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Espaço Público: o papel do arquiteto e urbanista na implementação da Nova Agenda Urbana

 

Plano Geral da cidade de Curitiba (PR).
Plano Geral da cidade de Curitiba (PR).

 

imagem-destacada-habitatAs cidades, grosso modo, podem ser divididas em espaços públicos e privados, e neste espectro os espaços públicos podem ser abertos e de livre acesso, ou fechados assumindo funções específicas na comunidade. Os espaços abertos podem ser edificados ou não, e neles estão contidos as vias de circulação; calçadas; praças; parques; encostas; fundos de vale, enfim todo o conjunto de áreas urbanas que devem ser articuladoras da cidade e da cidadania, costurando e dando acesso aos espaços e edifícios onde acontece a vida privada.

 

Neste contexto há também os edifícios públicos, lugares a serviço da cidadania, tais como escolas, postos de saúde, postos policiais, centros comunitários e/ou culturais dentre outros, que se somam aos primeiros, formando uma rede urbana capaz de recompor as cidades, com a adoção de uma nova lógica onde o público adquire outra dimensão,  passando de transitoriedade à permanência e transformando a vida urbana.

 

A cidade não pode ser vista, portanto como um sistema fechado, nem muito menos deve repetir fórmulas rígidas de zoneamento e ocupação, a exemplo do que foi preconizado na arquitetura moderna. Articular os sistemas de espaços públicos na malha urbana é um crochê delicado e minucioso, composto de distintos retalhos, para dar unidade ao conjunto. Torna-se essencial, pois, que esta teia formada por: espaços e edifícios públicos, esteja habilitada para criar distintas possibilidades de desenvolvimento endógeno e sendo assim gerar identidade.

 

A cidade é nesta perspectiva um espaço aberto de construção da vida coletiva que exige: planos e projetos com desenho urbano completo e detalhado, articulados e integrados, capazes de mediar os conflitos e interesses sociais econômicos em cada territorialidade.

 

Sua resiliência e sustentabilidade residem na capacidade dos espaços públicos livres ou de serviços darem respostas aos desejos e necessidades cotidianas dos moradores de forma eficaz e confortável, ampliando a mobilidade e reduzindo o tempo dispendido nos trajetos, atendendo também as necessidades de lazer e tempo livre nesta mesma espacialidade, possibilitando que o trabalho e a morada sejam lugares onde se desenvolve atividades restritas no tempo e no lugar.

 

A diversidade cultural deve estar expressa no desenho urbano. Assumir sua existência na materialização dos espaços reaproxima as pessoas, levando-as ao exercício da tolerância e da reciprocidade tão necessário à vida saudável da coletividade.

 

Definir as cidades por aspectos meramente utilitários, como um sistema global de aglomerados humano, rouba-lhes a identidade e, portando, a dignidade. É preciso redefinir as prioridades e as ações políticas de forma a recuperar os espaços públicos em sua enorme diversidade.

 

Se os edifícios exigem projetos eficientes e detalhados, esta exigência tem de se estender a toda a cidade, principalmente aos espaços públicos. É inconcebível pensar  que estes lugares onde se constrói a vida coletiva estejam desarticulados e sem identidade,  se constituindo apenas em  passagens, interligações e serviços. A vida cidadã exige mais, ela exige identidade, pertencimento, fraternidade e dignidade.

 

A Nova Agenda Urbana vai, portanto nos cobrar como profissionais, este compromisso de pensar e discutir a cidade como um conjunto enorme de atores sociais e econômicos, tomando como suporte as condições e particularidades ambientais do lugar para tecer esta rede urbana integrada. Uma rede que privilegie os espaços públicos como lugares de construção do bem estar coletivo, reduzindo a entropia, ampliando a resiliência e caminhando enfim ,para a sustentabilidade.

 

Pensar e desenhar as cidades, fazer uso das mais altas tecnologias disponíveis e mesclá-las com aquilo que é endógeno é gerar identidade e conforto, pertencimento e cuidado, cidade e cidadania e é este o compromisso que se espera dos arquitetos, urbanistas e paisagistas, preconizados nos 175 parágrafos da Nova Agenda Urbana, acordada para os próximos 20 anos, na HABITAT III em Quito no Equador, em outubro de 2016.

 

Veja também:

 

Governança Metropolitana: O papel do arquiteto e urbanista na Nova Agenda Urbana

 

Habitação Social: O papel do arquiteto e urbanista na nova agenda urbana

 

 

Publicado em 09/11/2016

 

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