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CAU/CE promove 2° Ciclo de Debates Mulheres, Arquitetura e Cidade

Evento faz parte do calendário alusivo ao Dia Internacional da Mulher e teve transmissão ao vivo 

 

Público lotou o auditório da sede do INBEC para o evento

 

O CAU/CE abriu o mês do Dia Internacional das Mulheres com o 2° Ciclo de Debates Mulheres, Arquitetura e Cidade, no dia 4 de março. O evento foi promovido pelo Grupo de Trabalho sobre Representatividade da Mulher Arquiteta e Urbanista, ligado ao conselho cearense, e lotou o auditório da sede do Instituto Brasileiro de Educação Continuada (INBEC), em Fortaleza. Participaram das mesas a presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, as conselheiras federais Claudia Salles(CE) e Camila Costa (PB), a ouvidora Ana Laterza, e a professora  Ana Gabriela Godinho Lima.

 

A conselheira do CAU Brasil, Cláudia Salles, representante do Ceará

 

 

Na abertura, a representante do estado do Ceará no CAU Brasil, Cláudia Salles, destacou o avanço dos debates em torno da questão de gênero dentro do Conselho nos últimos anos. “É muito gratificante perceber que estas discussões avançaram de maneira interseccional para abranger mulheres pretas, indígenas, trans e travestis. Este debate é necessário e a gente não pode mais fugir dele no nosso conselho profissional”, afirmou. Para a conselheira, a falta de equidade entre homens e mulheres é um debate central porque impacta o exercício da profissão e em toda a sociedade. “Isso afeta a vida das mulheres, das arquitetas e a boa arquitetura, pois uma mulher que sofre assédio moral no seu exercício profissional como arquiteta tem barreiras para executar bons projetos pelo medo, insegurança e instabilidade emocional em que ela se encontra”, observou. 

 

Presidente Nadia Somekh

A primeira palestra, “Políticas afirmativas e valorização da Arquitetura e Urbanismo no Brasil”, mostrou a experiência da estruturação da política de equidade no CAU. A presidente Nadia Somekh iniciou o debate e falou sobre como o reconhecimento do trabalho das arquitetas, que representam 65% na profissão, impacta na valorização da profissão. Destacando a presença, na plateia, do ex-presidente do CAU Brasil, Luciano Guimarães, ela lembrou que foi na gestão 2018/2020 que o CAU Brasil deu seus primeiros passos rumo à construção da agenda de gênero. “Uma das marcas da gestão de Luciano foi a criação da comissão de gênero e a criação do Dia da Arquiteta e Urbanista, em 31 de julho”, recordou, agradecendo a contribuição do ex-conselheiro federal pelo estado do Ceará no avanço da pauta. 

 

A atual presidente defendeu a ampla participação e o diálogo como ferramentas para o avanço da equidade. “Não é fácil estar num posto de liderança usualmente masculino sendo mulher, mas a igualdade e a consciência se adquire com o processo de diálogo”, disse Nadia. 

 

A conselheira federal Camila Leal e a Ouvidora Ana Laterza

 

Funcionária de carreira, a arquiteta e urbanista Ana Laterza ocupa atualmente o cargo de Ouvidora do CAU Brasil e foi uma das incentivadoras do debate das ações afirmativas na autarquia federal. Ela fez um resgate da evolução da temática dentro do CAU. A partir da criação da Comissão Temporária de Equidade de Gênero (CTEG), em 2020, o CAU Brasil produziu dados quantitativos e qualitativos para constituir a sua Política de Equidade. No ano seguinte, em 2021, a Comissão Temporária de Raça, Equidade e Diversidade do CAU/BR (CTRED) ampliou a abordagem para considerar as realidades das/os arquitetas/os e urbanistas não brancas (pretas, indígenas) e LGBTQIA+. 

