ACERVOS

CAU/RS recebe acervos dos arquitetos Armando Boni e Nestor Torelly

Foto: CAU/RS

O Centro de Memória do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) começou a abrigar neste mês, de forma oficial, o acervo do arquiteto e engenheiro Armando Boni (1886 – 1946), por meio de doação realizada pela família do profissional.

A assinatura do termo de doação aconteceu em 17 de julho, na sede do Conselho estadual, ocasião em que o Centro também recebeu a coleção fotográfica do arquiteto e estudioso da arquitetura brasileira Nestor Torelly.

O acervo Boni dispõe de expressivo volume documental, com documentos que revelam relíquias de projetos icônicos, como a Concha Acústica do antigo Auditório Araújo Vianna, o Cemitério São Miguel e Almas e o Palacinho, residência do vice-governador do Estado. A doação foi realizada ainda em 2023, por um grupo de familiares do arquiteto e engenheiro italiano.

Segundo a arquiteta Flávia Boni, a família tomou a atitude “por acreditar que o Centro de Memória tem a possibilidade de manter, divulgar e tornar pública a obra do nosso avô”, afirmou.

Projeto de Armando Boni para o Palacinho, residência oficial do vice-governador (Acervo do Centro de Memória do CAU/RS)

Após receber a documentação, a equipe do Centro realizou os encaminhamentos técnicos e burocráticos de acordo com os padrões museológicos e a Política de Gestão de Acervos. Supervisora do Centro, a museóloga Bárbara Hoch conta que a equipe realiza uma série de procedimentos para avaliação, seleção e identificação dos itens antes da assimilação pelo espaço de forma permanente. O resultado do trabalho foi a catalogação de 115 conjuntos e quase 2.000 itens documentais disponíveis para acesso público.

É por este processo que passará também a coleção fotográfica de Nestor Torelly, que conta com cerca de 1.700 itens, incluindo slides produzidos a partir de fotografias analógicas que registram a história arquitetônica da capital e do interior do estado entre os anos 1970 e 2000.

O vasto volume é produto de quase cinco décadas da atuação de Torelly como professor nas faculdades de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos e da PUC. O material foi utilizado para ilustrar as aulas da disciplina de Arquitetura Brasileira. Aposentado da docência, o arquiteto procurou o CAU/RS para garantir a preservação da documentação.

A coleção também conta com registros de exemplares que compõem a cronologia arquitetônica do período em diferentes regiões do país ao longo das décadas, mas a maior parte se refere à produção arquitetônica gaúcha. “Começamos por Porto Alegre e depois fizemos visitas de campo no interior do estado, onde a gente ia registrando o que tinha de interessante pra marcar as fases da arquitetura do RS”, conta o arquiteto, destacando que muitos dos exemplares já deixaram de existir com o processo de desenvolvimento urbanístico das cidades.

Imagem aérea do antigo Auditório Araújo Vianna, que teve a concha acústica projetada por Armando Boni (Acervo do Centro de Memória do CAU/RS)

“Eu não fotografava só prédios importantes do ponto de vista da volumetria, mas também pequenos exemplos de moradias coloniais, até as mais modestas, mas que eram características do período inicial da arquitetura”, ressaltou.

Para a diretora do Centro de Memória, Carline Luana Carazzo, que também é conselheira do CAU/RS, a incorporação dos acervos enriquece a coleção do espaço e demonstra a diversidade dos ramos de atuações na área de arquitetura e urbanismo. “A abertura desses acervos ao público, especialmente aos profissionais de arquitetura e urbanismo, propaga a história, a cultura e a arquitetura, promovendo um valioso acesso ao legado desses profissionais”, declarou.

O Centro

Criado oficialmente em 2021, o Centro de Memória do CAU/RS também abriga acervos dos arquitetos Theo Wiedersphan, João Monteiro Netto, João Gerardo Soeiro, Luiz Bertola, Ticiano Bettanin e Silvio Toigo. Estão disponíveis ainda no espaço projetos e desenhos técnicos de exemplares como a Casa de Cultura Mario Quintana (originalmente Hotel Majestic), do Edifício Ely e do prédio da Livraria do Globo.

É possível visitar o espaço físico do Centro mediante agendamento pelo e-mail [email protected]. Parte do acervo está disponível em formato digital no site oficial do CM.

(Com informações de CAU/RS)

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