Por Emerson Fonseca Fraga, Jornalista do CAU/BR
“Sempre, antes de iniciarem os Congresso Brasileiros de Arquitetos, se reúne o Conselho Superior do IAB. Nesta ocasião eu era membro deste conselho. No primeiro dia de reunião fiquei nervoso, impaciente, ao ver as constantes entradas e saídas dos colegas do IAB do Rio. Quase não participavam da nossa reunião e era evidente que estavam resolvendo problemas de última hora. No segundo dia chamei um deles a um canto e expressei minha preocupação:
– Tchê, estou vendo que vocês estão atrapalhados, o Congresso começa depois de amanhã.
Ele, sorrindo, coloca uma das mãos em meu ombro e diz:
– Gaúcho, relaxa, você está no Rio”
O trecho da crônica “Congresso” (leia aqui a íntegra), acima, é uma amostra precisa do espírito do livro Arquitecrônicas, lançado pelo ex-conselheiro do CAU/BR Cesar Dorfman na 63ª Feira do Livro de Porto Alegre, no último mês de novembro. A publicação contém 56 crônicas sobre experiências do autor como arquiteto e urbanista, professor e representante da categoria nas entidades de Arquitetura e Urbanismo – sempre com foco nas relações humanas. “Gosto de escrever, até por ser uma característica da atividade de professor. E essas histórias estavam todas guardadas na memória, então resolvi transcrevê-las. Algumas aconteceram comigo, outras ouvi e outras são a mais pura ficção”, revela o escritor.

Para o jornalista e escritor Rafael Guimaraens, autor do prefácio do livro, “Arquitecrônicas revelam um contador de histórias perspicaz, que reveste seus relatos com o humor sensível e generoso de quem não perde a piada e muito menos os amigos. Para os leitores, o livro oferece um painel de personagens singulares e histórias surpreendentes: para os profissionais e estudantes de Arquitetura, um encontro divertido com as vicissitudes da profissão”.
Os textos são relatos pessoais e bem-humorados de situações ficcionais ou vividas nos mais de 50 anos de atividade do profissional. Entre eles, há crônicas em homenagem a ilustres colegas, como Rodrigo Janot, Miguel Pereira, Carlos Fayet e João Filgueiras Lima, o Lelé. “Quis fazer literatura a partir da profissão de arquiteto e urbanista. Conheço muitas obras em torno da profissão de médico e de advogado, por exemplo, mas da nossa área, muito poucas. Apesar disso, o livro não foi feito só para arquitetos, mas pra pessoas em geral, para que fiquem mais próximas da profissão por meio da leitura”, afirma Dorfman.
O autor

Cesar Dorfman é arquiteto, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1964. Foi conselheiro da gestão fundadora do CAU/BR (2012-2014) pelo Rio Grande do Sul. Na última década conquistou, com uma equipe de jovens arquitetos, quatorze prêmios em concursos nacionais de projeto e recebeu espaço especial na VII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo. De 1976 a 2010, trabalhou como professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
É também compositor, com vários prêmios em concursos e inúmeras músicas gravadas. No trabalho de compor canções, desenvolveu o trato com a escrita, levada adiante no livro de memórias Havana 63, lançado em 2013, com relatos sobre o Congresso da União Internacional de Arquitetos de 1963, e agora, em Arquitecrônicas. Leia aqui entrevista feita pelo CAU/RS com o autor sobre o lançamento da publicação.
Serviço
“Arquitecrônicas”, de Cesar Dorfman
184 páginas, Editora Libretos
Disponível nas livrarias Cultura, Saraiva (impresso) e Amazon (e-book)
Uma resposta
Parabéns Dorfman por mais este lançamento. Esta coisa de mexer em gavetas quase sempre dá pano prá manga ou Arquitecrônicas.
Até.