ABEA

Entidades repudiam criação de cursos online de Arquitetura e Urbanismo

São crescentes as manifestações das entidades de Arquitetura e Urbanismo do país contra a autorização, pelo Ministério da Educação, de cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade Ensino a Distância.  

 

A Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA), entidade civil que atua há mais de 40 anos no aperfeiçoamento do ensino de Arquitetura e Urbanismo, manifestou publicamente sua” enorme preocupação e peremptória discordância” na carta “Aprender Arquitetura e Urbanismo à Distância Não Funciona” divulgado em 26/01/17. A entidade afirma que o convívio presencial é fundamental para a vivência e o questionamento do próprio espaço. “O Ateliê de Arquitetura e Urbanismo é o espaço facilitador da construção coletiva do conhecimento, é o espaço que permite a integração professor/aluno e aluno/aluno”, diz o documento.

 

“Em Arquitetura e Urbanismo, o espaço físico adequado é parte do processo de ensino e favorece o aprendizado. Se dar sentido a espaços (físicos e reais) é o dever de ofício, como fazê-lo na virtualidade? Como aceitar que a relação professor/aluno presencial não seja importante, que a virtualidade basta? Qual seria, então, o sentido da construção física, real e material dos espaços?”, questiona a ABEA, que enviará o documento a todos os órgãos reguladores do ensino superior no país, segundo a presidente Andrea Vilella.

 

Acesse aqui e compartilhe a integrada em pdf da carta da ABEA

 

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no mesmo sentido, enviou carta, em 30/01/17, ao   ministro da Educação, Mendonça Filho, solicitando revisão da decisão, em prol da cultura brasileira e na defesa da sociedade.
 
Para o IAB, o ensino a distância do curso de Arquitetura e Urbanismo é incompatível com a formação profissional deseja para o arquiteto. Ademais, coloca em perigo a vida de futuros usuários de obras produzidas por profissionais sem a necessária qualidade na formação. “Tal decisão implica risco a sociedade, demonstrando o necessário rigor ao tratamento do assunto”, destaca trecho da carta.

 

A preocupação é compartilhada pelo CAU/BR, diz o coordenador da Comissão de Ensino e Formação do CAU/BR, conselheiro José Roberto Geraldine. “A Comissão de Ensino e Formação tem acompanhado a abertura desses cursos, são três até agora, assim como tem buscado diálogo com os grandes grupos educacionais em atuação no Brasil, na perspectiva da reversão da oferta de cursos na modalidade EaD para cursos presenciais. Essas ações visam a proteção da sociedade, tendo em vista a oferta de cursos de baixa qualidade que colocam em risco o Exercício da Arquitetura e Urbanismo”. 

 

Leia artigo “Ameaça à educação dos arquitetos”, do conselheiro federal suplente por São Paulo, Luiz Fernando Contier.

 

IAB – A carta do IAB ao ministro da Educação caracteriza a educação a distância como importante instrumento de difusão de conhecimento, mas afirma também que o modelo não reúne todos os atributos indispensáveis à formação profissional do arquiteto e urbanista.

 

“Tal formação tem o Projeto como estrutura pedagógica, uma vez que o Projeto é a atividade matriz dos conteúdos indispensáveis à profissão. E o Projeto, como reconhecido internacionalmente, é simultaneamente pesquisa e proposição, fruto de uma elaboração complexa, autoral, não sequencial, fundada na reflexão e na interpretação de informações múltiplas e diversificadas”, diz a carta.

 

CARTA DA ABEA 

 

Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço…”   (Lúcio Costa)

 

A ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, entidade civil de livre associação fundada há mais de 40 anos com enfática atuação e contribuição no aperfeiçoamento constante do ensino de arquitetura e urbanismo, inclusive buscando novos métodos, modelos e ferramentas pedagógicas, vem manifestar publicamente sua enorme preocupação e peremptória discordância com a criação de Cursos de Graduação de Arquitetura e Urbanismo na modalidade EaD.

 

Arquitetura e Urbanismo é um ofício que, da mesma forma que a Medicina e o Direito entre outras importantes profissões, tem seu exercício regulamentado por relacionar-se com a preservação da vida e bem-estar das pessoas, da segurança e integridade do seu patrimônio, e da preservação do meio ambiente. Por isso mesmo exige, em sua formação, acompanhamento não somente presencial, mas de forma muito próxima em atelieres, laboratórios, canteiros experimentais e outros espaços vivenciais, em uma relação professor-aluno bastante reduzida, o que definitivamente não pode ser alcançado em cursos oferecidos totalmente a distância.

 

A ABEA reconhece que avanços na área de ensino a distância são importantes e se propõe a participar de um amplo debate público sobre seu alcance e suas limitações nas áreas de conhecimento que exigem formação teórico-prática e que podem ensejar risco à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente.

 

Em Arquitetura e Urbanismo, o espaço físico adequado é parte do processo de ensino e favorece o aprendizado. Se dar sentido a espaços (físicos e reais) é o dever de ofício, como fazê-lo na virtualidade? Como aceitar que a relação professor/aluno presencial não seja importante, que a virtualidade basta? Qual seria, então, o sentido da construção física, real e material dos espaços?

