Arquitetura e Urbanismo

Arquitetura alemã ajudou a desenvolver Santa Catarina, há cerca de 200 anos

Erguida em 1870 com o método europeu, a casa foi a primeira escola do bairro Itoupava Central. Hoje abriga um museu escolar e é mantida pela Fundação Cultural de Blumenau. | Imagem: Reprodução – CAU/SC

A imigração alemã no Brasil completa 200 anos nesta quinta-feira, 25/07. Em Santa Catarina (SC), a chegada dos primeiros imigrantes e a criação da primeira colônia, em São Pedro de Alcântara, ocorreu em 1829, influenciando a Arquitetura e Urbanismo e toda a formação do estado.

Os imigrantes foram motivados a vir para o país em uma iniciativa do governo da época, cujo objetivo era que as famílias ocupassem a terra e os homens servissem no exército. Em troca, o Brasil ofereceu benefícios para às famílias interessadas a morarem no Sul, como passagens, direito à cidadania, isenção de impostos e direito a posse de terras.

O primeiro grupo a chegar em território nacional participou diretamente das construções dos primeiros elementos urbanos, por meio de técnicas já conhecidas e com os materiais que tinham à disposição. Isso fez com que regiões do estado, como Blumenau e Pomerode, tivesse suas características próprias, que perduram até hoje.

A construção das cidades

Nas construções das casas, os imigrantes adotavam a técnica enxaimel. Conhecida até hoje como um método construtivo desse povo, ela era utilizada também ao redor do mundo, como no Japão. Em Santa Catarina, a antiga Colônia Blumenau é o local com o maior conjunto de edificações feitas com a técnica enxaimel fora da Alemanha.

No texto “Blumenau – do Stadtplatz ao Enxaimel”, escrito pela arquiteta Angelina Wittmann, o historiador Maurício Biscaia Veiga explica que “a técnica caracteriza-se pela construção de paredes formadas por uma estrutura com peças de madeira horizontais, verticais e inclinadas encaixadas umas nas outras, sem o uso de pregos; os espaços vazios entre as madeiras eram depois preenchidos, geralmente, de taipa”.

Construção de casas em Blumenau. | Imagem: Reprodução – CAU/SC

Uma das casas típicas em enxaimel é a Casa Strutz, construída em 1895. Oficialmente chamada Casa Hermann Jandre, que foi seu primeiro morador, ela foi desmontada e remontada na década de 1930, uma particularidade das casas feitas com o material, que permite a desmontagem e remontagem em outro lugar por causa da sua estrutura de madeira encaixada.

Pouco tempo depois, os imigrantes começaram a confeccionar as casas com tijolos e telhas. As paredes externas eram feitas de tijolos e deixados de modo aparente. Outra mudança foi a elevação das edificações criando uma dificuldade para a entrada de insetos, cobras e promovendo o isolamento contra a umidade do solo aumentando a vida útil das construções.

Atualmente, o enxaimel vem ganhando um espaço diferente no meio da arquitetura. A expressão “neoenxaimel” é utilizada para nomear algumas construções que lembram apenas visualmente as edificações construídas pelos alemães, já que elas não possuem a estrutura oficial. O assunto abre uma divergência entre estudiosos, arquitetos e moradores locais, que questionam se é correto ou não intitular essas edificações como enxaimel.

Casa Strutz, construída em 1895. Pomerode. | Imagem: Reprodução – CAU/SC

(Com informções de CAU/SC)

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