A experiência da prática profissional dos arquitetos e urbanistas pelo mundo demonstra a importância desse profissional em mudanças que têm ajudado a melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Na quarta-feira, dia 29 de maio, os participantes do Seminário Internacional Qualidade de Ensino e Mobilidade Profissional, realizado pelo CAU/SP, na capital paulista, puderam conhecer melhor experiências de sucesso e analisar a perspectiva de novas oportunidades para a profissão.
O exemplo da Coréia do Sul é significativo para um panorama futuro da Arquitetura e Urbanismo. Han Young Keun, vice-presidente do Instituto Coreano de Arquitetos, contou que esse profissional tem papel de destaque na administração pública e trabalha direto com o prefeito e vice-prefeito definindo as prioridades dos municípios. Em Seul, por exemplo, os centros comunitários transformaram-se em referência para a população como modernas unidades de serviços.
“Os centros eram decididos pelos municípios e as pessoas quase não utilizam os espaços. Com a participação da população, eles passaram a ter uma frequência muito maior”, revelou Keun.
As demandas por serviços de Arquitetura e Urbanismo também são sensíveis no continente africano. Segundo Victor Leonel, presidente da União dos Arquitetos da África (AUA), a região conta com uma população superior a 1,2 bilhão de habitantes, mas dispõe de um pouco mais de 70 mil arquitetos e urbanistas.
“A urbanização na África ainda não é intensa. As áreas periféricas e rurais quase não contam com esses profissionais e 80% dos projetos feitos pelos arquitetos africanos são para a habitação”, revelou Leonel.
Os fatores externos, com as mudanças climáticas, também estão impondo novos questionamentos para a profissão. “As cidades precisam ser mais sustentáveis e o desafio é administrá-las de uma maneira mais inteligente, com os poucos recursos que temos. Nós precisamos estimular os alunos a pensarem e eles podem descobrir o que é melhor para o seu próprio ambiente. Eles precisam ser atores da própria formação”, instigou José Luiz Cortês Delgado, ex-presidente da Federação de Colégios de Arquitetos da República Mexicana.
Para Delgado, a Arquitetura precisa ser vista com uma abordagem filosófica, para ajudar a sociedade a resolver as necessidades básicas.
O coordenador do Departamento Científico e do Conselho de Registro da Ordem dos Arquitetos de Angola, Vity Claude Nsalmbi, também defende uma maior integração profissional. Segundo ele, as pessoas precisam ser envolvidas no projeto, trazendo ganhos para ambos os lados. “A mobilidade profissional tem inúmeras possibilidades, mas não deve ser vista apenas para a exportação de projetos, mas também de relação com o parceiro local”, pontou Nsalmbi.
A cidade de Praga, na República Tcheca, é uma das principais referências das influências arquitetônicas das várias vertentes europeias, o que contribuiu para criar um ambiente propício para a profissão. Franceses, alemães, italianos, entre outros, contribuíram para a formação dos profissionais da República Tcheca. Desde 1707, o país conta com uma escola de Arquitetura, que surgiu a partir de uma escola militar. “A internacionalização é um fator frequente na nossa profissão”, ressaltou Valdimir Slapeta, arquiteto e urbanista da Universidade de Tecnologia de Brno.
Já a Arquitetura italiana, principalmente a área de design, tem conquistado novos mercados por ter se tornado referência mundial. Segundo Livio Sacchi, coordenador do departamento de Relações Exteriores Italiano, “é mais fácil vender o arquiteto italiano e mais difícil trabalhar com o arquiteto europeu”. “Por isso, decidimos começar um grupo de trabalho para fazer com que os arquitetos italianos se tornem internacionais”, revelou Sacchi. Por outro lado, o país começa a redução do número de estudante nas escolas de Arquitetura e Urbanismo, provocando inclusive o fechamento de algumas delas.
Os arquitetos e urbanistas brasileiros também têm um grande campo para atuação a ser conquistado. O ex-presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, ressaltou os resultados da pesquisa que aponta que apenas 15% das obras no país são produzidas por técnicos. “Temos um mercado a conquistar e temos contingente para isso”, pontuou o dirigente. Ele lembrou ainda dos novos desafios da profissão diante das necessidades sustentáveis, como reuso da água, reaproveitamento dos resíduos sólidos, entre outras questões. “São questões contemporâneas que requerem mudança na Arquitetura e Urbanismo”, disse Pinheiro.
De olho nas oportunidades para os profissionais brasileiros, o programa Built by Brazil, coordenado pela AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) tem procurado incrementar a atuação dos profissionais brasileiros no exterior, construindo um ambiente favorável ao desenvolvimento de uma cultura exportadora para os escritórios de Arquitetura e Urbanismo.
“O que temos feito é desenvolver estratégias por segmentos. Estima-se uma média de um ano e meio para alcançar os resultados, depois do primeiro contato”, explicou Pedro Coelho, gerente do programa Builty by Brazil.
Fonte: CAU/SP
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