 

A ABEA sempre discutiu novas ferramentas de linguagem e expressão, entre outros recursos tecnológicos. Defendemos os princípios contidos no documento Perfis & Padrões de Qualidade que além de tratar das questões relacionadas ao Projeto Pedagógico dos Cursos e ao corpo docente, enfatiza a qualificação das condições físicas e espaciais dos ateliês e salas de aulas dos cursos de Arquitetura e Urbanismo. São espaços específicos, mas plurais, que permitem o exercício de diferentes formas de linguagem, expressão, práticas, pesquisa, concepção e desenvolvimento que fomentam o processo criativo. O Ateliê de Arquitetura e Urbanismo é o espaço facilitador da construção coletiva do conhecimento, é o espaço que permite a integração professor/aluno e aluno/aluno.

 

A ABEA entende que o convívio presencial é fundamental para a vivência e o questionamento do próprio espaço.

 

Assim, a ABEA vem conclamar as entidades, os professores, os estudantes e a sociedade civil a participar desse debate e solicitar dos organismos reguladores do ensino a suspensão imediata do funcionamento dos cursos de Arquitetura e Urbanismo a distância”.

 

Matérias relacionadas:

 

Ameaça à educação dos arquitetos (artigo de Luiz Augusto Contier)

 

ABEA lança carta contra ensino de Arquitetura e Urbanismo a distância

 

Em carta ao MEC, IAB critica ensino a distância de Arquitetura e Urbanismo

 

 

Publicado em 05/02/2017

9 respostas

  1. Nessa modalidade EAD como fica as aulas fundamentais extra classe como as aulas de campo de topografia (os alunos irão receber aparelhos do governo federal para praticarem?). As aulas de sistemas estruturais (como fica sem laboratórios para prática de ensaios) e tecnologia da construção (como fica as aulas práticas, materiais, etc). A questão é que quem inventou isso pensa que curso de arquitetura e urbanismo é o mesmo que curso de desenho. Absurdo!!!

  2. De tantos absurdos que estamos vendo no Brasil atualmente, mais esse agora…. O ensino a distância de arquitetura formará profissionais que não saberão nada na prática, apenas teorias e olha lá. Sou totalmente contra esse absurdo. Como se não bastasse a quantidade enorme de escolas que colocam no mercado um número altíssimo de novos profissionais.

  3. Eu descordo com a decisão de não ter curso EAD de arquitetura e urbanismo, pois isso não diz nada se o profissional sabe ou não trabalhar, muitas vezes essa modalidade ensina muito mais e mais afundo do que uma presencial, eu mesmo, trabalho na área a anos e não sou formado, mas pode ter certeza que sei muito mais do que muito arquiteto formado que só assina uma ART, então eu discordo totalmente disso, Acredito que o ensino EAD é para pessoas que não tem tempo para concluir presencialmente um curso, e também pelos alto custos empregados nele. ENTÃO DISCORDO COM FORÇA DESSA DECISÃO, QUE NÃO VAI VINGAR. DIREITO PARA TODOS.

    1. Atuar na area sem formação é exercício ilegal de profissão. Como vc disse o direito é pra todos, a lei também.

  4. Acho que um curso como Arquitetura, Medicina, Engenharia entre outros jamais deveriam ser oferecidos na forma EAD, quem aprova isso não sabe o que é ser arquiteto e todas responsabilidades que envolvem nossa profissão. Sou contra o EAD para o curso de Arquitetura bem como outros cursos. Acho que esta ferramenta pode ser agregadora de outras formas mas nao para fornação academica que ja é precaria na forma presencial imagine a distancia.

  5. Apenas balelas de corporativismo, interessados em manuteção do interesse da categoria. è ir contra a importancia mundial de universalizar o conhecimento através de um instrumento que tem se mostrado eficiente, quando a coisa é levado a sério. Pode sim uma pessoa ter uma formação equivalente ao presencial, haja visto que as propostas atuais são semi-presenciais. Se pode formar engenheiro de toda orientação técnica, civil, mecanica, produçaõ e outras afins. Pode formar biologos,matematicos, advogados,Educação fisica e tantas outras profissões que tem comtribuido com o crescimento do País. Certamente resguardados a parte da grade que se achar necessária que seja feita presencial, as demais com certeza poderão ser feita via ead, online ou outra forma de ensino.

  6. Espero sinceramente que esses cursos não sejam legalizados..e aproveitando: o CAU poderia ficar atento aos cursos oferecidos a noite, pois é totalmente questionável a qualidade do ensino/aprendizado.

  7. Acredito que a finalidade maior das instituições de ensino é ensinar com qualidade e não lucrar em quantidade. EAD é uma boa ferramenta de ensino, porém, não pode ser aplicado em qualquer disciplina, tem que ter coerência e bom senso.

  8. Se as instituições de ensino de Arquitetura e Urbanismo atualmente existentes já não ministram satisfatoriamente os conhecimentos necessários (até mesmo os mais básicos) à formação de arquitetos e urbanistas, imaginamos o que deverá ser esse curso de EAD!!! O que o MEC tem que fazer é cuidar da qualidade dos cursos existentes (e se o fizesse talvez mais de 50% seriam fechados), e não autorizar esse absurdo de ensino da Arquitetura e Urbanismo à distância.

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