atrelado ao pagamento do imposto sindical, o que revela sem pudor seus objetivos arrecadatórios, deveriam empenhar tal energia na conquista e manutenção do mercado. Pura idiotice, um verdadeiro tiro no pé! Num mercado caótico, sem qualquer controle é muito mais vantajoso cancelar o registro por iniciativa própria e agir ilegalmente como tantos já o fazem.
Quaisquer propostas sobre a valorização do profissional que desconsidere o papel preponderante da fiscalização não é séria, é balela, é distração com intuito de desviar o foco para o que realmente importa.
Em tempo esclareço que considero vãs as discussões sobre a RT e a Res. 51 por se tratarem de posturas pautadas em uma situação “ideal” de mercado onde não existe a autoconstrução, onde todos contratam profissionais, onde não há obras clandestinas, onde há uma fiscalização atuante e eficiente. Antes de versarem sobre regaras que fatiam um mercado que “não existe”, os representantes da categoria (que por sinal permeiam “várias” siglas) deveriam ser mais humildes, descerem de seus pedestais e compreenderem de fato a realidade do mercado.
gostaria de ver o mesmo empenho contra a RT ser aplicado contra sites que vendem projetos a preço de banana
Carlos faça uma denúncia pelo email atendimento@caubr.gov.br