 

Entre os resultados do trabalho da nova comissão, estiveram a publicação da Carta pela Equidade no Cotidiano e no CAU, que contou com a adesão de dez CAU/UF (SP, AC, DF, MG, MS, PA, PR, RJ, PI, SE). “Com a carta, definimos as diretrizes do que o conselho precisa priorizar para consolidar essa política”, explicou a conselheira Camila Leal. Um dos principais desdobramentos do trabalho desenvolvido de forma transversal pela CTRED foi a instituição de cotas de representatividade nas eleições do CAU, medida que já vigorará no próximo processo eleitoral, ainda este ano.

 

Conselheira federal Camila Leal, representante do estado da Paraíba no CAU Brasil

 

Atualmente, as políticas e medidas para inclusão e equidade no âmbito do CAU Brasil pautam o trabalho da Comissão Temporária de Políticas de Ações Afirmativas que procura aprofundar o processo de inclusão e equidade. “O objetivo é consolidar este espaço para que o debate tenha longa duração”, afirmou Camila. “Todos os conselhos trazem essas pautas em comissões permanentes. Nós estamos atrasados neste debate”, completou Claudia Salles. 

 

AVANÇOS NA PESQUISA

 

A pesquisadora Ana Gabriela Godinho Lima

 

Na segunda palestra, “Questões contemporâneas sobre as mulheres na arquitetura”, a arquiteta e urbanista Ana Gabriela Godinho Lima falou sobre os estudos a respeito da presença das mulheres na arquitetura.  Arquiteta e Urbanista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1994), Ana Gabriela é mestre em Estruturas Ambientais Urbanas pelo Programa de Pós-Graduacão e doutora pela Faculdade de mesma universidade. Também é pós-Doutora pela School of Creative Arts da University of Hertfordshire, Inglaterra (2009). A professora relatou os entraves que encontrou para a pesquisa no início da carreira e apontou os avanços das produções na área na última década. “Estamos passando por um momento de transformação que eu não imaginava que fosse ver. Quando eu comecei a trabalhar com este assunto, em 1995, este tema era ridicularizado”, contou. 

 

Segundo Ana Godinho, a trajetória profissional da maioria das mulheres na arquitetura e urbanismo ocorre de maneira diferente dos homens, pois frequentemente acomoda os papéis de cuidado que exigem tempo e dedicação das mulheres, como a maternidade, por exemplo. A invisibilidade é outra característica comum do trabalho das arquitetas que atuam como adjuntas em projetos ou escritórios, por exemplo. E há ainda a contribuição subvalorizada das arquitetas para o desenvolvimento da profissão, a exemplo das entidades.

 

Nos últimos anos, a pesquisa de arquitetas e sobre a participação feminina na área ganhou escala. A pesquisadora mencionou as principais linhas de pesquisa neste campo e apontou exemplos de estudos desenvolvidos por alunas de arquitetura que frequentemente se dedicam a finalidades coletivas, como projetos de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, centros comunitários e ligados a movimentos sociais por moradia. Segundo a professora, muitas destas pesquisas consideram os saberes das mulheres não arquitetas, mas que também produzem e usufruem das cidades. “Temos visto muitas jovens arquitetas com vontade de que novas ideias nasçam. Nossa tarefa é ser este celeiro de novas ideias e garantir a elas o direito de sonhar e pensar em novas soluções”, afirmou Ana Godinho.

 

Segundo Ana Godinho, ao englobar as dimensões de raça e diversidade, a agenda política do feminismo atinge um objetivo central. “Precisamos da perspectiva interseccional para entender o Brasil e o que se passa aqui. Não se trata de uma reivindicação menor, mas maior, estrutural e essencial. Talvez, a coisa mais importante que precisa ser discutida, antes de qualquer outra”, afirmou.

 

O  2° Ciclo de Debates Mulheres, Arquitetura e Cidade também oportunizou a apresentação da “Pesquisa sobre as condições de exercício profissional em arquitetura e urbanismo no Ceará”. 

 

Assista ao vídeo da transmissão ao vivo pelo canal do CAU/SE no Youtube

 

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