
Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula (1976), especialização em Metodologia e Projetos de Desenvolvimento Urbano pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal (1986), especialização em Questões Emergentes no campo da preservação de bens pela Universidade Federal da Bahia (1997), mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (2003). Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Nilton Lins, em Manaus (AM), e membro do Grupo de Pesquisa do CNPq “Educação, Saúde e Sustentabilidade na Amazônia”.
Servidora do quadro permanente da Prefeitura de Manaus, atuando na Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos como diretora da Diretoria de Turismo, com experiência na área de projetos de gestão municipal, com ênfase em planejamento urbano e ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão do patrimônio e desenvolvimento local, políticas públicas de turismo e patrimônio cultural, orçamento participativo, planejamento estratégico municipal, metodologias de projetos municipais, técnicas retrospectivas em patrimônio cultural, política cultural e planos de preservação, projetos de infraestrutura turística.
Confira a entrevista que o CAU/AM fez com a arquiteta e urbanista:
Escolher uma profissão é quase sempre um desafio. Como e quando você percebeu que seria uma arquiteta?
Na minha opção pelo curso de Arquitetura e Urbanismo, pesou mais o aspecto generalista do curso, equilibrado entre disciplinas técnicas (cálculo, estruturas, descritiva) e artísticas (plástica, história, etc.).
Construir uma carreira sólida ao longo de uma vida é um horizonte a ser seguido. Quais foram os principais desafios de sua carreira?
O primeiro desafio foi minha adaptação ao novo ambiente urbano de Manaus, já que como carioca, retornando de uma temporada na França, vim para Amazônia. Apesar de estar no mesmo país, senti que era um outro Brasil, uma nova fronteira de conhecimento. Importante observar que para mim, carreira sólida não significa ficar rico ou dar certo, mas está ligado a um crescimento pessoal e profissional, em todos os sentidos. Sem dúvida, o desafio maior foi meu envolvimento e experiência com a preservação do patrimônio cultural e natural, ao ser convidada para montar e dirigir a Superintendência do IPHAN na Amazônia Ocidental, em 1987, onde fiquei por 15 anos.
A falta de políticas públicas em determinados setores que compõe o cotidiano de uma grande cidade é um fato. Relacionado ao urbanismo, como podemos avaliar o desenvolvimento urbano de Manaus ao longo dos anos?
Não acredito em falta de políticas públicas nas cidades brasileiras. O que existe é uma falta de apetência dos gestores públicos, que não aceitam planejar a gestão, mas partem para uma improvisação generalizada, onde qualquer capricho ou desejo pessoal passa na frente das prioridades da cidade. A ausência de planejamento somada a ausência de fiscalização, favorecida pela corrupção na gestão dos recursos, gera uma realidade cruel que se reflete na feiúra e inadequação do espaço urbano. A pouca participação cidadã em Manaus agrava o quadro.
Dentro da academia é um universo a ser explorado, de acordo com o conteúdo teórico e a prática. Como você vê à segmentação da profissão após a formação?
Na universidade, você forma alunos. O profissional é formado na vida, dentro das demandas do mercado e da dinâmica social de sua cidade. Nesse jogo de ofertas você cria suas oportunidades e seu perfil profissional único.
‘O ser da floresta, à Amazônia, arquitetura regional e o patrimônio histórico’. Os arquitetos que escolheram o Amazonas para desenvolver seus projetos devem está aliados à política de valorização local. Como você faz uma análise?
Antes de mais nada, acho que foi a Amazônia que me escolheu, me atraiu e eu disse sim ao desafio. Creio que nós, arquitetos, pesquisamos pouco e produzimos pouco, artigos, livros e análises. Um arquiteto não pode só fazer projeto, mas tem que assumir um compromisso mais abrangente na leitura do seu espaço sócio-cultural e de seu ambiente natural único. Ele o interpreta, o decodifica e o atualiza para os demais.
Por Maycon Nascimento, Assessor de Comunincação do CAU/AM
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