Nivaldo Andrade possui graduação, mestrado e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde é professor associado. Realizou pós-doutorado junto à École d’Urbanisme de Paris / Université de Paris-Est e atualmente é Visiting Fellow do International Centre for the Study of the Preservation and Restoration of Cultural Property (ICCROM), organização intergovernamental sediada em Roma. Foi presidente nacional do IAB no triênio 2017-2020, entidade da qual é Conselheiro Vitalício. De 2015 a 2021, participou do Comitê Científico do UIA2021RIO – 27º. Congresso Mundial de Arquitetos, promovido no Rio de Janeiro pela UIA e organizado pelo IAB. Foi secretário executivo da Federação Panamericana de Associações de Arquitetos (FPAA) entre 2012 e 2016.
É autor premiado de diversos livros de arquitetura e conferencista convidado em eventos e instituições de diversos países das Américas, Europa, Ásia e África, abordando temas relacionados à preservação do patrimônio edificado e à arquitetura e urbanismo modernos e contemporâneos, em especial intervenções em edifícios e sítios de valor cultural, teorias da conservação e da restauração e políticas públicas de preservação do patrimônio cultural. Projetos de sua autoria têm sido publicados em revistas e livros especializados no Brasil e no exterior.
Sua eleição de Nivaldo Andrade para a Vice-Presidência das Américas (Região III) da União Internacional de Arquitetos (UIA) não foi fruto de uma candidatura isolada proposta pelo IAB, nem muito menos por ele. “Foi uma candidatura dos arquitetos brasileiros, mas a partir de uma articulação internacional muito grande”, conta ele.
O mais natural seria o lançamento de uma candidatura para o posto no UIA2021RIO. Realizado em plena pandemia, totalmente online, o 27º. Congresso dos Arquitetos do Brasil foi um grande sucesso, pois contou com a participação de 188 países e 88 mil profissionais. Mesmo havendo cobranças, o IAB não apresentou um candidato, por várias razões, em especial a necessidade de foco no cenário interno, pois o momento político, econômico e da saúde pública do país não era adequado. Além disso, era preciso acompanhar de perto e lutar contra o desmonte que estava sendo feito em diversas instituições importantes, com a extinção dos Ministérios das Cidades e da Cultura e o aparelhamento do IPHAN por pessoas alheias ao campo do patrimônio.
Em 2023, surgiu um movimento de diversos países latino-americanos, propondo que o Brasil lançasse a candidatura de Nivaldo de Andrade para a vice-presidência da região III, sob a liderança da presidente do IAB, Maria Elisa Baptista, junto com o coordenador da Comissão de Relações Internacionais do IAB, João Suplicy, e de Antonio Carlos Moraes de Castro, que na gestão anterior era o conselheiro brasileiro na UIA.
A iniciativa teve a adesão da maior parte dos países da América Latina. No Brasil, a candidatura teve o apoio pessoal da presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh, que é uma das arquitetas brasileiras que melhor conhece a UIA, porque ela foi conselheira da organização durante muitos anos. O CAU Bahia também deu apoio, patrocinando a participação de Nivaldo no Congresso e na Assembleia Geral da UIA realizados em Copenhague. Conta Nivaldo:
“Foi uma decisão construída que eu acho que decorreu primeiro da importância geopolítica do Brasil no contexto americano. Decorreu também do excelente trabalho que os arquitetos brasileiros fizemos, IAB e seus parceiros todos, o CAU/BR que foi um parceiro fundamental, o CAU/RJ, a FNA e as entidades todas do Colegiado das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) para a realização do UIA2021RIO. Isso foi reconhecido o tempo todo na Assembleia Geral, onde o Brasil foi citado como referência. A resiliência foi uma palavra que foi usada muitas vezes para se referir aos brasileiros que, sob a batuta de Sérgio Magalhães, se empenharam em reconstruir o congresso, em lidar com as adversidades todas decorrentes do contexto pandêmico, da crise política, da crise econômica e não esmorecer e entregar um evento excepcional num formato inédito e com grande adesão. Isso foi reconhecido e está na memória de todos”.
Contou também para a candidatura o momento de esperança que o país vive, particularmente com reconstrução das instituições da área da cultura e o Ministério das Cidades sendo reinstalado.
Por que Nivaldo? “Eu entendo que é porque as pessoas me conheciam ao longo do período, eu primeiro fui do Comitê Científico do 27º. Congresso desde o início e fiz parte da delegação brasileira que foi a Durban defender a candidatura do Rio, ao lado de Haroldo Pinheiro (então presidente do CAU/BR), Sérgio Magalhães (presidente do IAB), Nadia Somekh (na época conselheira da UIA), Jerônimo Moraes (presidente do CAU/RJ), Roberto Simon e outros colegas. Na época eu era secretário executivo da Federação Panamericana de Associações de Arquitetos, o presidente era João Suplicy, que não pôde ir e eu fui representando a FPAA. O meu papel era arregimentar o apoio dos países das Américas, que eram só cinco naquele momento na UIA. Eu acho que o Congresso do Rio e a presidência do mexicano José Luis Cortés na UIA, eleito no UIA2021RIO, contribuíram muito para o fortalecimento da participação americana, principalmente da América Latina, porque os Estados Unidos e Canadá já faziam parte, mas da América Latina só tinha três países por ocasião do 25º. Congresso na África do Sul e hoje são dezessete, um crescimento significativo”.
“E aí a partir de 2015 eu passei a compor junto com Bete França e Margareth Pereira o comitê científico que, a partir do tema geral do Congresso, “Todos os mundos num só Mundo: Arquitetura 2021”, definiu os quatro eixos temáticos que tratavam de questões muito caras à realidade dos países de terceiro mundo, da América Latina, da África e da Ásia, e que de algum modo afetam os países centrais e o hemisfério norte, como a questão da desigualdade, essa questão das mudanças climáticas, a questão da equidade e uma séria de questões candentes que compuseram esses quatro eixos. E depois quando eu me tornei presidente nacional do IAB, em 2017, eu passei a ser um interlocutor direto da UIA, então eu fui diversas vezes à sede da UIA em Paris e eu fui a uma Assembleia Geral da UIA em Baku, no Azerbaijão, para apresentar ao conselho o andamento do congresso. Eu fui à Puebla, no México, com Verena Andreatta, que era secretária de urbanismo da Prefeitura do Rio a época, apresentar a candidatura do Rio, primeira cidade a ser declarada Capital Mundial da Arquitetura pela UIA e pela UNESCO, em uma candidatura que foi aprovado por aclamação”.
“E mesmo quando eu deixei a presidência do IAB, em agosto de 2020, e até a realização do congresso em julho de 2021, a nova direção nacional, através da presidente Maria Elisa, me pediu que eu continuasse sendo interlocutor junto à UIA em nome da Direção Nacional. Eu fui designado vice-presidente extraordinário do IAB para o congresso da UIA. Então, todas as vezes que nós mudamos a configuração do congresso fui eu que fui apresentar, então isso gerou uma relação de confiança muito grande e de trabalho entre o IAB e a UIA, na minha pessoa, eu representando o IAB”.
“Quero destacar também o apoio forte que minha candidatura recebeu Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa (CIALP) que reúne os países lusófonos ao redor do mundo e é presidida há alguns anos pelo colega Rui Leão, de Macau, que é um parceiro muito forte do IAB e do CAU e foi eleito em Copenhague secretário geral da UIA”,
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