A cerimônia que marcaria a premiação com o Leão de Ouro da Bienal de Veneza a Lina Bo Bardi, “em memória”, foi adiada pela mostra para o segundo semestre de 2021. A previsão inicial era para o dia 22 de maio, mas a Bienal decidiu separar as cerimônias referentes a Lina e ao outro premiado do ano, Rafael Moneo, arquiteto espanhol.
Com o Leão de Ouro, a criatividade e o talento da mais conhecida arquiteta brasileira, Lina Bo Bardi (1914-1992), serão reconhecidos mundialmente Segundo o curador do evento, o arquiteto libanês Hashim Sarkis, Lina representa melhor do que qualquer outra arquiteta o tema da Bienal de 2021, “Como viveremos juntos?”. E não para por aí.
Lina Bo Bardi também está sendo celebrada no Brasil com o lançamento de duas novas biografias: “Lina: Uma Biografia”, de Francesco Perrotta-Bosch; e “Lina Bo Bardi: O que Eu Queria Era Ter História”, de Zeuler Lima. Nascida em Roma e formada em Milão, a arquiteta veio ao Brasil em 1946 com seu marido, Pietro Maria Bardi, a convite do jornalista Assis Chateaubriand. E foi aqui que desenvolveu sua carreira com obras de relevância internacional, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Sesc Pompeia, a Casa de Vidro, o Solar Unhão e o Teatro Gregório de Mattos.
Mesmo sendo europeia, Lina se tornou uma das principais intérpretes do Brasil para os brasileiros e para o mundo. Não só na Arquitetura, mas também por meio do design de móveis e objetos, das aulas na Universidade Federal da Bahia, dos seus livros e da sua atuação política. Segundo Hashim Sarkis, é uma carreira que destaca o arquiteto como coordenador de visões coletivas. Lina será a terceira arquiteta brasileira a receber o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, depois de Oscar Niemeyer (1996) e Paulo Mendes da Rocha (2016).
Segundo Zeuler Lima, professor da Universidade de Washington, o reconhecimento internacional de Lina Bo Bardi veio só depois de sua morte, em 1992, principalmente pelo esvaziamento do “star system” na Arquitetura, em que se destacavam grandes arquitetos de nome global com obras gigantescas, mas que não serviam a interesses sociais e comunitários. Com a crise econômica de 2008, as pessoas saíram à procura de novas referências, que pudessem trazer uma nova crença na arquitetura. “Os anos do star system foram de um cinismo profundo, de negar questões sociais e de gênero. Quando eles vão a segundo plano, Lina emerge”, diz Zeuler.
Essa percepção fica clara na definição do curador da Bienal de Veneza. “É um exemplo de perseverança em tempos difíceis, sejam eles de guerra, conflito político, ou imigração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista em todos os momentos”, disse Hashim Sarkis.
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