“A tarefa dos arquitetos vai além das esferas convencionais e deve abraçar a alma da cidade”, dia a Declaração de Seul, documento divulgado pela UIA no 26.o Congresso Mundial de Arquitetos UIA.2017. SEOUL, que se realiza na capital da Coreia do Sul. O documento enfatiza o papel do arquiteto na renovação das cidades em harmonia com os esforços da natureza para sua auto recuperação. E estimula a sociedade a ampliar a compreensão de suas cidades e a arquitetura a se motivar cada vez mais para cuidar do ambiente da vida, criando espaços públicos que as pessoas possam compartilhar com as mentes abertas.

Eis a íntegra do documento:
DECLARAÇÃO DE SEUL
Na busca da “alma da cidade”, o congresso da UIA destacou as ações dos arquitetos como uma necessidade crítica para mediar problemas urbanos urgentes. A tarefa dos arquitetos vai além das esferas convencionais e deve abraçar a alma da cidade.
NATUREZA
A natureza se vinga da falta de tranquilidade da urbanização com poeira, mudanças climáticas e doenças de animais criados para servirem como nosso alimento. Assim, os arquitetos atentam para a ação da natureza para re-naturalizar-se e concentram todos os esforços na reabilitação natural das cidades. Ao fazê-lo, então, a natureza contribui para o desenvolvimento das tecnologias sustentáveis. Portanto, nós, como arquitetos, refletimos as demandas culturais, históricas e sociais em nossas obras, para que elas sejam complementares e compatíveis com a natureza.
CULTURA
A cultura cria uma alma única e coletiva em um lugar e desenvolve um sentimento coletivo de simpatia para as configurações urbanas. Portanto, os arquitetos ressaltam as diferenças culturais entre velhos e novos edifícios, enfatizando a modernidade de cada era, bem como moldam as cidades com valores espirituais latentes, despertando a alma da cultura. Arquitetos estimulam um sentido cívico sobre a acumulação histórica e cultural, com arquitetura que revela significados ocultos e latentes de um lugar e cultura.
FUTURO
O futuro da cidade é baseado em seres humanos e no meio ambiente e não em corporações frias. Nós, os arquitetos, preenchemos a cidade com espaços públicos que as pessoas podem compartilhar com as mentes abertas. Abraçando a alma do futuro dentro da arquitetura e infraestrutura de uma cidade, os arquitetos evocam o senso do cuidado com o ambiente urbano através de suas intervenções. A alma da cidade no século XXI não pode ser alcançada através de ultrapassados pontos de vista histórico e ecológico. A UIA Seul estimula a sociedade a ampliar a compreensão de suas cidades e a arquitetura a se motivar para cuidar do ambiente da vida.

Imagem destacada na home: Sky Park, Seul. Foto de Nadia Somekh
Veja também:
Sérgio Magalhães fala sobre o tema da UIA.2017.SEOUL: “A alma da cidade”
2 respostas
Enquanto os arquitetos legalmente não tiverem peso político, eles podem abraçar o que quiser que nada mudará. Somente com amparo legal, onde uma decisão arquitetônica sobreponha-se às decisões políticas, é que teremos mudanças. Isto é particularmente verdade nos países em desenvolvimento com o Brasil. E não adianta o fato de criticar os arquitetos por não estarem na política, pois o próprio sistema político impede a candidatura e eventual vitória de arquitetos que tenham propostas vanguardistas pois vai contra o status quo do sistema conservador que não permite inovações urbanísticas.
Este artigo da Revista AU exprime com clareza esta questão: A Cidade Nunca esteve na mão dos arquitetos e urbanistas: http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/77/artigo24134-1.aspx
Abaixo reproduzo um comentário a respeito:
“A cidade brasileira jamais esteve sob o controle dos urbanistas. Podemos definir nosso urbanismo como “de risco”, marcado pela inseguridade e precariedade do hábitat para os pobres, mas também pela selvageria de cobiças imobiliárias e superocupação do exíguo espaço que concentra qualidades. A tensão existente entre os morros e o asfalto na zona sul do Rio de Janeiro, o congestionamento do centro e as periferias desequipadas da metrópole paulistana, o mangue e a orla da cidade à beira-mar são traduções territorialmente distintas da exclusão territorial que estrutura nossas cidades, condenando-as em sua totalidade a um urbanismo de risco. Como tem sido enfrentado esse tema primordial na política urbana brasileira? Basicamente estabelecendo uma contradição permanente entre ordem urbanística (expressa no planejamento urbano e na legislação) e cidade real, administrada pela política local, principalmente por meio de barganhas eleitorais. A reversão desse quadro passa por uma mudança de sentido no urbanismo, transitando de um projeto de regulação – para poucos – para uma oferta generosa de conforto urbano, para todos.”
Raquel Rolnik, São Paulo, SP