EQUIDADE

Dia Nacional da Consciência Negra: CAU Brasil promove ações para equidade

Conselho desenvolve atividades por meio da Comissão Temporária de Políticas de Ações Afirmativas
No próximo domingo, 20 de novembro, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra. Combater todas as formas de discriminação e exclusão da população negra na Arquitetura e no Urbanismo e ampliar o olhar para questões que a envolvem estão nas ações desenvolvidas pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU Brasil).
Segundo a coordenadora da Comissão Temporária de Políticas de Ações Afirmativas (CTPAF) do CAU Brasil, Claudia Sales de Alcântara, é importante falar sobre a importância das políticas afirmativas dentro do Conselho. “O racismo é um dos principais responsáveis pelas desvantagens de acesso de pessoas pretas e pardas ao mundo do trabalho e aos espaços de trabalho. E por esse motivo é um tema que tem que ser trabalhado no cotidiano, no exercício profissional, no campo da arquitetura e urbanismo e dentro do Conselho. Afinal o combate a todas as formas de preconceito tem que estar presente no nosso cotidiano. Um conselho que está preocupado com o bom exercício de seus profissionais cria condições para que todos possam exercer sua profissão de maneira mais justa, sob o princípio da equidade e da empatia”, explica.
Para homenagear as arquitetas e arquitetos urbanistas autodeclaradas (os) da raça negra o CAU Brasil gravou depoimentos de alguns, de diferentes regiões do país. Veja vídeos nos stories a serem postados dias 19 e 20. 
Em maio deste ano, durante o I Seminário da Diversidade, evento promovido pela Comissão Temporária de Raça, Etnia e Diversidade (CTRED), o CAU Brasil divulgou um importante documento para a promoção da equidade a  Carta pela Equidade e Diversidade no Cotidiano e no Conselho da Arquitetura e do Urbanismo . O documento apresenta 11 ações afirmativas que procuram aprofundar a equidade e diversidade dentro do sistema CAU e foi formulado coletivamente pela CTRED, comissões e grupos temáticos que tratam dos temas nos CAU/UF.
Com a Carta pela Equidade e Diversidade, o CAU pretende aprofundar o combate ao racismo, à misoginia, homofobia, lesbofobia e transfobia dentro do Conselho seguindo a premissa de que é preciso se reconhecer dentro destas estruturas para oferecer respostas emancipatórias e superá-las.

Beatriz Lemos, arquiteta e urbanista, professora do Centro Universitário Santa Maria em Cajazeiras (PB)

Dados inéditos apresentados no II Censo das Arquitetas e Arquitetos e Urbanistas do Brasil, levantamento conduzido pelo CAU Brasil, com resultados consolidados pelo Instituto DataFolha e divulgados em dezembro de 2021, mostram a inclusão do perfil racial profissionais. O censo revelou que entre os 41.897 profissionais ouvidos 22% se identificam com a cor ou raça negra, somando-se 18% de parda com 4% de preta.
A inclusão do perfil racial foi uma das novidades do novo censo, assim como o levantamento dos profissionais com eventuais deficiências físicas, mentais, intelectuais ou sensoriais dos participantes. Até 2020, não havia informações raciais na base de dados do CAU Brasil, não sendo possível aferir a representatividade de profissionais negros e negras no Conselho.

Júlio Segundo, arquiteto e urbanista, servidor da Prefeitura Municipal de Curitiba e indicado como Servidor Público Padrão do ano de 2022

Dedicada ao debate da questão racial de forma interseccional ao debate de gênero, de arquitetura e de cidade, a arquiteta e urbanista Gabriela de Matos,  criadora do projeto Arquitetas Negras,  ganhou o Prêmio Arquiteta do Ano  concedido pelo  IAB, Departamento Rio de Janeiro em 2020. Ao receber o prêmio, Gabriela disse que mesmo com o mapeamento até então de 582 arquitetas negras, a falta da reconhecimento destas profissionais, “o que faz com que o imaginário acerca do arquiteto, além de produzir assimetrias sobre quem pode ou não ocupar este espaço, continua inviabilizando estas existências. E que mesmo com as inúmeras contribuições destas profissionais, existe uma constante tentativa em deslegitimar e bloquear o necessário debate sobre arquitetura e cidade feito através de uma perspectiva racial”.

Gabriela de Matos, criadora do Arquitetas Negras e co-fundadora do Instituto Tebas de Patrimonio e Cultura, que reconhece o primeiro arquiteto negro brasileiro,

Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa que aponta que, em 2021, considerando a linha da pobreza monetária proposta pelo Banco Mundial, a proporção de pessoas pobres no Brasil era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e entre os pardos (38,4%). As populações preta e parda representam 9,1% e 47% da população brasileira, respectivamente. Os dados são do estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil.
Na taxa de pobreza, o IBGE considerou a linha de U$$ 5,50 diários (ou R$ 486 mensais per capita). Na linha da extrema pobreza, (US$ 1,90 diários ou R$ 168 mensais per capita), as taxas foram de 5% para brancos, contra 9% dos pretos e 11,4% dos pardos.

Arquiteta e urbanista Andreia Ortolani, mobilizadora de projetos de Impacto Urbano e Sociais em Bauru, coordenadora adjunta de relação institucional do CAU/SP
Arquiteta e urbanista Andreia Ortolani, mobilizadora de projetos de Impacto Urbano e Sociais em Bauru, coordenadora adjunta de relação institucional do CAU/SP

Sobre a data   Idealizado em 1971 por um grupo de jovens universitários negros, o Dia Nacional da Consciência Negra foi oficializado pela Lei nº 12.519 de 2011. A data é uma homenagem a Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, que faleceu nesse dia, em 1695, destacando o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade e gerar reflexão para as questões raciais. A Lei também determinou a inclusão de “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo escolar.
Além dos temas que envolvem Zumbi e o Quilombo dos Palmares, o Dia da Consciência Negra é uma data significativa, pois traz à luz questões importantes: o racismo e a desigualdade da sociedade brasileira. É uma data que relembra a luta dos africanos escravizados no passado e que reforça a importância da realização de novas lutas para tornar a nossa sociedade mais justa.
Leia matérias relacionadas:
Dia da Consciência Negra: ações do CAU buscam combater discriminação e exclusões 
Seminário do CAU apresenta Carta pela Equidade e Diversidade
Representatividade importa: Conheça 31 arquitetas negras
Arquitetas e arquitetos negros pelo mundo
Projeto Arquitetas Negras
Gabriela de Matos é eleita Arquiteta do Ano pelo IAB-RJ
Conheça a história de Tebas, o arquiteto escravizado que esculpiu ícones de São Paulo
(Fonte: G1 e DataFolha)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

NOTÍCIAS EM DESTAQUE

EQUIDADE

Comissão Temporária de Políticas Afirmativas do CAU Brasil apresenta seu relatório final de atividades

INSTITUCIONAL

CAU Brasil combate assédio moral no trabalho com campanha Inimigo Invisível

EQUIDADE

CAU Brasil promove II Encontro da Diversidade em 15 e 16 de maio

INSTITUCIONAL

CAU Brasil lança Portal sobre Internacionalização de serviços de Arquitetura e Urbanismo

Skip to content