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CAU/BR, a convite do RIBA, discute retrofit no Global Architecture Exchanges

O CAU/BR, representado pela arquiteta e urbanista Cláudia Amorim, abriu o debate da segunda sessão do Tópico 1- Arquitetura Circular (retrofit), do Global Architecture Exchanges, realizado dia 28. O evento, promovido pelo Royal Institute of British Architects (RIBA), é uma série de palestras com arquitetos e urbanistas e institutos de arquitetos de diversos países e nesta etapa discutiu como esses profissionais estão respondendo ao retrofit.

 

 

 

Com mediação da diretora internacional da RIBA, Azlina Bulner, a palestra online discutiu a importância da melhoria de instalações e edificações existentes na busca de sua atualização e modernização, com o propósito de corrigir problemas e tornar esses espaços mais seguros, confortáveis e, principalmente, sustentáveis.

 

 

Cláudia Amorim apresentou dados sobre a construção civil no Brasil, em especial de edifícios, destacando registros do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS 2013), que apontam que o retrofit não é uma ação frequente no Brasil. Esse quadro, segundo informações do CBCS, se deve a motivos como o baixo retorno, se comparado à construção de novos edifícios; à inexistência de legislação específica sobre o setor; à falta de distinção clara entre reforma e retrofit, bem como de cultura nacional sobre a preservação dos edifícios já construídos.

 

 

 

 

 

 

Para a arquiteta e urbanista, o retrofit no Brasil deve ser adotado como uma solução sustentável, utilizando a infraestrutura existente nas grandes cidades. Nessas regiões, ela avalia que esse processo pode ser uma solução para suprir o déficit habitacional ou a necessidade de áreas de trabalho.

 

 

Sobre o futuro do retrofit no Brasil, Cláudia Amorim propôs a adoção de padrões de eficiência energética; apostar na formação de arquitetos e engenheiros nesse setor e integrar diferentes atores e stakeholders (arquitetos, engenheiros, gestores de edifícios, usuários, investidores e governo) na disseminação da cultura do retrofit.

 

 

Em sua palestra, Cláudia Amorim ressaltou que as principais intervenções realizadas no Brasil estão relacionadas aos retrofits energéticos, mas que ainda são limitadas. Um dos exemplos citados por ela foi a reforma realizada em 2012, no Ministério da Energia, em Brasília, um edifício construído na década de 60 e projetado por Oscar Niemeyer, que adquiriu iluminação eficiente; automação (níveis de iluminação mais altos – novo padrão); sistema eficiente de ar-condicionado e painéis fotovoltaicos no telhado (5% da demanda de energia) gerando uma economia total de energia de 14%.

 

 

Cláudia Amorim revelou, ainda, dados da CB Richard Ellis, de que o centro da cidade do Rio de Janeiro tem 450.000 m² de prédios retrofit e deve receber mais 60.000 m² de escritórios retrofitados. Já em São Paulo estão sendo reformados 38 escritórios (1,4%), entre prédios patrimoniais e não patrimoniais, numa área de 240.000 m² e que 87% desses processos começaram em 2010. (Fontes: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,escritorio-no-centro-do-rio-so-e-possivel-reformando-predio-imp-,801798. https://www.jll.com.br/pt/tendencias-insights/investidor/retrofits-agregam-tecnologia-modernidade-charme-edificios-históricos. Março 2019. Acesso em: 22/10/2020)

 

 

Ao citar outros exemplos de retrofit nacionais, Cláudia Amorim destacou o Edifício Martinelli, construído na década de 1930, e requalificado pelo arquiteto e urbanista Paulo Lisboa. Considerado o primeiro arranha-céu da América Latina, o edifício Martinelli, tombado pelo Patrimônio Histórico, teve suas fachadas preservadas, os espaços integrados e passou por alterações no sistema de ar-condicionado gerando mais eficiência. No Rio de Janeiro, o Edifício Glória, construído em 1940 e retrofitado pelo arquiteto Maurício Prochnick (Arquitetura Art Déco), foi atualizado com certificação Leed Gold adaptada: questões de energia, materiais reciclados, entre outros. Todas as mudanças foram realizadas respeitando a história e o estilo do Glória.

 

 

Para o arquiteto Robin Snell, representante do Instituto Real de Arquitetos Britânicos, que participou da palestra, um dos valores do retrofit que precisa ser considerado é a capacidade de tornar o verde atraente aliando-o a renovação dos edifícios. A arquiteta Jean Carron, representante do Instituto Americano de Arquitetos, e que atua mais nos setores educacional e governamental, com foco nos edifícios existentes, destacou a necessidade de se trabalhar nessas construções formas que gerem a redução do consumo de energia, de material e a sustentabilidade.

 

 

O debate contou também com a participação dos arquitetos Niall McCullough e Valerie Mulvin do Instituto Real dos Arquitetos da Irlanda, que ressaltaram a necessidade de se restaurar a arqueologia do edifício e a natureza dos seus espaços.

 

 

As palestras do Global Architecture Exchanges acontecem também nos dias 17 de novembro, com o tema “A relação entre a Arquitetura e Cultura – perspectiva mundial”, e 10 de dezembro: “Como o projeto atenderá à geração esquecida (os idosos) pós-Covid”.

 

 

Mais informações em RIBA

 

 

 

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