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CAU Brasil participa de fórum internacional sobre o futuro das cidades

No dia 27 de julho o CAU BRASIL participou do segundo tópico da série de debates online intitulada ‘Global Architecture Exchanges’. Nesta etapa, o tema foi “O Futuro das Cidades – Revitalização e Redesenho das cidades pós-covid”. Este evento é promovido pelo Instituto Real de Arquitetos Britânicos (RIBA), com o apoio do CAU BRASIL e de entidades dos Estados Unidos (AIA), China (ASC), Austrália (AusIA), Holanda (BNA), Japão (JIA), Coréia (KIA), Nova Zelândia (NZIA) e Irlanda (RIAI).   

 

Através desse debate, buscou-se analisar como a pandemia alterou a forma como vivenciamos a cidade e a forma como vivemos, tornando as cidades quase obsoletas. A partir desse panorama, busca-se criar perspectivas de adaptação e revitalização das cidades frente a essas mudanças. 

 

Ana Claudia Duarte Cardoso representou o CAU Brasil nesse debate por ser conselheira da Comissão de Política Urbana e Ambiental (CPUA) do CAU-BR. Nascida em Belém, Ana Cardoso é agora professora da UFPA e possui trajetória profissional na área de planejamento urbano. Ela trabalhou no governo do Pará, é pesquisadora do CNPq desde 2010 e contribuiu no desenvolvimento de 15 planos diretores de municípios da Amazônia. Também contribuiu para diversos movimentos sociais e ONGs na assessoria de políticas urbanas eficientes. 

 

Ana Cardoso mencionou que nos últimos anos a sociobiodiversidade da região Amazônica foi gradualmente comprometida pelos interesses econômicos e pela visão de curto prazo. Destacou que o conflito entre urbanização e preservação da natureza é um fato contemporâneo, e que estudos arqueológicos desenvolvidos na região mostram que civilizações pré-colombianas manejavam a paisagem de modo sofisticado. Os registros da pesquisa realizada no Parque Nacional do Xingu pela equipe do arqueólogo Michael Heckenberger, mostram formas de organização espacial semelhantes àquelas pensados por Ebenezer Howard, as Cidades Jardins, concebidas para promover uma maior integração entre meio urbano e natureza.

 

Atualmente, o maior desafio na região é a degradação ambiental ocasionada pela produção de commodities, que também desterritorializa povos nativos e não investe nas cidades. Como a exportação de commodities segue a demanda internacional, cresce a tendência de homogeneização do espaço, e a produção de injustiças socioambientais dentro e fora das cidades.

 

Ana Cardoso, conselheira do CAU-BR, mostra as dificuldade enfrentadas atualmente no país devido à rápida degradação do meio ambiente.

 

 

As políticas públicas brasileiras não têm sido capazes de lidar com este problema, e as mudanças recentes nas leis federais tendem a dificultar ainda mais a conservação do bioma. Ana Cardoso usou os exemplos de duas áreas metropolitanas para mostrar a importância dos rios e das várzeas dentro e fora das cidades, e mostrar que a expansão urbana, pautada prioritariamente por interesses imobiliários, negligencia ciclos da natureza e contribui para a produção e ampliação do risco de alagamento, já que as mudanças climáticas intensificaram as chuvas.

 

Ana Cardoso finaliza sua fala sugerindo que a cidade do futuro da Amazônia brasileira deverá ser planejada de forma sensível à água e considerando as microbacias como unidades de planejamento, deverá regenerar a vegetação, manter a multifuncionalidade dos rios, e integrar a área de influência direta da cidade em um planejamento territorial capaz rearticular cidade e natureza. Neste contexto, diferentemente dos casos trazidos pelos outros expositores, antes de investir em alta tecnologia, é necessário focar em tecnologias sociais de modo a proteger a diversidade cultural, social e ambiental da região, para tornar as cidades inclusivas e capazes de apoiar a vida.

 

Também participaram do debate Bob Hannan, do Instituto Real de Arquitetos da Irlanda; Chris Williamson, do Instituto Real de Arquitetos Britânicos; Illya Azaroff, do Instituto Americano de Arquitetos (AIA); e Ton Venhoeven, do Instituto Real de Arquitetos Holandeses; 

 

Ton Venhoeven, do Instituto Real de Arquitetos Holandeses, mostra dados sobre as políticas públicas que estão sendo adotadas em seu país para reduzir os problemas de habitação

 

 

Entre os novos caminhos para as cidades pós-pandemia, destacaram-se os temas acerca da implementação de uma arquitetura e urbanismo mais resiliente e harmoniosa com a natureza. 

 

Na segunda parte do debate, estiveram presentes Dongwoo Yim, do Instituto Coreano de Arquitetos; Chris Williamson, do Instituto Real de Arquitetos Britânicos; Dr Natalie Allen, do Instituto de Arquitetos de Nova Zelândia; Ton Venhoeven, do Instituto Real de Arquitetos Holandeses; Bob Hannan, do Instituto Real de Arquitetos da Irlanda; e Arch. Xiao Wei, da Sociedade Arquitetônica da China. Nesta etapa, foram debatidos como as cidades atualmente se tornaram obsoletas, e formas de adaptá-las para dar uma melhor qualidade de vida à população e ao meio ao qual essas cidades estão inseridas. 

 

 

 

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