A necessidade de profissionalização no uso de tecnologias emergentes para a preservação do patrimônio cultural foi um dos destaques da mesa-redonda realizada em 13 de agosto, durante o seminário “Legados e Lições: Um Olhar sobre 60 Anos da Carta de Veneza”, em Olinda-PE. O debate abordou temas discutidos nos painéis “Avaliação de Impacto e Estudos de Caso” e “Tecnologia e Inovação na Preservação”, que trataram do uso de tecnologias como realidade aumentada, digitalização 3D e análise de materiais em projetos de conservação.
A conselheira federal do CAU/BR e mediadora do debate, Leila Marques, compartilhou sua experiência como servidora pública na restauração de edifícios históricos, destacando o desafio de adaptar essas estruturas para novas funções. Marques citou o exemplo do Palácio da Justiça de Petrópolis, que foi restaurado e transformado no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) – Campus Petrópolis.
O arquiteto e urbanista Jorge Eduardo Lucena Tinoco, especialista em conservação e restauração de monumentos, ao comentar seu trabalho, baseado nos parâmetros e recomendações da Carta de Veneza, ressaltou a importância de os profissionais acompanharem as inovações tecnológicas para garantir a preservação eficaz do patrimônio cultural.
O arquiteto e urbanista Pedro Henrique Cabral Valadares, especialista em arquitetura contemporânea e patrimônio histórico, ressaltou que trabalhar com o passado não significa ficar preso a ele. “Precisamos nos inteirar das novidades tecnológicas para garantir a preservação do que foi feito no passado”, afirmou. Destacou também a similaridade entre a chegada do AutoCAD e o atual momento do Building Information Modeling (BIM), onde muitos profissionais relutam em adotá-lo devido ao alto investimento. “Estamos vivendo um momento em que muitos profissionais não querem entrar por causa do custo, mas logo todos terão que aderir para não ficarem ultrapassados. Precisamos investir na profissionalização das pessoas que operam essas tecnologias para garantir decisões seguras e precisas nos projetos de preservação”, enfatizou.
A especialista em Restauração e Gestão do Patrimônio, arquiteta e urbanista Isabel Rocha, alertou para os riscos da redução de 40% na carga horária do curso de arquitetura, principalmente nas áreas de história e tecnologia, mencionando a importância de lutar contra essa mudança. “Estamos sempre aprendendo e a tecnologia é uma arma essencial. Não podemos deixar que a formação dos futuros profissionais seja comprometida,” disse.
Já a arquiteta e urbanista Marina Russell Brandão Cavalcanti, mestre em Turismo e Patrimônio e em Preservação do Patrimônio Cultural, reforçou a importância da qualificação dos profissionais para a preservação do patrimônio histórico.
O seminário “Legados e Lições: Um Olhar sobre 60 Anos da Carta de Veneza” foi realizado conjuntamente pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), por meio da Câmara Temática de Patrimônio da Comissão Especial de Política Urbana e Ambiental (CPUA), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE), da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU/MG) e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ).
O evento, que teve uma programação extensa nos dias 13 e 14 de agosto, foi transmitido ao vivo pelo canal oficial do CAU/BR no YouTube. Para quem não pôde acompanhar, as palestras estão disponíveis. Aproveite!
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