Nesta terça-feira (21/8), comemora-se o Dia Nacional da Habitação. Para marcar a data, a 4ª Semana de Habitação teve, pela manhã, painéis, debates e reflexões sobre questões habitacionais e o exercício profissional de arquitetos e urbanistas.
O primeiro painel consistiu em uma “Análise do Contexto da Produção da Habitação de Interesse Social em Fortaleza”. A apresentação foi conduzida pelo arquiteto e urbanista Renato Pequeno, doutor em Arquitetura e Urbanismo e professor titular do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC. Renato traçou um panorama sobre a política de habitação em Fortaleza, abordando o que já foi feito e os desafios relacionados ao tema. O professor ressaltou a importância de se pensar a habitação de forma mais ampla. “Quando se pensa em urbanizar uma favela, pensa-se em removê-la. Dificilmente pensa-se em uma urbanização integrada”, disse.
Perspectivas sobre a Política de Interesse Social no Brasil
O segundo painel, com o tema “Do ‘N’ ao ‘L’: Perspectivas sobre a Política de Interesse Social no Brasil”, foi apresentado pelas conselheiras federais Carla Tames e Denise Vogel*, ambas da Comissão Especial de Política Urbana e Ambiental do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CPUA-CAU/BR).
Denise Vogel iniciou a apresentação mostrando um histórico sobre a Política Habitacional de Interesse Social no Brasil. Ao detalhar o tema e expor dados atuais sobre habitação, a conselheira também suscitou debate sobre como hierarquizar prioridades frente aos problemas complexos atuais. Para exemplificar, ela enumerou várias preocupações no campo da habitação, como a situação de famílias em áreas de risco, aquelas sem teto, entre outros exemplos.
A conselheira Carla Tames falou sobre a habitação em Rondônia e na Amazônia. Conforme dados apresentados pela conselheira, são 23 mil domicílios em favelas, invasões e palafitas. Carla também contextualizou dados dos aglomerados presentes nos estados da Amazônia Legal. “São números que assustam. Estamos olhando com atenção para esses dados e trabalhando neles. Acho importante olhar de frente para isso, para criarmos um diálogo sério e um trabalho com um fim”, destacou.
A conselheira Denise também falou sobre a necessidade de se pensar políticas urbanas considerando questões atuais e emergentes. “Nunca foi tão importante no Brasil reavaliar os instrumentos de políticas urbanas”, frisou.
Ecossistema urbano, resiliência e planejamento comunitário na periferia
O terceiro painel foi sobre “Ecossistema urbano, resiliência e planejamento comunitário na periferia”. A apresentação foi conduzida por Liza Andrade, professora doutora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), coordenadora da Residência Multiprofissional CTS – Habitat, Agroecologia, Saúde Ecossistêmica e Economia Solidária e coordenadora do Laboratório Periférico, assessoria sociotécnica. A professora contou sobre sua pesquisa de doutorado sobre ecossistemas urbanos e enfatizou a necessidade de tratar o tema de forma transdisciplinar. Além disso, Liza apresentou dados sobre a questão habitacional em Sol Nascente, região administrativa do Distrito Federal que carece de bastante investimento em habitação.
Atuação profissional no cenário de Crise Climática
O quarto e último painel abordou “A Atuação profissional diante do cenário de crise climática”. A apresentação foi conduzida pela arquiteta e urbanista Cláudia Pires, doutora em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pela coordenação do Plano Diretor de São João de Meriti pela Autografics Arquitetura e Planejamento Ltda.
A arquiteta destacou a importância de os arquitetos e urbanistas se mostrarem para a sociedade, para que as pessoas entendam que são profissionais fundamentais na reconstrução. “Para sociedade, é difícil entender o que fazemos”, comentou. Para Cláudia, o projeto precisa ser valorizado pela sociedade e a prática profissional precisa ser reconhecida.
Debate
Após os quatro painéis, o conselheiro federal Luís Hildebrando, da Comissão Especial de Política Profissional (CPP), mediou o debate. Os participantes da 4ª Semana da Habitação puderam fazer perguntas aos palestrantes e fazer contribuições sobre os temas apresentados.