Em singela cerimônia realizada hoje (28/05), na sede departamento paulista do IAB, a família do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha recebeu a Medalha de Ouro da União Internacional dos Arquitetos (UIA) concedida a ele em 5 de maio de 2021 poucos antes de seu falecimento no dia 23 do mesmo mês.
Estiveram presentes a viúva Helene Afanasieff e os filhos Pedro Mendes da Rocha, arquiteto e urbanista, e Nadezhda Mendes da Rocha, designer. Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil e jurada do prêmio; Maria Elisa Baptista, presidente do IAB/DN; Fernando Túlio, presidente do departamento paulista do IAB; e Igor de Vetyemy, comissário geral do 27° Congresso Mundial de Arquitetos fizeram pronunciamentos, além dos familiares. Vizinhos do prédio do IAB/SP, onde o arquiteto mantinha seu escritório, aplaudiram das janelas de seus apartamentos.
Nadia Somekh, presidente do CAU Brasil e jurada da premiação, leu e entregou para a viúva o diploma de premiação que transcreve trecho do parecer do juri: “Por levar a arquitetura a novos patamares de virtuosismo técnico, que transcendem limites, mantendo um senso fundamental de lugar que é baseado organicamente na terra e na cultura nativas”.
Os depoimentos dos familiares emocionaram o público da 171ª Reunião do Conselho Superior do IAB (COSU) que abriu sua agenda para o ato. Helene Afanasieff, viúva, leu um pequeno texto que terminava assim: “Vivemos juntos por meio século e, evidentemente, hoje resta uma imensa saudade, palavra portuguesa, que Saramago esclareceu como sendo única – com o significado que tem”.
O arquiteto e urbanista Pedro Mendes da Rocha, filho e arquiteto, foi aluno, estagiário e, na fase mais madura, depois de outras experiências, coautor de vários projetos de museus com o pai, entre eles o Museu da Língua Portuguesa , em São Paulo, e o Museu das Minas e do Metal, de Belo Horizonte. “Era impactante como ele se aproximava das questões colocadas em cada projeto, das suas pecularidades, com velocidade, sagacidade, brilhantismo, inovação, sempre surpreendendo os colegas do Patrimônio” , afirmou ele.
“Foi emocionante trabalhar, criar e ficar próxima dele quando ele já estava mais velho”, disse Nadezhda (Naná) Mendes da Rocha, filha e designer, que entre outras concepções desenvolveu uma nova coleção da poltrona Paulistano, criação original do arquiteto.
Para o arquiteto e urbanista Igor de Vetyemy, comissário do 27°. Congresso Mundial de Arquitetos, “a premiação foi uma imensa e agradável surpresa para o UIA2021RIO pois homenageou quem nos honrou como patrono”.
“Paulo também era um excelente urbanista. Devo muito a ele minha vontade de voltar a nadar pelos rios Pinheiros e Tietê ao me ensinar a importancia das águas para a reconstrução do Brasil e da América Latina através da arquitetura e do terrritório”, afirmou Fernando Túlio, presidente do departamento paulista do IAB.
A fala de Maria Elisa Baptista, presidente do IAB/DN, concluiu a cerimônia. “Tem uma frase do Paulo que eu nunca me esqueço e me ensinou muito: “para desenhar barcos, não basta conhecer madeirames e clavilhas, há que saber de ventos e marés”.
O ato coincide com a 13ª. Bienal Internacional de São Paulo, inaugurada na véspera, e com a 171ª. Reunião do Conselho Superior do IAB (COSU).