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Artigo: “Elas projetam da casa à cidade em que vivemos”

“A denominação da mulher como sexo frágil é tão antiquada e imprópria quanto a frase “lugar de mulher não é em obra”. Muito provavelmente a casa e a cidade em que vive foi projetada por uma mulher ou teve importante contribuição feminina. Afinal, as mulheres respondem por 63% dos 167.060 arquitetos e urbanistas do país. No estado do Rio de Janeiro, são 11.164 arquitetas e urbanistas ativas frente a um pouco mais de oito mil arquitetos.

 

Apesar de as mulheres terem participação significativa na elaboração de projetos –  de acordo com o Sistema de Informação e Comunicação do CAU, 55,7% dos Registros de Responsabilidade Técnica (RRts) emitidos por arquitetas e urbanistas são relacionados a elaboração de projeto -, elas pouco participam da execução e gestão de obras. A análise fria dos dados demonstra o quanto precisamos avançar ainda na profissão. O alcance da equidade de gênero profissional não é apenas algo justo, mas importante alavancador econômico. O estudo “Mulheres, Empresas e o Direito 2018”, elaborado pelo Banco Mundial, diz que se houvesse igualdade salarial entre homens e mulheres, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial seria 26% maior. No caso do Brasil, a equidade salarial resultaria em aumento de 3,3% no PIB, o equivalente a R$ 382 bilhões.

 

As mulheres demonstraram, em inúmeros projetos e obras, capacidade criativa, projetual e profissional. Impossível visitar o Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado pela ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, e não se encantar pela edificação, especialmente pelo vão-livre de mais de 70 metros, palco de importantes manifestações culturais e políticas. Pesquisa do coletivo Arquitetas Invisíveis lista 48 mulheres que se destacaram mundialmente pela excelência de seus trabalhos, são elas: Beverly Greene, Sophia Hayden Bennett, Charlotte Perriand, Lilly Reich, Odile Descq, Marianne Mckenna, Rosa Kliass, entre outras. O trabalho visa a promover a igualdade de gênero na arquitetura e urbanismo, através do reconhecimento e divulgação da vida e da obra de arquitetas desprestigiadas pela história.

 

No Rio de Janeiro, as mulheres estão presentes nos projetos e nas obras espalhadas por todo o estado. A presença feminina é notada em trabalhos de habitação, planejamento urbano, arquitetura comercial, mobilidade, arquitetura de interiores, paisagismo, iluminação, restauro, patrimônio, ensaios técnicos, perícias, saneamento, só para citar alguns segmentos. Jovens arquitetas e urbanistas demonstram também futuro brilhante pela frente, a exemplo das vencedoras do tradicional prêmio do IAB-RJ Arquiteto do Amanhã e do Prêmio Grandjean de Montigny, promovido pelo CAU/RJ: Adara Nataly, Juliana Nunes e Thaís Iendrick. A carioca Carla Juaçaba está com bastante evidência no exterior. Uma das obras que a evidenciou esse renome foi a Capela no Pavilhão da Santa Sé, na 16º Bienal de Arquitetura de Veneza. As mulheres do Arquitetas sem Fronteiras (MG) e Soluções Urbanas (RJ) despontaram também em recente competição internacional e são finalistas do Marielle Franco Community-Design Award.

 

A boa arquitetura não está representada apenas nos projetos icônicos ou de grande porte. Encontramos facilmente nos projetos do dia a dia, como no desenho de um espaço bem dimensionado, com boa ventilação e incidência de luz; na harmonização de uma construção com o conjunto de seu entorno, respeitando não só os códigos urbanísticos, mas os direitos dos cidadãos. Trata-se de um universo de atividades e de trabalhos que fazem parte das arquitetas e arquitetos e urbanistas e ajudam não só na realização de sonhos, mas consolidam o desenho das nossas cidades.

 

Demonstramos hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o reconhecimento do CAU/RJ a todas as mulheres, em especial as arquitetas e urbanistas, não só pelo seu dia, mas pela importante contribuição na construção de uma sociedade mais justa e democrática, com igualdade de oportunidades a todos. Não podemos deixar de reconhecer também a atuação das nossas servidoras. Elas são maioria no quadro de funcionários e têm papel indispensável para o avanço da atuação desta autarquia. 

 

A atual gestão acredita que é papel do Conselho contribuir no empoderamento da arquiteta e urbanista para que elas saibam que podem atuar em todas as etapas da profissão, do projeto à construção. A Comissão de Equidade de Gênero é muito importante nesse contexto. Reiteramos também o compromisso com a luta por igualdade de condições na atuação profissional. Parabéns, mulheres!”

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