O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), por meio da Comissão Especial de Políticas Afirmativas (CPA), lançou os Cadernos de Políticas Afirmativas da instituição, durante o 4º Seminário Mulher, Cidade e Arquitetura. O evento ocorreu nesta quarta-feira (31/7), na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB).
Em conjunto, os cadernos possuem 119 páginas que abordam eixos temáticos que desenvolvem as políticas afirmativas, como Práticas Geradoras de Equidade no Cotidiano; Política e Conselho; Ensino, Formação e Historiografia; e Prática Profissional com Equidade.
O objetivo é compilar estratégias desenvolvidas para a valorização e pluralidade da prática profissional, a partir de políticas para superação de desigualdades ou na atuação profissional crítica com enfoque na diversidade social brasileira.
De acordo com a presidente do CAU/BR, Patrícia Sarquis Herden, a estruturação das políticas afirmativas no Conselho, após mais de 10 anos de sua criação, representa o amadurecimento do CAU/BR quanto às questões e se caracteriza como base da instituição. “Foi uma construção coletiva e, com o lançamento dos cadernos, concluímos uma parte da caminhada que contou com muitos autores”, afirma.
Segundo a conselheira federal Josemée Gomes de Lima, que é coordenadora da CPA – CAU/BR, é importante que a instituição continue ampliando o debate acerca do assunto com a sociedade, como fez na UnB. “O CAU tem o compromisso de manter e ampliar a discussão sobre as políticas necessárias que garantam a equidade e inclusão para todas as pessoas, visto que nossa missão é promover a arquitetura e urbanismo para todos”.
A professora de Arquitetura e Urbanismo, Maribel Fuentes, ressaltou a relevância da parceria entre o CAU/BR e a UnB para garantir institucionalização dessas políticas nas cidades do país. “É preciso instrumentar os profissionais de arquitetura em um novo vocabulário, olhar e diálogo. Isso promove o reconhecimento das arquitetas e retira a invisibilização que ocorre na área”.
As obras são resultado de articulações de conselheiras, empregadas e convidadas que atuaram no âmbito da CPA e das comissões temporárias do CAU/BR, debatendo temas como raça, diversidade e políticas de equidade de gênero.
Para a ex-coordenadora da Comissão que acompanhou o desenvolvimento das publicações, Camila Leal, é fundamental que a autarquia federal continue debatendo o assunto junto aos CAU/UFs, devido a diversidade de perfis presentes nas instituições. “Em um CAU pequeno, por mais que tenha vontade de implementar pautas importantes, é difícil dar prosseguimento. Então é fundamental esse papel do CAU/BR de ser um grande orquestrador do tema”.
Além do corpo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, o lançamento ainda contou com o representante do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Raul Paiva; do coordenador de Participação Social e Diversidade do Ministério da Igualdade Racial, Wdson de Oliveira; da assessora técnica da secretária nacional de periferias do Ministério das Cidades, Luana Alves; e a representante da vice-presidente da Comissão de Responsabilidade Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Daniele Ramos.
Os Cadernos
Apresentando ações para ampliar a participação política de grupos marginalizados socialmente, o Caderno 1: Política e Conselho busca estimular a participação de mulheres em diversos espaços de formulação política, além de criar uma plataforma de boas práticas para a promoção da equidade de gênero, junto aos CAU/UFs.
No Caderno 2: Ensino, Formação e Historiografia, o CAU/BR aponta a necessidade de repensar o ensino de Arquitetura e Urbanismo a partir de processos de formação que abarquem a diversidade social e cultural brasileira, adotando práticas pedagógicas baseadas em grupos subalternizados como mulheres, indígenas, população negra e com deficiência.
A mudança é essencial para habitar os espaços de forma mais saudável, igualitária e justa, visto que “ainda hoje as referências teóricas nos ambientes acadêmicos são europeias e estadunidenses. Essa forma prévia de pensar resulta em uma construção de conhecimento desconectada da realidade social e cultural brasileira”, conforme a publicação.
Para além da necessidade de adoção de novas práticas pedagógicas, o Caderno 3 reforça também a importância da promoção de práticas profissionais com equidade, como forma de combate a violências. Por meio de conscientizações sobre diversidade racial, social e religiosa, campanhas contra o assédio moral, políticas de integridade e códigos de conduta, as ações são capazes de promover a inclusão e o reconhecimento profissional de mulheres, de pessoas negras e da comunidade LGBTQIAPN+.
Por sua vez, o Caderno 4: Práticas geradoras de equidade no cotidiano apresenta políticas da arquitetura e urbanismo capazes de promover equidade no acesso à cidade, como a acessibilidade universal, planejamento de espaços públicos inclusivos e o incentivo a habitação saudável.
A publicação ressalta a importância desse conjunto de ações para a segurança pública, especialmente no cuidado com mulheres e minorias, por meio do planejamento de espaços com iluminação adequada e design que evite pontos cegos.
Saiba mais
Acesse a íntegra da cerimônia de lançamento dos Cadernos de Políticas Afirmativas da CPA – CAU/BR.