O programa Fantástico, da TV Globo, apresentou uma reportagem sobre o custo da corrupção em obras de infraestrutura do Brasil. A conclusão é estarrecedora: R$ 300 bilhões em desperdício. O resultado: obras inacabadas e investimentos paralisados. A conta foi feita pelo economista Claudio Frischtak, doutor em economia pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. “Não tinha projeto completo, às vezes nem mesmo projeto básico. Você vai fazer uma obra na sua casa sem projeto? Qual é a tendência? Dar errado, vai custar mais, atrasar e o bem-estar dessa reforma vai ser adiado. A mesma coisa aconteceu no nosso país”, afirmou Frischtak, que fez carreira no Banco Mundial.

CORRUPÇÃO EM OBRAS FEDERAIS
Nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 18 obras realizadas pelo Governo Federal, houve 136% de aumento de custos e 132% de aumento de prazo. Mesmo assim, 15 delas não estão prontas até hoje. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, já consumiu R$ 66,5 bilhões, sendo que deveria ter custado “só” R$ 10 bilhões. A Ferrovia Norte-Sul teve R$ 400 milhões em aditivos, segundo a reportagem exibida no dia 04/06/2017. Calcula-se que, com toda essa verba desviada seria possível universalizar o saneamento básico no Brasil, quadruplicar as redes de metrô de São Paulo e do Rio de Janeiro ou então colocar 8 milhões de crianças em creches. Veja aqui a reportagem completa do Fantástico que foi ao ar no domingo 04/06/17.

DENÚNCIAS DO CAU/BR
A reportagem do Fantástico destaca denúncias que o CAU/BR vem apresentando à sociedade desde 2013. O CAU/BR entende que a Lei de Licitações do Brasil precisa exigir projeto completo em todas as obras públicas do país e separar projetistas e construtores. “Afirmamos que a falta de Projeto Completo na licitação da obra é fator determinante para a baixa qualidade e aumentos de custo e de prazo”, diz documento assinado pelo CAU/BR e mais dez entidades de Arquitetura e Engenharia, entre elas IAB, FNA, AsBEA, ABAP, ABEA, FeNEA e SINAENCO. Leia aqui.

Já se afirmava, em 2013, que a modalidade de “Contratação Integrada”, onde se contrata projeto e obra a partir apenas de um anteprojeto, é “o melhor caminho para o aumento dos custos, para a diminuição da qualidade e para a consagração da corrupção nos contratos de obras”. Desde então, os arquitetos e urbanistas já participaram de diversos debates no Congresso Nacional, visitaram o Palácio do Planalto duas vezes e publicaram artigos em jornais de grande circulação para denunciar a forma escandalosa como ocorrem as contratações públicas no Brasil. O caso específico da Refinaria Abreu e Lima também foi tema de manifestações do CAU/BR. Leia aqui.

EXCESSO DE ADITIVOS
“Licitar uma obra sem um projeto completo é se aventurar. Sem o projeto não se sabe se a obra vai durar um, seis ou 24 meses. Os aditivos aos projetos também acabam virando uma rotina. É um convite para se rasgar dinheiro público”, alertou Haroldo Pinheiro, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), em entrevista ao jornal espanhol El País. O CAU/BR e demais entidades de Arquitetura e Urbanismo do Brasil continuam se mobilizando pela ética nas obras públicas no Brasil. Em abril, mais de 200 arquitetos e urbanistas estiveram no Congresso Nacional manifestando sua opinião sobre o tema. Leia aqui.
25 respostas
Excelente pesquisa e excelente matéria!!! Explica em números o que nós, fiscais, tentamos evitar cotidianamente quando olhamos com cuidado e fazendo “tantas” exigências aos projetos. Somos hostilizados e acusados de “dificultar” e “burocratizar”os processos,quando, no entanto, estamos apenas tentando evitar esses tipo de situação desastrosa para o país e para o destino das verbas públicas. O destino de nossas verbas!!
Prezados senhores do CAU,
Sei que os senhores reconhecem o problema das obras sem projeto executivo e sem acompanhamento de profissional habilitado, seja ele arquiteto, engenheiro civil ou ate técnico de edificações conforme suas atribuições profissionais e limitações legais.
