O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira divulgou, nesta quinta-feira (6/10), na sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília, os dados do Censo da Educação Superior de 2015. O documento coleta, anualmente, as informações de cursos de graduação e sequenciais de formação específica, para a geração de informações que subsidiam a formulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas, além de ser elemento importante para elaboração de estudos e pesquisas sobre o setor.
Dentre os dados informados no relatório apresentado pelo INEP, um deles chama a atenção do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal – CAU/DF e causa preocupação: o aumento dos cursos na modalidade à distância ou EAD. Recentemente, o CAU/DF constatou o caso de uma instituição de ensino superior, com atuação no Estado de Minas Gerais, que oferta cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo 100% à distância.
A Resolução n° 6 do Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação – que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo a partir de 2006 – determina que o projeto pedagógico do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, além da clara concepção do curso, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, deverá contemplar, sem prejuízos de outros, os seguintes aspectos: modos de integração entre teoria e prática (artigo 3°, inciso IV). “Quando se tem um curso 100% à distância, a prática fica comprometida. Não tem como um estudante aprender, por exemplo, a elaborar projetos arquitetônicos sem ter aulas práticas, sob o acompanhamento de um professor”, justifica o presidente do CAU/DF, arq. urb. Alberto de Faria.
Segundo Alberto de Faria, “a Gerência Técnica do Conselho tem feito um levantamento da existência de outros cursos de bacharelado à distância com atuação no Distrito Federal e no país, para que o assunto seja levado à apreciação da Comissão de Ensino e Formação, na reunião da próxima quinta-feira (13/10).”.
Mulheres no comando
O relatório do INEP de 2015 traz, ainda, outros pontos importantes que servem para traçar um panorama geral dos cursos de ensino superior, licenciatura e especialização no país. Um deles é a presença das mulheres no curso de ensino superior em Arquitetura e Urbanismo. São 107.728 ingressos na universidade, colocando a Arquitetura e Urbanismo entre os dez cursos com maior número de matrículas realizadas pelo sexo feminino, conforme mostram as tabelas abaixo:
O número veio confirmar o que já havia sido diagnosticado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) quando propôs o recenseamento de dados de mais de 99 mil profissionais, que resultou no documento intitulado “Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil”, lançado em 2012. O relatório diz que, já naquele ano, a maioria de profissionais na área de Arquitetura e Urbanismo no país era formada por mulheres (61%) contra 39% de homens.
Veja outros pontos interessantes levantados e publicados no Censo da Educação Superior de 2015 sobre o cenário educacional nacional:
Cursos de Graduação e Especializações (Licenciatura/Mestrado/Doutorado)
Em 2015, 33.501 cursos de graduação foram ofertados em 2.364 instituições de educação superior no Brasil.
87,5% das Instituições de Educação Superior (IES) são privadas.
Pouco mais de 8% das IES são universidades, porém essas instituições detêm 53,2% das matrículas nos cursos de graduação.
Os cursos de bacharelado mantêm sua predominância na educação superior brasileira, apresentando o maior crescimento no número de matrículas entre 2014 e 2015 – 3,9%.
Os cursos de licenciatura tiveram um leve crescimento de 0,4% e os cursos tecnológicos caíram 1,9%, no mesmo período.
O típico aluno de cursos de graduação a distância está no grau de licenciatura. Na modalidade presencial, esse estudante cursa bacharelado.
Matrículas
Em 2015, a matrícula na educação superior (graduação e sequencial) superou os 8 milhões de alunos.
65,1% das matrículas de cursos de licenciatura estão nas universidades.
A tendência de crescimento do número de matrículas desacelerou em 2015 em relação ao ano de 2014, com uma pequena queda na rede pública.
No Brasil, há 2,6 alunos matriculados na rede privada para cada aluno matriculado na rede pública em cursos presenciais.
Quase 90% das matrículas da rede federal estão em universidades. A rede federal continua crescendo e já tem uma participação superior a 62% da rede pública.
As matrículas nas universidades correspondem a mais da metade do total de alunos, ultrapassando os 4,2 milhões de estudantes.
Cursos à Distância
O número de alunos na modalidade a distância continua crescendo, atingindo quase 1,4 milhão em 2015, o que já representa uma participação de 17,4% do total de matrículas da educação superior.
A maioria das matrículas dos cursos a distância está na rede privada e a maior parte está em cursos de licenciatura.
Estrangeiros
Aumenta o número de estudantes estrangeiros matriculados na educação superior brasileira.
Ingresso
O volume de ingressos caiu em 2015, tanto na modalidade presencial quanto na modalidade a distância.
Todos os graus acadêmicos tiveram queda no número de ingressos em 2015. Quase 2/3 dos ingressos foram em cursos de bacharelado.
Em 2015, mais de 2,9 milhões de alunos ingressaram em cursos de educação superior de graduação. Desse total, 81,7% em instituições privadas.
Vagas
Em 2015, foram oferecidas mais de 8,5 milhões de vagas em cursos de graduação, sendo 72% vagas novas e 27,7%, vagas remanescentes.
Das novas vagas oferecidas em 2015, 42,1% foram preenchidas, enquanto apenas 13,5% das vagas remanescentes foram ocupadas no mesmo período.
Conclusão do curso superior
Em 2015, mais de um milhão e cem mil estudantes concluíram a educação superior.
Em 2015, o número de concluintes em cursos de graduação presencial teve aumento de 9,4% em relação a 2014. A modalidade a distância aumentou 23,1% no mesmo período.
Mais da metade dos concluintes de cursos de graduação em 2015 estudou em universidades.
O número de concluintes no grau bacharelado teve o maior aumento em 2015 (12,7%) quando comparado a 2014. Licenciatura (9,6%) e tecnológico (12,3%) tiveram crescimento menor.
Docentes
Na rede pública, o número de docentes em tempo integral teve um considerável aumento nos últimos dez anos. Em 2015, os docentes da rede privada em tempo parcial superam os horistas.
O número de docentes com doutorado continua crescendo, tanto na rede pública, quanto na rede privada. Por outro lado, o número dos que têm até especialização cai a cada ano nas duas redes.
O típico docente possui doutorado na rede pública. O mestrado é o grau de formação mais frequente na rede privada.
A maioria dos docentes nas universidades tem doutorado (51,6%), já nas faculdades, o percentual é de 16,5%. Em relação ao regime de trabalho, os docentes em tempo integral são mais de 94% nos IFs e Cefets.
Os cursos de licenciatura têm o maior percentual de doutores entre todos os graus acadêmicos. Observa-se a mesma situação no regime de trabalho, com 70% dos docentes trabalhando em tempo integral.
Apesar de os cursos na modalidade EaD terem um percentual menor de doutores em relação aos cursos presenciais, a maior parte dos docentes nesses cursos tem mestrado.
FONTE: CAU/DF
Publicado em 07/10/2016
Uma resposta
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As Entidades / Instituições de Ensino Superior que eventualmente oferecerem cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo na modalidade “100% à distância”, estarão na verdade, apenas comercializando diplomas.
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Sou favorável (se o CAU/BR assim julgar necessário), ao ingresso em Juízo para impedir essa prática.