A abertura do 7º Simpósio Científico ICOMOS em Ouro Preto marca os 60 anos da Carta de Veneza e propõe novas reflexões sobre a preservação do patrimônio. Com patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e presença da conselheira federal Graciete Guerra da Costa, que representou a presidente do CAU/BR, Patrícia Sarquis Herden, e da coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental (CPUA-CAU/BR), Carla Tames, a cerimônia destacou a relevância de revisar o documento em um contexto de crise climática, desastres e conflitos globais.
Criada em 1964, a Carta de Veneza estabeleceu as bases para a conservação do patrimônio cultural, mas os novos desafios contemporâneos exigem uma análise crítica do documento. Até sexta-feira (15/11/2024), o simpósio vai explorar cinco temas principais e revisitar a Carta, apontando suas origens eurocêntricas e buscando uma releitura que reflita as evoluções das últimas décadas.
Um dos pontos centrais do evento é o diálogo entre a Carta de Veneza e outras convenções internacionais, como a Convenção de Haia de 1954 e a Convenção do Patrimônio Mundial de 1972, além de diretrizes mais recentes, como o Documento de Nara sobre Autenticidade (1994) e a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003). As discussões também incluem perspectivas do Sul Global, destacando a importância de uma abordagem mais inclusiva e diversa na preservação cultural.
Para o ICOMOS, é essencial que a Carta dialogue com as necessidades atuais, incluindo temas como urbanização, desigualdade social e impactos ambientais. O evento se alinha com o novo Plano Científico Trienal do ICOMOS, “Patrimônio Resiliente a Desastres e Conflitos: Preparação, Resposta e Recuperação”, e enfatiza a urgência de uma preservação adaptativa e consciente dos desafios do século XXI.
Na abertura, a coordenadora da Câmara Temática de Patrimônio: Do Histórico-Cultural ao Ambiental do CAU/BR), Graciete Guerra da Costa, reforçou a honra do CAU em patrocinar o ICOMOS 2024. Lembrou que CAU/BR tem uma função social muito importante. “Tivemos a maior seca do Rio Negro, no Amazonas, em 2022, e enchentes no Rio Grande do Sul em 2024”, disse, destacando que os arquitetos e urbanistas brasileiros estão preparados para apoiar o país no enfrentamento dessas crises climáticas.
Também presentes à mesa da solenidade de abertura, além da conselheira federal Graciete Guerra da Costa:
* Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Antônio Grass Peixoto
* Presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), João Paulo Martins
* Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas José de Oliveira, representando o governador do Estado, Romeu Zema
* Prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo de Araújo Santos
* Presidente do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, Tereza Patrício
* Presidente do Conselho Consultivo do ICOMOS, Karine Davis
* Reitora da Universidade Federal de Ouro Preto, professora Cláudia Aparecida Marielle de Lima
* Pró-reitor de Cultura da Universidade Federal de Minas Gerais, Fernando Antônio Mencarelli
* Diretor-geral do Instituto Federal de Minas Gerais Campos Ouro Preto, professor Reginato Fernandes dos Santos
* Secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto, Flavio Lemes da Silva Malta
* Presidente do CAU/MG, Cecília Fraga
* Presidente do Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, professor doutor Flávio Carlasade
* Coordenador afro geral do Simpósio, vice-presidente do ICOMOS, Leonardo Castriota.
Durante o encontro Graciete Guerra da Costa também encontrou com o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do IPHAN, Andrey Schlee, fortalecendo Acordo de Cooperação Técnica do CAU/BR com o IPHAN.
Ouro Preto
A escolha de Ouro Preto, a primeira cidade do Brasil reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, como sede do evento reforça o simbolismo do simpósio. Além de sua riqueza histórica, a proximidade com áreas afetadas por desastres recentes confere relevância prática às discussões sobre resiliência patrimonial, trazendo um cenário inspirador para o debate sobre como a Carta de Veneza pode responder aos novos desafios da contemporaneidade.