No dia 07 de dezembro de 1987, a capital federal recebia o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Brasília foi a primeira cidade do século XX a receber o tombamento.
Para refletir sobre a preservação do conjunto urbanístico e arquitetônico da nova capital nesses 27 anos, o telejornal Bom Dia DF, da TV Globo, levou ao ar no dia 01/12/2014 uma reportagem especial sobre o assunto. Foram utilizados trechos de matérias feitas à época e de entrevistas com os arquitetos e urbanistas Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Em gravação feita no ano do tombamento, Costa atribuiu o pioneirismo da cidade à iniciativa e liberdade de criação concedidas pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek e por Israel Pinheiro, que coordenou a construção da capital. Já Niemeyer, em entrevista de 1997, reclama das alterações de gabarito feitas por especulação imobiliária e que desconfiguravam a ideia original de Brasília.
A matéria conta ainda com uma análise atual do arquiteto e urbanista Frederico Flósculo, professor da Universidade de Brasília (UnB),sobre os desrespeitos ao tombamento na região do Plano Piloto.
CLIQUE AQUI e assista à reportagem completa.
Publicado em 02/12/2014
5 respostas
Brasília é a capital perfeita para o país. É grande, desigual e com sérios problemas de infraestrutura.
É tempo de botar nossos urbanistas para pensar em como aprimorar e “atualizar” a Capital Federal, sem descaracterizar o projeto original. Se isso não for feito, logo o Plano Piloto se tornará uma ilha ocupada apenas por especuladores e ocupantes de cargos que recebem auxílio moradia.
Brasília é a cara do nosso país : uma vergonha sem tamano! Quem passa por aqui não consegue imaginar a quantidade de problemas que apresenta. Uma cidade modelo daquilo que não se deve planejar,pensada para os mais favorecidos.
Caríssimos colegas,
Muito oportuna e louvável a lembrança desse reconhecimento de Brasília pela Unesco, feito que tem sido motivo de júbilo para o urbanismo e a arquitetura brasileira, e também de empecilho para uma série de intervenções desastrosas na cidade, as quais temos a responsabilidade institucional de enfrentar. Em outras palavras, além do seu valor intrínseco, esse título tem nos amparado em muitas questões contenciosas e merece ser comemorado. Só peço aos colegas que façam uma pequena e inadiável correção: na verdade o dia em que o Comitê do Patrimônio Mundial homologou a inscrição foi 11 de dezembro de 1987, portanto 11 de dezembro é a data reconhecida e comemorada como da inscrição. E não 7 de dezembro, como os colegas marcaram.
Grato, Carlos Madson Reis, Superintendente do Iphan/DF
Às vezes é estranho ouvir certos colegas falarem que Brasília é uma vergonha e que é a cara do Brasil. Óbvio que a cidade e o país têm problemas, assim como o restante do mundo, não sei se em outro planeta ou galáctia, com outra raça que não a humana, as questões que enfrentamos na Terra já tenham sido resolvidas. Esses nossos colegas parecem comungar da ideia de existência do paraíso cristão, e aí querem sua concretude aqui e agora. Como assim pensavam os modernistas: arquitetura resolvendo problemas sociais, que ilusão!
Cada país, cidade ou lugar, meus caros, representa a sociedade que ali habita. Se queremos – e todas as pessoas de bem querem – um país diferente, mais justo, igualitário e belo, temos que construí-lo e isso exige exercitar a cidadania na sua mais plena tradução. Não é só cumprir os direitos políticos, mas trabalhar valores sociais e culturais e isso exige o esforço de gerações!!
Brasília é o que é: uma cidade com qualidades e defeitos como qualquer outra do planeta Terra, pois a sociedade humana é assim. A cidade não é pior ou melhor que qualquer outra. Óbvio que aqui, em boa parte dos seus espaços, temos uma paisagem urbana e arquitetônica de boa qualidade.
E aí, colegas, lembrem do conceito de Milton Santos: espaço não é paisagem – nós, arquitetos e urbanistas, não podemos confundir!
Me sinto bem em Brasília…
Não porque a cidade pareça estar à frente do resto do país em civilidade, respeito ao zoneamento urbano e sua paisagem.
Me sinto bem, só isso.
Me sinto bem ao andar, dirigir, fazer compras, respirar… isso já basta para fazer valer a inspiração de Lúcio Costa.
Não é a cidade quem segrega. Somos nós.
Quem joga parte da população mais pobre para os “Sobradinhos” e a classe média para as “Águas Claras” é o dinheiro, não a concepção urbanística. Essa já previa diversos extratos sociais vivendo ainda dentro das asas.
Resumindo: não precisamos ser socialmente míopes, abrir mão de convicções sociais, para valorizar um trabalho bem feito.