Por Kenneth Frampton
Caros Ana Tostões (presidente do Docomomo lnternacional) e Renato Gama-Rosa Costa (presidente do Docomomo Brasil),
É difícil imaginar qualquer evento neoliberal mais bárbaro do que a decisão peremptória de leiloar o Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Espero que juntos e separadamente vocês sejam capazes de tornar esta carta de protesto o mais conhecida possível, em um esforço para contribuir para o nível de indignação pública que tal barbárie necessariamente requer.
Este edifício, datado de 1936, não é apenas uma das obras públicas mais significativas realizadas pelo jovem Movimento Moderno Brasileiro sob a liderança de Lúcio Costa, mas também viria a ser associado, tanto por sua intenção programática como por seu projeto arquitetônico, com uma modernização democrática da sociedade brasileira. Embora o Ministério possa ter se mudado há muito tempo para Brasília, o edifício ainda permanece como um símbolo nacional do bem-estar da sociedade como um todo, tanto dentro quanto fora do Brasil.
Com seus significativos e comoventes murais de azulejos, de Cândido Portinari, seu brise-soleil ajustável altamente inovador e seu jardim na cobertura, de Roberto Burle Marx, o Palácio Capanema continua sendo uma obra sintética do mais alto calibre cultural e, como tal, deve permanecer sob tutela do poder público para sempre. Espero que o governo federal reconsidere sua decisão injustificável e violenta de vender o prédio à iniciativa privada.
Com os melhores cumprimentos,
Kenneth Frampton
Sobre o autor
Kenneth Frampton é professor emérito de arquitetura, the Graduate School of Planning, Preservation & Architecture, Columbia University.
Fonte: Vitruvius
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