O escritório Nardo Grothge Arquitetos, da cidade de Campinas (SP), é o vencedor do Concurso Público Nacional de Arquitetura para a elaboração do projeto do novo planetário do Parque da Ciência Newton Freire Maia, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O anúncio foi realizado nesta semana e os arquitetos e urbanistas paulistas Gabriel Grothge Faria e Rita de Cássia Nardo assinaram contrato com o Governo do Paraná, em cerimônia de premiação realizada no Palácio Iguaçu, na capital paranaense.
Após concluída, a obra abrigará o planetário mais moderno da América Latina. O Concurso para a nova estrutura foi realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), órgão vinculado à Secretaria da Educação que contou com apoio do Gabinete da Primeira-Dama. O investimento previsto é de R$ 40 milhões.
O estudo vencedor propõe uma construção sustentável com madeira engenheirada, que ajuda a ‘sequestrar’ o carbono da atmosfera e diminui o impacto da construção no meio ambiente, além de garantir um visual elegante, estrutura eficiente e redução de custos e resíduos produzidos durante a construção. O estudo ainda prevê a revitalização e o paisagismo da trilha do Rio Canguiri, localizado dentro do Parque da Ciência.
Com o tema Órbita, os arquitetos e urbanistas se inspiraram nos movimentos dos corpos celestes para o desenho do projeto. “Esse é o ponto fundamental, essa ideia de replicar os movimentos do universo e, ao mesmo tempo, utilizar sistemas construtivos do que se tem de mais moderno, mais sustentável e eficiente na construção civil, como a madeira engenheirada”, explica Faria.
O planetário contará com um grande saguão, com espaço para exposições, transformando-se em um local de convivência, além de sala de reuniões, café, auditório e cúpula de projeção. “É o coração de todo o projeto. A cúpula será em formato circular, fazendo todas as outras alas serem círculos concêntricos em volta dessa cúpula de projeção”, detalha.
O projeto conta também com simulação do céu, possibilitando a projeção de animações, shows, vídeos e outros conteúdos com resolução excepcional, proporcionando uma experiência imersiva de última geração. Para isso, parte dos equipamentos serão adquiridos da empresa alemã Zeiss, referência em soluções de projeção e simulação de planetários. O investimento será feito, a pedido do Governo do Estado, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
O próximo passo é a finalização do projeto, para então ocorrer a licitação e o início das obras. “Já estamos avançando com reuniões prévias com o Fundepar para fazer os ajustes necessários, mas a ideia geral, a cara principal do planetário vai continuar a mesma. É mais um refinamento que está sendo feito para logo podermos produzir os desenhos para execução”, salienta o arquiteto e urbanista.
“A gente queria que as pessoas sentissem o mesmo que nós sentimos quando estávamos projetando. Que sintam o universo com toda a sua grandiosidade, tendo uma experiência única e transformadora”, complementa Rita.
Foi o primeiro projeto de nível institucional realizado pela dupla. “Nos interessamos bastante pelo tema, pelo tipo de projeto e decidimos arriscar. Felizmente deu certo. A maioria dos nossos projetos são residenciais, não chega a ter esse porte. Esse é o nosso primeiro projeto para um órgão público, então estamos bem felizes”, comemora Faria.
A diretora-presidente do Fundepar, Eliane Teruel Carmona, destaca que a realização do concurso proporcionou diferentes concepções para a nova estrutura, mas sempre com olhar voltado à sustentabilidade. “Além das necessidades legais de um projeto arquitetônico, como acessibilidade e licenças dos bombeiros, nós escolhemos um projeto que conversasse com o Parque da Ciência que já existe lá. É um projeto arquitetônico que se preocupou com a parte de meio ambiente, ousado e que vai contribuir com a ciência no Paraná”, afirma Eliane.
O Parque da Ciência já conta com um planetário, mas de pequeno porte, com uma estrutura menor, porém muito visitado. “Dada a importância de uma estrutura como esta e do próprio parque como o maior espaço de divulgação científica do Estado, nós propomos a construção de um equipamento maior, mais tecnológico, com maior capacidade de atendimento ao público”, comenta o diretor do parque, Anisio Lasievicz.
Premiação
Os três primeiros lugares receberam premiações em dinheiro. Já o quarto e o quinto lugares conquistaram menções honrosas e foram reconhecidos com certificados. Os curitibanos Janaina Nichele e Yuri Vasconcelos Sila ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Receberam o certificado de menção honrosa os estudos de Mendes e Prevedello Arquitetura e Engenharia, de Curitiba – com o quarto lugar, e Bloco B Arquitetura, de Florianópolis – com a quinta colocação no concurso.
Os trabalhos vencedores foram escolhidos por uma comissão julgadora multidisciplinar, que avaliou nove critérios diferentes: contextualização; implantação; programa de necessidades; organização do conjunto; técnica construtiva; ecoeficiência; conforto e desempenho; flexibilidade; e acessibilidade. Mais de 50 profissionais e escritórios inscreveram projetos para o planetário, com 19 finalistas.
CAU/PR teve participação decisiva para projeto do Planetário ser elaborado por arquiteto e urbanista
Após o concurso ser lançado, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) tomou conhecimento do edital e enviou um ofício ao Fundepar a fim de solicitar esclarecimentos sobre a responsabilidade pelo projeto arquitetônico do planetário, atividade exclusiva de arquitetos e urbanistas. O Fundepar publicou nota de esclarecimento e garantiu que o projeto seria desenvolvido por arquiteto e urbanista, conforme define a legislação nacional vigente. Como agradecimento à resposta, o presidente do CAU/PR, Maugham Zaze, se reuniu com a diretora-presidente do Fundepar, Eliane Teruel Carmona.
A conselheira Licyane Cordeiro representou do CAU/PR na comissão julgadora multidisciplinar para a avaliação dos projetos participantes. “Gostaria de expressar minha gratidão ao Fundepar pela excelente organização do concurso e ao Governo do Paraná por seu incentivo e apoio às iniciativas de arquitetura e urbanismo. O compromisso de ambos com o desenvolvimento da arquitetura e a integração de diferentes áreas do conhecimento é fundamental para o sucesso desses projetos. Parabenizo a todos os envolvidos pelo empenho e pela promoção da inovação e da qualidade, tanto na arquitetura quanto nas outras disciplinas essenciais para o sucesso desses empreendimentos”, finaliza.
(Com informações de CAU/PR)