Entre 6 e 18 de novembro, será realizada em Sharm El Sheikh, no Egito, a conferência anual das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27). O encontro conclama líderes mundiais a apontarem medidas de mitigação e adaptação à mudança climática. O tema é estratégico para a sobrevida e o desenvolvimento internacional. Por isso, também pautará o Congresso Mundial UIA 2023, em Copenhagen, e vem provocando organizações responsáveis a colaborarem com a meta global. O CAU Brasil está atento ao assunto e quer garantir a contribuição dos arquitetos e urbanistas neste desafio.
A COP-27 é o principal foro de definição de compromissos pelo corte de emissões de CO2 desde 2015, quando os países assinaram o Acordo de Paris para o clima. O tratado internacional estimula as 55 nações signatárias a limitarem o aumento da temperatura mundial a 1,5ºC. O mais recente boletim da ONU sobre mudança climática aponta que há um esforço dos países para achatar a curva das emissões mundiais de gases de efeito estufa, porém ainda insuficientes para alcançar a meta. Este indicativo aumenta a pressão para que os governos demonstrem esforços capazes de reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos.
O governo brasileiro comprometeu-se com a diminuição das emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025. Apesar disso, o Brasil está no centro das atenções da comunidade internacional diante do crescimento galopante das queimadas na região da Amazônia. Apenas de 2021 para 2022, houve aumento de 33% do número de focos detectados pelos satélites de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
ARQUITETURA E URBANISMO PELO CLIMA
Se o esforço pela longevidade ambiental é coletivo, os arquitetos e urbanistas têm oportunidades privilegiadas de atuar pela redução do aquecimento global. De acordo com projeções divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o setor da construção civil é responsável por 36% de todas as emissões de CO2. Apenas o cimento, usado em larga escala em projetos arquitetônicos, gera aproximadamente 8% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, segundo o instituto de pesquisa britânico Chatham House.
A geração de resíduos pela indústria da construção também tem alto impacto em nível mundial. Cerca de 40% de todos os resíduos sólidos gerados na economia são provenientes da indústria de construção civil, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON).
Neste contexto, as possibilidades de ação a partir da Arquitetura e Urbanismo alcançam as diferentes áreas de atuação e etapas de trabalho. Decisões envolvendo projetos arquitetônicos, planejamentos urbanos, escolha de materiais, descarte de resíduos e outras atribuições profissionais têm potência de intervenção sobre o cenário ambiental local e mundial.
PROJETO AMAZÔNIA

O tema “Urbanização e mudanças climáticas: desafio para cidades resilientes na Amazônia” foi tema do Seminário Nacional de Meio Ambiente realizado pela Comissão de Políticas Urbanas e Ambientais (CPUA) do CAU Brasil em Rio Branco/AC. O encontro aconteceu em setembro, um dos meses mais críticos para a ocorrência de queimadas na região abrangida pelo bioma. O seminário possibilitou a aproximação dos arquitetos e urbanistas brasileiros com a realidade do território, evidenciando a importância do planejamento urbano sustentável, resiliente e alinhado à implementação de uma agenda contemporânea para as cidades.
A partir de vivências, debates e relatos de organizações, especialistas e profissionais com atuação local, o CAU Brasil aprofundou a compreensão sobre o impacto das mudanças climáticas na vida da população da região amazônica e do mundo. Como resultado, está estruturando o Projeto Amazônia, que constituirá um case a ser apresentado durante o Congresso UIA 2023, em Copenhagen. Sob o tema ‘Sustainable Futures – Leave no one behind’ (Futuros sustentáveis – Não deixar ninguém para trás), o evento será uma vitrine de iniciativas de propostas para acelerar as metas de desenvolvimento sustentável (Sustainable Development Goals – SDGs) da Nova Agenda Urbana proposta pela Organização das Nações Unidas.