O Conselheiro Federal pelo Rio de Janeiro, Carlos Fernando Andrade, lançou na segunda-feira, 08 de julho, o livro “Vazou – Crônicas do urbanismo carioca”, na Livraria da Travessa de Botafogo. Publicada pela Editora Outras Letras, a obra reúne 42 crônicas que saíram, originalmente, na página de Opinião do Jornal do Brasil em 2018.
O título faz alusão à publicação pela imprensa de informações ocultas, mas também guarda relação semântica com os vazios urbanos e o esvaziamento do Rio de Janeiro. A ideia de escrever para o JB surgiu, justamente, a partir de uma tese, nunca publicada do Conselheiro, de que a cidade se retraía, embora estivesse no auge de sua fama, com a realização dos megaeventos esportivos. Com ironia e bom humor, o autor trata de um “Rio que já foi, um Rio que poderia ter sido, um Rio que dificilmente será”, sempre dentro do contexto histórico, divididos em quatro grupos intitulados: Gentes e lugares, Incêndios e outras tragédias, Retrações e Vale tudo.
Entre as crônicas selecionadas no livro, Carlos Fernando destaca a intitulada “O tempo”, que descreve uma entre as tantas contradições da cidade: a fachada da então Livraria Cultura, no Centro do Rio, antigo prédio do Cine Vitória, em que as palavras Cultura e Vitória se opõem ao conjunto de moradores de rua na calçada em frente.
A visão de Carlos Fernando para o futuro do Rio não é muito otimista. “Para acabar com o esvaziamento é preciso acreditar que ele existe. Os planos para a cidade sempre foram pensados de forma a criar mais vazios. É o caso da esplanada de Santo Antônio. Com o 2º Plano Nacional de Desenvolvimento, Geisel reforça a ideia de um novo centro do Rio de Janeiro, na área onde está a Catedral Metropolitana, a Petrobras e o BNDES, mas, a esta altura, o Rio já tinha deixado de ser a capital. Depois há a expansão para a Barra da Tijuca, com esta mesma lógica”, afirmou o Conselheiro.
Além de Conselheiro Federal, Carlos Fernando Andrade comanda um escritório de projetos urbanos e preservação arquitetônica, a Urbanacon. É mestre e doutor em Urbanismo, pelo Programa Prourb, da FAU-UFRJ. Foi presidente do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Subsecretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico e Superintendente Regional do IPHAN, onde se despediu da carreira pública.
Fonte: CAU/RJ