Diversas entidades de Arquitetura e Urbanismo manifestaram-se publicamente sobre o incêndio e o desabamento do edifício Wilson Paes de Almeida, no centro de São Paulo. A tragédia vitimou um número incerto de pessoas – uma morreu 44 estavam desaparecidas até esta publicação.

SASP
O Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) afirma em nota que a tragédia “revela problemas que os arquitetos e urbanistas e movimentos de moradia denunciam há décadas: a falta de assistência técnica pública e de orientação correta para a destinação dos imóveis da União”.
“O seu abandono dentro de um cenário de escassas políticas públicas habitacionais o levou a ser ocupado e mantido como abrigo provisório para aproximadamente 160 famílias, por mais de seis anos. A causa do incêndio que antecedeu o desabamento foi acidental – e não criminosa ou por falta de manutenção. Ainda que com parcos recursos e pouca orientação técnica, as famílias ocupantes puderam zelar pelo imóvel que moravam. Sua degradação, portanto, antecede a ocupação e ocorreu única e exclusivamente devido ao descaso do poder público”, diz a nota do Sindicato.
De acordo com a entidade, faltam arquitetos e outros profissionais para inspecionar, dar assistência técnica e trabalhar com a destinação de edifícios como o que desabou. “Os quadros de carreira da SPU [Secretaria de Patrimônio da União] se dedicam a cuidar do patrimônio público, porém têm dificuldades em realizar encaminhamentos mais ágeis por falta de recursos humanos, técnicos e financeiros” (acesse aqui a íntegra).
IAB-SP
O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo (IAB-SP) divulgou manifestação em que defende que, para além da tragédia que o episódio representa, ele expõe problemas sistêmicos da maioria das cidades brasileiras.
“Do ponto de vista da política habitacional, revela-se a precariedade das condições de vida a que é submetida uma parcela significativa da população, sem alternativas para morar com dignidade. O enfrentamento do problema habitacional exige a ação integrada das três esferas de governo, com investimentos duradouros articulados em uma política que apresente soluções diversificadas para o acesso e a garantia do direito à moradia digna. A ocupação de imóveis ociosos por movimentos sociais organizados é manifestação legítima diante da falta de alternativas e revela essa contradição de nossas cidades”, diz o texto.
A entidade rechaça ainda atribuição de culpa aos ocupantes do prédio. “Colocar a população que sofre dessas mazelas como responsável por problemas dessa natureza, de fato, não será o início de um bom caminho. Que essa tragédia seja um marco para reversão das políticas públicas no sentido de promover o reuso e a conservação de edifícios, públicos e privados, especialmente em áreas bem localizadas para, entre outras finalidades, provisão de moradia digna” (acesse aqui a íntegra).
FNA
A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) lamentou publicamente a tragédia e reafirmou seu apoio aos movimentos sociais de moradia. “A FNA externa sua solidariedade aos atingidos e se manifesta contra a criminalização do movimento de moradia e, principalmente, contra a criminalização das vítimas”, diz a manifestação assinada pela Diretoria Executiva da entidade (acesse aqui a íntegra).
AsBEA
Para a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), o incêndio e o desabamento evidenciam a “falência de nossas instituições”. De acordo com a manifestação da entidade, o Poder Executivo, o Poder Judiciário e o Ministério Público tiveram
“Seria de se supor que o poder público estivesse preocupado em dar destinação aos espaços ociosos existentes em áreas centrais de nossa metrópole injustamente mantidos vazios enquanto milhões de trabalhadores se submetem a horas de deslocamento em busca de um aluguel compatível com seus ganhos” (acesse aqui a íntegra).
CAU/SP
O CAU/SP emitiu, no dia do desabamento, nota sobre a tragédia. Leia aqui a íntegra.