Faleceu nesta quinta-feira (6/1), aos 69 anos, em Brasília, o arquiteto cearense Francisco de Assis Lima Aragão, residente em Brasília. Formado na Universidade de Brasília (UnB), ele era um exemplo de superação, pois mesmo tendo ficado tetraplégico durante a graduação, há mais de 40 anos, foi responsável pelo projeto de mais de 100 casas no Distrito Federal. Ele teve falência múltipla de órgãos.
“Não é da prancheta, nem do acidente, nem da força para se manter não apenas vivo, mas existindo, que brotam as melhores e mais surpreendentes histórias da vida desse arquiteto que, mesmo tetraplégico, projetou mais de 100 casas em Brasília, no Lago Sul, Lago Norte e nos condomínios de classe média e média-alta. É do coração”, escreveu a jornalista Conceição Freitas, referência na imprensa do DF, em reportagem escrita especialmente para o CAU Brasil em 2019.
Um capotamento a caminho de Fortaleza (CE), aos 27 anos, dividiu a vida de Assis em antes e depois. Ele viajara com a namorada Ana Laura, grávida de três meses, para se casar, mas o acidente lhe tirou os movimentos do pescoço para baixo, além dela perder o bebê. Permaneceu o amor. “Nos cinco anos seguintes, ela cuidou do amado e o fez perceber que podia voltar a desenhar, com a ajuda de um equipamento (um fio de metal de onde desce um fio maleável que conduz sobre o papel o lápis preso à mão de Assis)”, escreveu a jornalista.
Francisco Aragão foi aluno de Athos Bulcão, estagiário de João Filgueiras Lima, o Lelé, e quase foi com ele ajudar no projeto do Sarah de Salvador (BA). A tragédia interceptou os planos de trabalhar com um dos mais importantes (e tecnológicos) arquitetos brasileiros. Eu amava Oscar Niemeyer, amo Oscar Niemeyer, amo Brasília, amo demais essa cidade!”, disse ele na entrevista.
Em 2019, a UnBTV realizou uma entrevista com o arquiteto. Na oportunidade, ele mostrou como realizava seu trabalho, mesmo com movimentos limitados. Assista:
Leia também:
A história do arquiteto Francisco Aragão, uma história de superação