O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil lamenta o falecimento do arquiteto Ruy Ohtake, aos 83 anos de idade, na manhã deste 27 de novembro. Ele tinha um câncer de medula, mas a causa da morte não foi divulgada.
Um dos grandes ícones de sua geração, o arquiteto desenhou mais de 300 obras construídas no Brasil e no exterior, que tinham os mais diversos fins, desde prédios de serviço públicos, como escolas até residências, apartamentos, teatros e cinemas. São características marcantes de seus projetos o uso de cores e ondas nas fachadas e ousadas formas que lembram pedaços de melancia e carambolas.
“Formado nas aulas pela figura carismática de Vilanova Artigas (1915-1985), sentiu uma profunda atração pela obra de Oscar Niemeyer (1907), com quem estabeleceu uma ininterrupta relação de amizade a partir de 1958. O nexo com duas personalidades tão distintas o coloca em uma posição eqüidistante de modelos preestabelecidos, mediante o qual evita a habitual dependência do discípulo frente ao mestre. Deste modo, desde seus inícios profissionais toma decisões por si mesmo e assume as diversas influências internas e externas que moldam toda uma etapa de maturação de uma linguagem artística”. (Roberto Segre, “Ruy Ohtake, “Contemporaneidade da Arquitetura Brasileira”).
Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil, afirma que a notícia “representa uma perda para nós arquitetos, para a cultura brasileira e como amigo desde a escola. Na FAU-USP ele foi o meu escolhido para um trabalho sobre arquitetos paulistas. Ruy tinha uma perspectiva inovadora, formalista, que nem sempre era consensual no meio arquitetônico, porém do lado social sempre disposto a buscar com seu trabalho melhorar a vida dos cidadãos. Então é uma perda muito grande. O CAU Brasil lamenta mais esta perda no ano marcado também pelas mortes de Paulo Mendes da Rocha e Jaime Lerner”.
Em artigo-homenagem publicado no portal Vitruvius , a arquiteta e urbanista e crítica Ruth Verde Zein afirma que “quem trabalha com o que gosta jamais trabalha. E assim era Ruy Ohtake: um arquiteto workaholic, incessante, inquieto, sempre explorando outras possibilidades”. Clique aqui para ler artigo na íntegra.
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo em 28 de novembro, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da FAU-USP, disse que “além de projetar edifício icônicos, Ruy Ohtake foi um arquiteto com preocupações sociais e ambientais”. Como exemplo lembrou seu trabalho em parceria com a União dos Núcleos e Associações de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco (Unas) e o Parque Ecológico do Tietê.
Nota de pesar divulgada pela FNA lembra que para o Rauy Ohtake “o papel do arquiteto e urbanista é múltiplo ao atuar em Arquitetura Social”, como afirmou em palestra realizada em Brasília, no ano de 2019, promovida pelo Centro Cultural TCU com o apoio do CAU Brasil. Na ocasião, Ohtake destacou que “quando atua em programas sociais, o arquiteto tem que assumir duas atitudes: como técnico e como cidadão. É fundamental conversar com a comunidade, sentir o que os moradores pensam, não se fechar em um escritório para projetar de forma isolada”. Completa a nota da FNA: “O resultado disso é dar dignidade às pessoas da comunidade.” Saiba mais a respeito:
CAU/BR: Arquitetura Social: o mal entendido que levou Ruy Ohtake a Heliópolis