“O cotidiano da cidade não desfruta da arquitetura exponencial exemplificada na nossa formação, como os projetos dos heróis Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi. Isso sempre foi um incômodo”, afirmou Pablo Hereñú na 23ª Aula Magna do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO), realizada em 11/9, no Teatro Unip.
A abertura foi realizada pela presidente do CAU/GO, Simon Buiate, e pela coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unip, Julia de Melo, que também é conselheira e coordenadora da Comissão de Ensino e Formação do Conselho.
Melo agradeceu a parceria entre a Unip e o CAU/GO e a presença dos conselheiros, professores e estudantes. “Estou muito feliz por ver este auditório lotado e ter a presença de todos vocês. O tema é de grande relevância, pois desperta o interesse na elaboração de projetos, participação em concursos de projetos e a valorização profissional. Espero que seja uma noite de aprendizado para todos”, disse.
Em seu discurso, Simone Buiate reafirmou a importância da aproximação dos estudantes com o Conselho. “Com a nossa vinda até vocês, queremos sinalizar que o caminho está aberto e que vocês são sempre muito bem-vindos ao Conselho. Tragam suas ideias e seu trabalho para o aprimoramento da atuação do CAU”, afirmou a presidente.
Na ocasião, o palestrante ressaltou que “a rua é o lugar do encontro”, ao abordar as ‘aberrações urbanas’ presentes na maioria das cidades, com ruas repletas de muros, grades e insegurança devido ao tipo de espaço urbano produzido em massa pelo mercado imobiliário.
De acordo com Hereñu, esse modelo de construção acaba sendo reproduzido em conjuntos habitacionais, produzindo edifícios sem produzirem cidade, com longos trechos com quarteirões cercados por alvenarias sem a possibilidade de vida, comércio e socialização nesses espaços públicos.
Para mostrar que é possível realizar habitação social de forma mais urbanizada e com mais qualidade de vida, o palestrante compartilhou o processo de elaboração do projeto do Conjunto Urbano Jardim Edith, onde foi realizada a inserção de equipamentos públicos associados aos edifícios habitacionais e a urbanização do perímetro entre o edifício e a calçada como forma de integrar esses espaços com a sociedade.
Destaque da apresentação, Pablo Hereñú também abordou os desafios de ‘construir no construído’, no projeto de restauração do Museu do Ipiranga, seguindo um roteiro espacial configurado e respeitando a pré-existência da construção, preservando a espacialidade do edifício mesmo atendendo ao conforto ambiental demandado pela contemporaneidade.
A abertura de novas entradas e a aplicação de uma janela panorâmica possibilitaram melhorias na de ventilação e iluminação natural e uma integração entre jardim e o espaço interno do museu. Além de atender às exigências do concurso de projetos como acessibilidade e segurança, o projeto também permitiu enxergar o edifício por novos ângulos e que fossem percorridos novos espaços que anteriormente não eram possíveis. Essas estratégias utilizadas no projeto resultaram em diversas premiações como os prêmios APCA 2022, IAB-SP 2022 e Monocle Design Awards 2023.
Ele ainda apresentou o trabalho realizado no Edifício Santa Adelaide (SP), nas Escolas Estaduais Vilanova III e IV (SP) e Nova Cumbica (SP) e no Conjunto Urbano Jardim Edith.
(Com informações de CAU/GO)