
A realização de um acordo de colaboração entre Ministério da Cultura (MinC) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU Brasil) que viabilizará a inclusão no “Programa Territórios da Cultura” de escritórios populares de arquitetura foi a novidade anunciada na mesa de encerramento do Ciclo de Debates “Patrimônio e Acervos – memórias da arquitetura brasileira”.
Participaram do encerramento Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil; Ana Cecília Gomes de Sá, subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais do MinC; Ana Flávia Magalhães, diretora do Arquivo Nacional do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos; Alexandra Pinho, representando a Embaixada de Portugal e o Instituto Camões; Luiz Sarmento, presidente do IAB-DF e representante do Colegiado Permanente das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo e Danilo Matoso, do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro.
De acordo, com Ana Cecília Gomes de Sá, do MinC, os escritórios de arquitetura serão espaços integrados com recursos de assistência técnica com atuação direta nas comunidades periféricas. Além disso, estarão presentes nos diversos níveis territoriais, das metrópoles até as áreas mais isoladas.
“Irá alavancar o papel do arquiteto como agente de transformação, mas também potencializar as dimensões estéticas e culturais desses lugares. O direito por espaços bem projetos e seguros deve ser assegurado a todos e não um privilégio. Criar espaços inclusivos que promovam o bem-estar e estimulem a integração da comunidade é dar dignidade ao povo brasileiro”, afirmou a subsecretária de Espaços e Equipamentos Culturais do MinC.

Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil, recebeu a notícia com entusiasmo destacando que é preciso “olhar o Brasil pelas suas necessidades. Nossa missão é proteger a sociedade. Se existem 25 milhões de moradias precárias é muito satisfatório saber que teremos escritórios de arquitetura com essa organização prevista. Estamos conectados e é com muita alegria que recebemos essa notícia”.
Ela ainda mencionou que profissionais de arquitetura e urbanismo são promotores de saúde. “Precisamos contribuir com o que o Brasil precisa, ou seja, arquitetura e urbanismo. Juntos vamos sensibilizar a sociedade e mostrar a arquitetura. São 82% das edificações no país são feitas sem arquitetos e engenheiros. A arquitetura precisa ser deselitizada para poder melhorar a vida da população brasileira”.
Nadia ainda mencionou que é preciso termos uma rede de acervos que nos conecte, usando novas tecnologias para valorizar a arquitetura e sensibilizar a sociedade.

Para Ana Flávia Magalhães, diretora do Arquivo Nacional do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, participar do evento nesta semana é muito prazeroso por estar entre os profissionais de arquitetura e urbanismo do país.
“O diálogo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo é muito promissor e necessário. Nós temos o desafio de fortalecer agendas de longa data, mas também sermos mais ousados até sob inspiração do Souto de Moura, pois as possibilidades de inovação na arquitetura também devem servir como gancho para um aproveitamento para reflexões sob as formas como lidamos com os patrimônios da arquitetura e do urbanismo, com foco nos seus múltiplos registros de memória”.
Ela relembrou que em 2028, Eduardo Souto de Moura foi premiado pelo Leão de Ouro e agora estamos celebrando o feito inédito do Brasil receber o mesmo prêmio. “Tive a grata felicidade de trabalhar com a dupla de curadoria premiada, Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Lembrando e ajudando a provocar o reconhecimento do lugar das pessoas e a partir delas promover uma aproximação sobre o valor do patrimônio arquitetônico e ao mesmo tempo um posicionamento crítico que tem o potencial de adensar as nossas riquezas e superar as nossas limitações”.
Ana Flávia mencionou que a dupla ousada chamou atenção e deu sentido a um patrimônio que é existente e que precisa ser visualizado. “Podemos fazer um acerto de contas com nosso passado e que as promessas de democracia e igualdade, cidadania e direitos humanos possam ser alcançadas com mais generosidade.
Ana Cecília Gomes de Sá, do MinC, que também é arquiteta destacou também o Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023. “No Brasil, somos privilegiados por possuir um patrimônio arquitetônico vasto e mundialmente relevante. Nossa arquitetura reflete a diversidade cultural que moldou nossa nação. Ela conta a história do encontro entre indígenas, europeus, africanos, e de tantas outras origens que se mesclaram para a sociedade brasileira. Por isso que a arquitetura está se fortalecendo no radar das políticas públicas do Ministério da Cultura. A exposição Terra, coloca em evidência a riqueza das produções arquitetônicas nos territórios indígenas, quilombolas e terreiros de candomblé. Isso mostra um novo reconhecimento internacional da arquitetura brasileira para além da produção moderna. Ela se destaca, ainda, pelas suas soluções sustentáveis, pela valorização da diversidade cultural e pelo papel do arquiteto como agente de mudança”.

Luiz Sarmento, presidente do IAB-DF e representante do Colegiado Permanente das Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo, destacou o nível de debate altíssimo com um tema que precisamos enfrentar. “Precisamos construir alternativas e nesse evento avançamos. Essa Carta de Ouro Preto é fundamental. Porém mais importante é levarmos essa carta, nós profissionais de arquitetura e urbanismo, em nível municipal, estadual e federal nas conferências de cultura. Temos que debater junto com nossos colegas de cultura políticas públicas e normativas. É um momento muito propício para construir de forma conjunta”.

“Esse é mais um passo para a construção, mas ainda tem um trajeto grande pela frente, com a construção da carta que será elaborado pelo CAU, um importante documento para resguardar o que está correndo o risco de se perder”, afirmou Danilo Matoso, do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro.

Alexandra Pinho, representando a Embaixada de Portugal e o Instituto Camões, lembrou que a Embaixada traz sempre boas notícias, relembrando os acordos firmados no ano passado durante o II Fórum Internacional de Conselhos, Ordens e Entidades de Arquitetura e Urbanismo. “Foi um debate tão rico em torno do patrimônio e acervo. É evidente que o ciclo de debates foi um sucesso. Tivemos um retorno que a visitação da exposição também foi muito visitada, principalmente, por jovens profissionais de arquitetura e urbanismo. Quero agradecer essa parceria tão virtuosa com o CAU”.
SAIBA MAIS SOBRE OS PALESTRANTES
A programação paralela à exposição Souto de Moura contou com outros três encontros dedicados à memória, aos projetos e às obras do arquiteto português, ganhador do prêmio Prietzker de 2011 e do Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza em 2018. A mostra esteve aberta a visitação entre 22 de março e 21 de maio no Paço Imperial do Rio de Janeiro. Foi iniciativa da embaixada de Portugal no Brasil, do Consulado-Geral de Portugal no no Rio de Janeiro e do Instituto Camões – Centro Cultural, em Brasília. Também contou com a parceria da Casa da Arquitetctura e patrocínio da Petrogal Brasil. Também foram apoiadores da mostra o CAU/RJ, o IAB nacional e seu departamento no Rio de Janeiro, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Em breve, as gravações dos debates do Ciclo de Debates sobre Patrimônio e Acervo – Memórias da Arquitetura Brasileira estarão disponíveis no canal do CAU Brasil no Youtube. Assine e receba as notificações.
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