Empresas da Construção Civil, arquitetos e urbanistas e representantes do governo federal estiveram reunidos em Brasília para debater a implantação da Metodologia BIM (Building Information Modeling, Modelagem da Informação da Construção, em português) no Brasil. Trata-se de um método de trabalho que reúne, por meio de ferramentas digitais, todas as informações que dizem respeito à construção de um edifício. O “Seminário BIM: Oportunidade para inovar a indústria da construção e aumentar a transparência das compras públicas”, realizado em Brasília pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Senai Nacional, trouxe o consultor estratégico libanês Bilal Succar, especialista em BIM.
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“Em primeiro lugar, é importante entender que BIM é a expressão atual da inovação nessa indústria. Se quisemos discutir transformação na indústria da construção, será inevitável falar de BIM, que é um passo obrigatório em direção à transformação digital, à modificação dos hábitos atuais em direção a um futuro melhor, com menos desperdícios, com maior produtividade e mais transparência”, disse Bill, destacando que o Brasil está progredindo na implantação da ferramenta. “Fizemos uma avaliação, dois ou três anos atrás, para capturar informações e descobrimos que o Brasil estava um pouco atrás da curva, quando comparado a outros países. Mas agora aqui, sem fazer avaliações, anos após esse estudo, podemos ver que várias das coisas que faltavam começaram a aparecer. O desenvolvimento de estratégias e as discussões, até mesmo de jovens pesquisadores, mudaram muito.”
O CAU/BR esteve presente no evento, representado pelos conselheiros federais Emerson do Nascimento (MA) e Fernando Márcio de Oliveira (SE), coordenador da Comissão de Relações Internacionais. “O BIM traz a possibilidade de o arquiteto voltar a ser o coordenador da obra, conquistando algo que já foi de fato de nossa categoria”, diz Nascimento, lembrando que construtoras e incorporadores do segmento privado estão à frente e já começaram a obter resultados consistentes. Para o conselheiro Fernando Marcio de Oliveira, “é importante para que o CAU/BR discuta com os profissionais a importância da implementação de novas tecnologias, que possam garantir obras mais bem executadas no prazo correto e com orçamentos precisos”. O seminário foi dividido em três painéis: Educação e Capacitação; Implementação na Indústria da Construção; e Oportunidades do BIM em Compras Públicas. Os painéis 1 e 2 podem ser assistidos aqui e o painel 3 está disponível aqui.
CASOS DE SUCESSO
No seminário, o empresário José Eugênio Souza de Bueno Gizzi apresentou a experiência da Itaúba Incorporações e Construções em obras de infraestrutura, utilizando os processos BIM. Segundo ele, um dos principais motivos que o levou a utilizar a modelagem BIM em sua empresa foi a questão do planejamento. Com o BIM, a empresa conseguiu entregar dois viadutos de 450 metros para a Copa do Mundo em 2014, em 10 meses, e ganhar dinheiro. Enfatizou, no entanto, os diferenciais para as empresas que estão utilizando o BIM, como ganhos com planejamento, orçamento e execução. “A maior parte dos meus contratos são com órgãos públicos. Imagine o meu contratante conseguir enxergar clara e inequivocamente o plano de ataque e o planejamento da obra, inclusive com os quantitativos de serviços. É um ganho excepcional para o governo e para qualquer contratante”, disse.
Já o diretor técnico da Sinco Engenharia, Paulo Sanchez, que iniciou a adoção BIM em 2011, demonstrou os benefícios obtidos com o planejamento, como o aumento da confiabilidade das informações, maior aderência ao custo orçado (inclusive redução de 3% a 5%), atendimento ao prazo, melhor coordenação das diferentes disciplinas do projeto, documentação mais confiável e mais consistente. Sanchez ressaltou a relevância da modelagem em sua empresa, que já resultou na entrega de vários empreendimentos não apenas dentro do prazo previsto mas até adiantados e sem desperdício de materiais e sem custo adicional.
BIM NAS LICITAÇÕES
No painel que abordou “Oportunidades do BIM em Compras Públicas”, foram apresentados casos de implantação do BIM em órgãos governamentais, como o da Estação Ponte Grande – linha 2 do Metrô de São Paulo, finalizado em 2015, que envolvia sete modelos BIM. De acordo com Ivo de Barros Mainardi Neto, do Metrô São Paulo, uma das organizações públicas mais avançadas no uso do BIM, a utilização de modelos inteligentes aumentou a qualidade dos projetos e das soluções construtivas, facilitando a coordenação das diversas disciplinas. “Com BIM a gente conseguiu entregar um projeto significativamente mais bem estruturado, coordenado e definido”, disse.
Rafael Fernandes Teixeira da Silva, da Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina, comentou a experiência do estado, pioneiro no uso do BIM. Segundo ele, Santa Catarina começou a pensar em BIM como uma potencial resposta aos problemas constatados nas obras, como atrasos nas entregas e erros nos projetos e especificações, que causaram custos adicionais na execução dos empreendimentos. “O estado erra muito na fase inicial dos empreendimentos, no levantamento de informações e na definição dos requisitos, entre outros”, mencionou. Ricardo Grisólia Esteves, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), comentou que, apesar das dificuldades observadas, a utilização do BIM pela FDE está valendo a pena. “Nossa visão é que o BIM será utilizado também na manutenção das escolas já construídas”.
Sobre a visão do governo na aplicação do BIM nos setores público e privado, o diretor do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e representante do CE-BIM, Nizar Lambert Raad, ressaltou a importância da aplicação dos processos BIM. “O BIM vai melhorar a qualidade das obras, reduzir desperdícios, dar mais transparência nas contas públicas, mais ênfase no planejamento, confiabilidade nas estimativas de custos e cumprimentos dos prazos, bem como menor incidência de erros e imprevistos tanto nas obras quanto na redução de aditivos”. Além disso, reforçou que a disseminação do BIM vem sendo tratada pelo Comitê Estratégico do BIM, que tem caráter deliberativo. O Governo Federal já comitê interministerial voltado para a adoção do BIM nas obras públicas, por meio de um projeto de lei.
Com informações da CBIC.