Um oásis de Arquitetura Moderna em meio à Floresta Amazônica. O campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), projetado pelo arquiteto modernista Severiano Porto (1930-2020), apresenta diversas soluções técnicas aplicadas ao ambiente natural dentro de uma área total de 660 hectares. Esses conceitos foram apresentados a arquitetos e urbanistas e gestores públicos de todo o Brasil numa visita técnica conduzida pelo professor Marcos Cereto.
Ele conduziu os representantes do CAU Brasil, dos CAU/UF e do IAB por alguns edifícios e estruturas do campus, incluindo o curso de Arquitetura Urbanismo e a sede do Núcleo de Arquitetura Moderna da Amazônia (NAMA), grupo que reúne pesquisadores, arquitetos e artistas de vários estados. Mostrou como Severiano Porto utilizou materiais e técnicas que se adequassem às condições ambientais da região amazônica.
Principal exemplo é o uso de “macrocoberturas”, onde uma estrutura de aço e telhas se sobrepõe à lage das salas de aula, proporcionando maior ventilação e controle de temperatura. “Cerca de 60% do calor de um ambiente vem da cobertura. Com esse sistema de macroberturas, o calor se dissipa antes de chegar aos alunos”, explicou Marcos.
Nessas macrocoberturas, existem ainda orifícios que puxam o ar quente para fora, potencializando o chamado “efeito-chaminé”. Outra vantagem das coberturas é permitir que as obras nas salas de aula possam acontecer durante todo o ano, independente do período de chuvas. Até mesmo a orientação dos edifícios e das passagens foi pensada para aproveitar os ventos naturais da região.
Marcos Cereto também apresentou o acervo de Severiano Porto que está sendo catalogado pelo NAMA. São projetos originais, livros, desenhos, fotos e textos inéditos que contam a história do pensamento do “arquiteto da Amazônia”. Além do projeto para a UFAM, o arquiteto e urbanista também foi responsável por outras obras marcantes na região, como a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e a Igreja Matriz de São Sebastião.
No final da visita técnica, os participantes passaram pela exposição “Arquitetura Resiliente da Amazônia, que foi apresentada originalmente na Bienal de Arquitetura de Seoul, na Coreia do Sul. A exposição traz obras que refletem uma arquitetura de pertencimento e afinidades com a Amazônia, aliada ao seu povo e à sua geografia. Uma arquitetura resiliente que valoriza a implantação do edifício no terreno , o uso correto de tecnologias considerando o equilíbrio climático e a redução da pegada de carbono, construindo junto com a floresta uma nova lógica de desenvolvimento.