O que não entendo é que tanto esta autarquia quanto o CREA permitem que esses profissionais habilitados aprovem apenas o projeto legal ou de prefeitura e assinem a responsabilidade técnica pela obra sem ao menos acompanhá-lá. Afinal qual profissional autônomo conseguiria tomar conta de 10,20,50 obras simultaneamente.
Acredito que o conselho devia limitar o numero de obras que um profissional possa assinar simultaneamente, uma vez que esses profissionais chamados popularmente de “profissionais canetinha”, além de prejudicarem enormemente a sociedade com suas condutas que comprometem os custos, a qualidade e a segurança das edificações, prejudicam também o profissional que tenta atuar com correção nesse nesse setor onde no fim, quem se responsabiliza e toca a obra é o “empedreiro” e o proprietário do imóvel.
Porque não legislar sobre esse assunto e proibir a pratica da autoconstrução chancelada muitas vezes por profissionais que as vezes nem sabem onde a obra se localiza.
Atenciosamente,
Leonardo, agradecemos a sugestão e pedimos que por favor formalize seu pedido junto à Ouvidoria do CAU/BR, em http://ouvidoria.caubr.gov.br/
Meu amigo, nessa crise… Profissional de carteira assinada mal ta conseguindo acompanhar uma obra… O que dirá autônomo… Fica na tua, e deixa quem ta conseguindo trabalhar ganhar o seu em paz. Legal seria se cobrassem do CAU um incentivo de valorização dentro do setor público para que criem mais vagas (concursos) que paguem decentemente os arquitetos… Porque quando tem concurso… É uma vaga para mais de 7 mil concorrentes inscritos, e com um salário mequetrefe… Isso sim, é motivo pra reclamar e exigir!
O CAU/BR tem lutado no Congresso Nacional para que arquitetos e urbanistas virem carreiras típicas de Estado. Sempre que o projeto volta à pauta, pedimos a mobilização dos arquitetos e urbanistas. Veja em http://www.caubr.gov.br/carreira-de-estado-para-arquitetos-e-urbanistas-sera-votada-no-senado-avise-seu-senador/
Traduzindo a resposta do CAU: pode reclamar, mas não iremos mudar.
Beny, o CAU/BR é uma plenário de 28 arquitetos e urbanistas que tomam decisões de forma colegiada e seguindo os ritos previstos no Regimento Geral (recentemente colocado consulta pública aberta a toda a sociedade). Esta área de comentários destina-se ao debate livre e aberto entre os arquitetos e urbanistas. Pede-se o encaminhamento de sugestões via Ouvidoria para que a demanda siga os trâmites e prazos legais, garantindo a efetividade da participação de todos, igualmente. Todos os comentários, sugestões e críticas são bem-vindos!
Arquiteta,AM, se o seu conceito de trabalhar é assinar projetos e se responsabilizar por obras que não fiscaliza, sinto muito se a meu comentário te ofendeu, mas essas atitudes prejudicam o bom profissional e a sociedade.
O que deu pra perceber é que o sr./sra. aparentemente faz ou aprova essa conduta danosa e no fim quer se esconder atrás de um emprego público estável e pouco produtivo. Ganhar bem e não fazer nada: esse é o objetivo do profissional canetinha e de muitos concurseiros.
por vezes, é melhor nem saber de situações como esta da matéria.
isto causa uma revolta, quando se sabe que nunca será recuperado tamanho desperdício de investimentos.
para mim, está mais do que claro, que nossa sociedade não está educada suficientemente, nem preparada para viver numa “democracia”, pois ela peca no básico.
as grandes obras de infra, tocadas no tempo dos governos militares, tiveram todos esses aditivos, protelações de prazos, e distribuição de propinas?
Pior meu caro, recentemente li uma matéria sobre o assunto…e mais, por favor não compare estado democrático com ditadura, lá não se sabia de nada, imagina se os milicos iam receber arquitetos e escutar o que os democratas escutaram, ah por favor, acorda.
A questão não é essa, está explicitado por todas as entidades. Ja fui fiscal de obra no SUS e não teve roubo, tudo depende de como a coisa é feita: teve projeto básico/executivo e obra nada atrelada a nada. e depende tb dos atores.
