A requalificação do Centro de Belo Horizonte foi um dos assuntos mais abordados nos debates do evento “Construindo a Cidade de Amanhã”, promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU/MG), em parceria com a CasaCor Minas 2024, espaço que sediou o encontro. Cinco candidatos à prefeitura da capital mineira compareceram aos bate-papos, realizados nessa terça-feira (10/9).
O assunto veio à tona com a aprovação recente do Projeto de Lei do Retrofit pela Câmara de Vereadores da cidade. A iniciativa é considerada essencial para incentivar financeiramente e desburocratizar a requalificação dos prédios históricos de Belo Horizonte para que sejam reformados e readequados sem perder as características arquitetônicas originais. “O Centro tem que ser um espaço de moradia. Há imóveis abandonados, imóveis vazios, que poderiam ser utilizados não apenas para moradia popular, mas para empresas e startups”, afirmou Duda Salabert (PDT).
Luísa Barreto (Novo), candidata a vice-prefeita na chapa de Mauro Tramonte (Republicanos), defendeu o uso da lei para habitar o Centro. “Temos 150 edifícios abandonados ou cujas construções não foram concluídas no Centro de Belo Horizonte. Isso representa 10 mil moradias”, disse.
Transporte
O problema do transporte público da capital mineira também foi assunto no evento. “O contrato de concessão do transporte coletivo de Belo Horizonte tem que ser refeito imediatamente. Não dá para esperar o término dele em 2028”, disse o candidato Rogério Correia (PT).
“As pessoas precisam morar mais próximas de onde trabalham. Isso não quer dizer mobilidade física, mas inteligência na conexão”, argumentou Gabriel Azevedo (MDB). Já Bruno Engler (PL) prometeu cobrar a implementação do metrô na cidade. “O metrô de BH virou uma espécie de ‘Papai Noel’ das campanhas eleitorais — surge em toda campanha eleitoral e, depois, some. Tive a oportunidade de acompanhar o processo, de conversar com os atores responsáveis e posso afirmar com tranquilidade que o metrô vai sair”.
Saldo do evento foi ‘acima do esperado’
A presidente do CAU/MG, Cecília Fraga, que mediou os bate-papos, disse que o saldo dos encontros foi “acima do esperado”. Ela propôs aos candidatos participantes uma maior participação de arquitetos e urbanistas dentro das prefeituras. “Acho que é o profissional ideal. Soma muito no plano diretor, nas políticas habitacionais, em várias frentes de atuação do município”, afirmou.
Celícila também ressaltou a relevância de conscientizar a população sobre o papel do arquiteto e urbanista. “É importante que a gente informe à sociedade em geral da importância da boa arquitetura e urbanismo, da importância da formação das cidades, da revisão dos planos diretores — isso tudo que nós, arquitetos e urbanistas, somos qualificados para fazer. Acho que abrir as portas do CAU/MG é fundamental para que esses candidatos, esses políticos atuantes, possam contar com todo o nosso conhecimento técnico”, disse.
A conselheira do CAU/BR por Minas Gerais, Fernanda Basques, elogiou o evento. “Uma iniciativa muito interessante do CAU/MG de convidar todos os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte para virem aqui falar sobre pautas que nos são caras, como a questão da mobilidade, a questão da resiliência climática, a questão do planejamento urbano, da simplificação, de processos de licenciamento — interesses tanto da cidade quanto dos arquitetos e urbanistas”.
João Grillo, realizador da CasaCor Minas 2024, que participou de todos os debates, ressaltou a importância do espaço para reunir a comunidade de arquitetura e urbanismo. “Sou arquiteto e urbanista, então nós temos essa visão da importância dessa oportunidade de usar a CasaCor Minas em benefício da cidade”.
Por Emerson Fonseca Fraga, jornalista do CAU/BR