A Comissão de Política Profissional do CAU/BR está em São Paulo para desenvolver ações de estímulo ao mercado de habitação de interesse social. Os conselheiros federais estiveram na Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção (ABRAMAT) para discutir a possibilidade de um modelo inovador de logística, com menor custo, para materiais utilizados em ações de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social.
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O objetivo é criar uma rede de fornecedores e consumidores, facilitando a compra de materiais de construção por famílias com renda inferior a três salários mínimos e que estejam recebendo assistência técnica especializada de arquitetos e engenheiros. Uma iniciativa que estimularia essas famílias a promoverem obras com profissionais legalmente habilitados. Segundo a Abramat, cerca de 30% das vendas de materiais de construção são feitas por famílias de menor renda.
Do lado do empreendedorismo, o CAU/BR esteve no Programa Vivenda, um negócio social que promove reformas nas casas de família de baixa renda em São Paulo. A empresa oferece planejamento, material, mão de obra e financiamento. Essas reformas podem ser grátis, parcialmente subisiadidas ou pagas, dependendo da renda das famílias.

EMPREENDEDORISMO
O Brasil possui uma grande demanda por reformas em moradias. Trata-se de um mercado de R$ 32 bilhões, segundo pesquisa do Instituto DataPopular. Cerca de 11 milhões de moradias no país precisam de reformas, segundo estudo realizado em 2008 pela fundação João Pinheiro. Nas classes D e E, 82% das pessoas manifestaram vontade de realizar reformas em seu imóvel. Em todo o Brasil, grupos de arquitetos e urbanistas têm se dedicado a esse mercado, com bons resultados.
No ano passado, para entender melhor esse mercado, a Comissão de Política Profissional conheceu quatro iniciativas voltadas a habitação social: Projeto Vivenda, Inova Urbis, Habitat para Humanidade e Moradigna. O programa Vivenda, liderado pelo arquiteto Fernando Assad, por exemplo, é uma empresa start-up que vende serviços de Arquitetura e Urbanismo com preço médio de R$ 5.000 – incluindo aí planejamento, material, mão de obra e até mesmo parcelamento. A empresa existe desde 2014, e já realizou 417 reformas desde então. Ela oferece kits prontos, para sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço. No escritório localizado Jardim Ibirapuera, periferia de São Paulo, trabalham 15 arquitetos, pedreiros, ajudantes, estagiários e equipe de venda.
O negócio social Inova Urbis, por exemplo, inaugurou recentemente um escritório na favela de Paraisópolis, em São Paulo, que foi visitado pelos conselheiros do CAU/BR. Trata-se de um “Escritório Popular de Arquitetura”, que oferece gratuitamente aos moradores plantas baixas, projeto 3D e memorial de materiais. O trabalho dos arquitetos e urbanistas é remunerado por meio de patrocinadores. O projeto começou em 2014, na Favela da Rocinha (RJ), por iniciativa do administrador de empresas Alban Drouet. A Inova Urbis já realizou mais de 300 projetos de reformas nesse modelo.
Essas e outras iniciativas de empreendedorismo para arquitetos e urbanistas serão discutidas de forma mais detalhada no dia 5 de maio, durante o Seminário de Empreendedorismo e Novas Tecnologias em Arquitetura e Urbanismo, a ser realizado em São Paulo. Promovido pelo CAU/BR em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), o evento vai reunir diversas experiências de empreendedorismo e debater formas de ampliar o mercado de trabalho para arquitetos e urbanistas.
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