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Antiga Rodoviária de Londrina (PR) é tombada como Patrimônio Cultural do Brasil

 

De autoria do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, a a antiga Rodoviária de Londrina (PR) agora é Patrimônio Cultural do Brasil. O tombamento da obra, que hoje funciona como Museu de Arte da cidade, foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nesta quarta-feira, 19 de maio. Com o tombamento, o edifício e sua área de entorno passam a gozar de proteção nacional, com eventuais intervenções devendo ser previamente autorizadas pelo Iphan. Trata-se da primeira obra de Vilanova Artigas a ser tombada pelo Iphan.

 

“A razão principal para o tombamento é o valor artístico da obra. É um exemplar representativo do Artigas em uma fase em que ele está dialogando com a arquitetura carioca, especialmente com a influência de Oscar Niemeyer”, afirma o relator do processo de tombamento, o arquiteto e professor Eduardo Carlos Comas. Depois dessa fase, Artigas viria a ser conhecido pela sua Arquitetura Brutalista, influenciando grandes nomes como Paulo Mendes da Rocha.

 

 

O professor Eduardo Comas explica que na Arquitetura Moderna brasileira ainda não havia construído um equipamento desse porte, uma rodoviária municipal. “É na verdade uma celebração do movimento. Em 1952, não havia precedente para uma rodoviária com qualidade plástica fora do comum. O Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, fora inaugurado poucos anos antes”, afirma. “A cobertura em arco inclinada pode ser pensada como uma folha que se dobra como um origami”.

 

ARTIGAS EM LONDRINA
O processo de tombamento da Antiga Rodoviária de Londrina começou em 2009, a pedido da Superintendência do Iphan no Paraná. No ano seguinte, a prefeitura da cidade contratou um projeto de restauro, que teve sua primeira fase finalizada em 2019. Há quase 30 anos, o espaço abriga o Museu de Arte de Londrina, mas mantém contraste entre linhas curvas e linhas retas, a transparência da fachada em vidro e outras características que revelam a intenção de criar não só um abrigo de ônibus, mas um símbolo do desenvolvimento e da modernidade.

 

 

Segundo o professor Eduardo Comas, Londrina trouxa a Artigas uma grande oportunidade profissional. Com seu sócio em Carlos Cascaldi, ele conseguiu fazer muitas outras obras numa cidade nova, que crescia impulsionada pela prosperidade das fazendas de café na região norte do Paraná. “Foi uma alavancagem na carreira dele”, relata Eduardo. A rodoviária, com sua fachada de vidro, funcionava como vitrine de Londrina aos recém-chegados.

 

O presidente do CAU/PR, Milton Zanelatto Gonçalves, salienta que na ocasião da construção da Rodoviária, a expansão econômica de Londrina e do Norte do Paraná atraía migrantes de todo o Brasil, que atravessavam estradas empoeiradas dispostos a desbravar uma terra que lhes prometia riquezas. “Desta maneira, o local passou a representar o momento da chegada, uma espécie de portal do Norte do Paraná. Os desbravadores que chegavam eram recebidos por um belo exemplar da Arquitetura Moderna brasileira”, frisa Milton.

 

 

Na avaliação do presidente do CAU/PR, “para as arquitetas e arquitetos, o tombamento da Rodoviária de Artigas significa o reconhecimento de uma obra magistral. Para o Brasil, representa o reconhecimento de um período épico da história nacional, o momento em que uma terra agreste se fez civilização!”, finaliza Milton Zanelatto.

 

Representante do IAB no Conselho Consultivo do Iphan, o arquiteto Nivaldo Andrade destaca que o tombamento da Antiga Rodoviária ajuda a colocar Vilanova Artigas no lugar que ele merece no Patrimônio Cultural Brasileiro, junto a Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi, entre outros. “Ele é o grande representante da Escola Paulista de Arquitetura”, afirma. “Que outras obras de Artigas venham a ser tombadas, como a própria Faculdade de Arquitetura e Urbanismo USP”, afirma Nivaldo.

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