Um projeto de escola em tempo integral, com formação profissional, para beneficiar crianças da Vila Emater, Cruz das Almas e Jacarecica, desenvolvido pelo arquiteto alagoano Rafael dos Santos foi o único do Brasil a ser premiado no último dia 11, no Prêmio TIL, realizado pela Universidade de Morón, na Argentina durante a XV Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires.
Ao todo, foram mais de 400 projetos de conclusão de curso, de ex-estudantes do mundo inteiro, todos eles com cunho social. O primeiro lugar ficou com um grupo de quatro profissionais da Argentina, que apresentaram um projeto de Centro Cultural para uma área degradada. O segundo lugar ficou com um trio da Colômbia, com um projeto de casa rural, construída com bambu e madeira. Rafael foi o único premiado individual e com seu projeto de escola ganhou materiais da Bosch.
Até chegar ao prêmio, o alagoano participou de três etapas. Na primeira, ele precisou enviar o produto descritivo para que fosse analisado se ele enquadrava no perfil do evento, que era a linha de projetos sociais. Na segunda, ele precisou enviar três pranchetas de 70 x 50 com todos os detalhes do seu projeto. Sendo aprovado, a terceira etapa exigia o desenvolvimento de um vídeo de quatro minutos apresentando um passeio virtual pela escola, imagens do local para onde ele foi pensando e defendendo a ideia do projeto.
“Meu projeto foi inspirado em uma escola que conheci em Caruaru, que já obteve a maior nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A minha ideia foi propor uma escola onde as crianças gostassem de ir, onde elas tivessem lazer, educação e aprendessem uma profissão. E foi isso que eu vi durante a minha pesquisa: alunos que diziam gostar de ir até a escola, que às vezes passavam no vestibular e que voltavam para lá para ajudar outras crianças. Acredito que a arquitetura tem muito disso, de propor soluções para a vida das pessoas”, explicou o profissional.
Em Alagoas, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU/AL), lançou recentemente o “Prêmio de Excelência em Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo”, que tem como objetivo estimular e difundir a prática da projetação nos Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo no Estado de Alagoas.
“Na Argentina esse prêmio começou pequeno e aos poucos foi ganhando destaque. Nem acredito ainda que eu subi ao palco e fui aplaudido pelos profissionais nos quais eu me espelho. Eu espero que aqui em Maceió seja assim também e que as pessoas tragam para o prêmio trabalhos que sejam voltados para a comunidade, projetos sustentáveis. Eu tenho isso na minha mente: estudei em escola pública, paga com dinheiro público, então preciso retribuir para a sociedade de alguma forma. Acredito que tem que ser assim e busquei fazer a minha parte”, destacou Rafael.
Em Alagoas, a premiação acontecerá no dia 15 de dezembro e as inscrições deverão ser feitas no período de 19 de outubro de 2015 a 30 de outubro de 2015, das 13h00 às 19h00, diretamente na sede do CAU/AL. Os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo de escolas públicas e privadas de Alagoas podem participar da ação, desde que tenham seus trabalhos de conclusão apresentados e aprovados no período de 01 de julho de 2014 a 01 de outubro de 2015.
De acordo com Tânia Gusmão, presidente do CAU/AL, o prêmio é novidade no Brasil e busca destacar aspectos inovadores e de excelência em sua elaboração. “Ver um profissional alagoano entre os melhores do mundo é muito gratificante. É preciso estimular os estudantes e até mesmo os profissionais e por isso resolvemos desenvolver o nosso prêmio. Nós somos o primeiro CAU do Brasil a lançar um prêmio voltado para os novos profissionais. Estamos confiantes de que será um sucesso”, destaca.
As inscrições serão gratuitas e deverão ser feitas pelo próprio aluno ou pelo orientador do trabalho, respeitando as regras estipuladas no edital. “Deverão ser inscritos trabalhos de conclusão de curso cujo escopo seja projeto arquitetônico, urbanístico ou paisagístico. Para este ano, devem participar alunos da Ufal – Campus Maceió e Arapiraca – e Cesmac”, reforça Ricardo Victor Rodrigues, coordenador adjunto da Comissão de Ensino e Formação (CEF).
“Eu pensei que jamais seria arquiteto. Eu sentia dificuldade com os cálculos. Eu fiz Turismo, eu fiz outras coisas, mas depois de um tempo eu vi que esse era meu sonho e que eu precisava ir atrás dele. E eu lutei, estudei muito. Tive a oportunidade de fazer intercâmbio no México e cursar dois períodos da faculdade lá e lá eu aprendi muito sobre essa arquitetura que é pensada para todos. Fico feliz por não ter desistido e orgulhoso em saber que cheguei até aqui”, finaliza o arquiteto.
Publicado em 17/09/2015. Fonte: CAU/AL.