Esta ação compreende a leitura do espaço urbano como construção coletiva, integrando a arquitetura e o urbanismo à educação como ferramenta potente na construção e manutenção da cidadania pelos sujeitos. Explora o caráter generalista do arquiteto educador e seu potencial transdisciplinar de dissolver as barreiras disciplinares nas universidades para integrar áreas do conhecimento e outros saberes em um “saber único e reconfigurado” sobre a leitura socioespacial da realidade, por meio de uma linguagem na forma de códigos geradores de processo. Esta decodificação na forma de parâmetros de projeto e planejamento pode contribuir na construção de futuros cenários e transformação dos territórios junto às comunidades onde se encontram as escolas.
A leitura do mundo em que vivem os educandos precede a leitura da palavra, na visão freiriana, o ato de ler esse mundo implica uma leitura dentro e fora dele mesmo. Implica na relação que esses têm com esse mundo. A leitura do espaço proporciona ao indivíduo uma autonomia, em muitos segmentos da sociedade, permite acesso à cultura geral, ao entretenimento, ao entendimento das leis e esta consciência faz com que esse mesmo indivíduo provoque uma reação positiva e proativa, gerando estímulos à leitura no meio em que vive. Por que não fortalecer também a leitura socioespacial para promover a alfabetização urbanística no ambiente das escolas, aliando a leitura do mundo e a leitura da palavra?
A escola – tanto o edifício como sua representatividade social – é um elo importante entre o saber técnico e o saber popular, entre a cidade e a comunidade que ali interage cotidianamente, para além dos muros que a separam do restante da cidade. Evidencia-se a escola como espaço de cidadania, do aprendizado na diversidade, da apreensão do contexto das cidades e da construção de uma agenda mais justa e sustentável para o planejamento e gestão das cidades.
Lembrando Henry Lefebvre3: o direito à cidade é um clamor, uma necessidade de todos e de todas de reclamarem, de gritarem, de demandarem direitos fundamentais para a sua reprodução no espaço urbano. Os professores podem e devem trazer à tona questões sociais que os alunos vivenciam no cotidiano das cidades, bem como: habitação, mobilidade, saneamento, meio ambiente, lazer, cultura, meio ambiente. Considerando o espaço educativo como aquele ao redor da escola, para além de seus muros. A presença do arquiteto e urbanista na escola pode colaborar com o aprofundamento desses conteúdos e com a formação de cidadãos críticos, combatendo o analfabetismo urbanístico ou espacial, em busca do cumprimento dos direitos fundamentais, entre eles o direito à cidade.
Por sua vez, o estudante pode se conscientizar da realidade a qual está inserido para assim juntos aguçarem uma visão crítica e aprofundada dessa realidade. A Ação Proposta teve como inspiração trabalhos realizados em duas escolas públicas e um breve relato desses trabalhos é apresentado ao final do detalhamento dos percursos.