A manhã do primeiro dia de evento do 1º Fórum de Patrimônio Histórico Mato-Grossense foi um sucesso. Com uma bela apresentação musical do Instituto Ciranda, a abertura contou com uma fala da presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Mato Grosso (CAU/MT), Lise Bokorni, assim como do secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, David Moura.
Participaram também o 2º vice-presidente do CAU/MT, Weverthon Foles Veras e o conselheiro do CAU/MT, Rafael Leandro Rodrigues dos Santos.
Em paralelo ao evento, no foyer do teatro, aconteceu uma exposição de ilustrações técnicas do patrimônio tombado do Estado, produzidas pelo arquiteto e artista José Maria de Andrade, especialmente para o evento. Dentre o material, ilustrações da igreja da Nossa Senhora da Guia; da cadeia pública; da residência dos governadores; do mercado do peixe; da igreja São Gonçalo; entre outros.
José Maria também produziu ao vivo um desenho da fachada do Sesc Arsenal, que ao final do dia foi sorteado entre os participantes do evento.
A primeira palestra do dia foi com a arquiteta Isabel Ballesté, intitulada “A intervenção em edificações preservadas: Potencialidades e Limitações”. O ponto central de sua fala repousa no fato de que o edifício preservado é o elemento principal, ou seja, ele é o protagonista. Desse modo, quando o arquiteto e urbanista desenvolve um projeto de intervenção, a coordenação dos projetos complementares e tomadas de decisões, devem ser pensados dentro das possibilidades e limitações de adaptação.
Para tanto, a profissional apresentou estratégias projetuais considerando cinco pontos guia: (1) intervenção e capacidade de suporte, (2) inserção no tecido urbano, (3) distinção entre o objeto histórico e as novas construções, (4) princípio de reversibilidade e (5) detalhe fino e delicadeza. Por meio de exemplos práticos, ela apresentou projetos realizados e soluções apresentadas considerando essas estratégias.
Além disso, Isabel Ballesté apresentou procedimentos que devem ser considerados nessa área, dentre eles o alinhamento junto aos órgãos de preservação em seus diversos níveis, federal, estadual e municipal. A comunicação do projeto que está sendo desenvolvido também deve ser estabelecida junto à comunidade, considerando que o usuário final é a meta final de todo projeto.
Na sequência, ocorreu a mesa redonda “Práticas e abordagens envolvidas na preservação do patrimônio arquitetônico, especialmente em áreas históricas – Desafios enfrentados ao conciliar a conservação de edificações com a incorporação de novas tecnologias e soluções sustentáveis”. Participaram como debatedores Priscila Waldow, Francyla Bousquet Santos e Isabel Ballesté; e como moderador, Rafael Leandro Rodrigues dos Santos.
A mesa debateu assuntos relativos à importância das parcerias e o apoio do poder público, os desafios na execução, questões relativas à sustentabilidade e acessibilidade. Destacou-se que para que um prédio se sustente como edificação, é necessária a sua ocupação. A mesa considera que um prédio recuperado e funcionando com um uso compatível, permite que esse patrimônio seja mantido e que todas as manutenções necessárias sejam feitas de forma contínua.
Em relação ao tópico sustentabilidade, discutiu-se que o ato de revitalizar já é uma prática sustentável, pois os materiais tradicionais das construções históricas já são materiais de impacto reduzido, em comparação a diversos materiais utilizados na atualidade, e sua recuperação reduz os impactos ambientais. Além disso, é possível desenvolver projetos com elementos viáveis, visando eficiência e práticas ecológicas, sempre considerando que a prioridade é o imóvel preservado.
As atividades da manhã foram encerradas com a palestra “Experiências sobre implementação de Políticas Públicas na salvaguarda do Patrimônio Histórico-Cultural”, ministrada pela arquiteta Maria Regina Pontin de Mattos.
A profissional destacou que a valorização do Patrimônio Histórico-Cultural é a valorização da identidade que molda as pessoas. Desse modo, defendeu que preservar as paisagens, as obras de arte, as festas populares ou qualquer outro elemento cultural é manter a identidade de um povo.
Para auxiliar na preservação do patrimônio cultural ela apresentou as seguintes estratégias: (1) conscientização pública, educação e envolvimento ativo das comunidades; (2) legislação de preservação; (3) políticas públicas eficazes e (4) responsabilidade compartilhada.
Elencou ainda que os desafios enfrentados na implementação de políticas públicas de preservação devem ser amplamente discutidos entre o poder público, a comunidade e a iniciativa privada para que novas soluções sejam identificadas, garantindo a viabilidade financeira, social e de sustentabilidade para a proteção do nosso patrimônio.
A programação continuou no período da tarde com a palestra “Políticas Públicas: gestão do patrimônio cultural e Canteiro Modelo de Conservação”; a mesa redonda “Como integrar políticas públicas, parcerias público-privadas e a participação comunitária para garantir a preservação efetiva do patrimônio cultural”; a palestra “A Dialética da materialidade na salvaguarda da memória”; a palestra “Arqueologia, Arquitetura e o Centro Histórico de Cuiabá”.
O dia terminou com a Mesa redonda “As abordagens integradas na preservação do patrimônio cultural – Importância de proteger tanto os bens materiais (edificações e monumentos) quanto os imateriais (tradições, saberes e práticas culturais)”.
(Com informações do CAUMT)