Abraço, Arq Lívio Maia
bueno…agradeço o aparte do colega livio maia…sem entrar em questoes de governos militares e democratas, penso que nestes últimos (governos civis), sempre faltou compromisso ético, seriedade, honestidade com a coisa pública.
em relação à postura dos órgãos ( Cau e Crea, etc.) penso que sempre se posicionaram conforme fosse necessário, e asism o foi na lei de licitações, etc…
mas talvez falte força politica para se fazerem ouvidos.
de qualquer forma, acredito que a situações para os profissionais tende a piorar, com essa “bela idéia” do ensino da arquitetura à distância, que nos vai tornar mais despreparados ainda.
Interessante o papel do CAU,neste processo todo aonde estava a fiscalização..aonde fica a legislação…Aonde ficamos nesta historia toda…CAU…Qualquer que seja a posição… a frase tipica:agradecemos a sugestão e pedimos que por favor formalize seu pedido junto à Ouvidoria do CAU/BR, …Esse é o papel da CAU se resume a isto!
…exemplo…“Licitar uma obra sem um projeto completo é se aventurar. Sem o projeto não se sabe se a obra vai durar um, seis ou 24 meses. Os aditivos aos projetos também acabam virando uma rotina. É um convite para se rasgar dinheiro público”, alertou Haroldo Pinheiro, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR), em entrevista ao jornal espanhol El País…
Parabéns Presidente…falou escreveu e nada aconteceu…nada…nadasó discurso..Parabens
Legal seria se se o CAU criasse um incentivo de valorização do profissional dentro do setor público e empresas particulares, para que criem mais vagas decentes que remunerem de acordo com a nossa profissão!!!! E que criem concursos que paguem decentemente os arquitetos… Porque quando tem concurso… É uma vaga para mais de 7 mil concorrentes inscritos, e com um salário mequetrefe… Aí não dá!!!! A pessoa rala pra terminar uma faculdade de arquitetura, estuda milhões de softwares, faz pós e o escanbal… Mas não tem mercado! E quando tem… Não querem valorizar! É necessário que o CAU desperte pra isso…Que adentre nas escolas públicas e particulares…Palestrando e ensinando a importância do profissional Arquieto..Porque grande parte da população pensa que arquiteto é produto de “luxo”, ou que é um profissional que só sabe rabiscar simplesmente “desnecessário” . É necessário que o CAU adentre dentro das empresas e autarquias DO BRASIL INTEIRO, EU DISSE BRASIL INTEIRO… PRINCIPALMENTE DO NORTE DO PAIS ONDE VAGA PRA ARQUITETO É RARÍSSIMAAAA… E BOA PARTE DE COLEGAS QUE CONHEÇO GANHAM MUITO MENOS DO QUE DEVERIAM… TIPO, R$ 1.500,00 POR MÊS A R$ 2.000,00… FISCALIZEM DE PERTO E VEJAM A REALIDADE DO PROFISSIONAL ARQUITETO. INFELIZMENTE, ESTAMOS VIVENCIANDO UMA ERA DE BASTANTE DESVALORIZAÇÃO E DESCASO PARA COM OS ARQUITETOS NO SETOR PÚBLICO E PRIVADO… CHAMEM OS ARQUITETOS PARA DENTRO DO CAU… A DEMANDA DE ARQUITETO AUMENTA A CADA DIA… E COM ISSO TAMBÉM AUMENTA A QUANTIDADE DE PROFISSIONAIS QUE NÃO SABEM NEM O QUE ESTÃO FAZENDO DA VIDA!
O CAU/BR tem lutado no Congresso Nacional para que arquitetos e urbanistas virem carreiras típicas de Estado. Sempre que o projeto volta à pauta, pedimos a mobilização dos arquitetos e urbanistas. Veja em http://www.caubr.gov.br/carreira-de-estado-para-arquitetos-e-urbanistas-sera-votada-no-senado-avise-seu-senador/
LUTEM PARA QUE CRIEM VAGAS, E VAGAS DECENTES PARA ARQUITETOS NA REGIÃO NORTE DO PAÍS: MANAUS-AM… QUEREMOS TRABALHAR… NÃO TA FÁCIL PAGAR ANUIDADE DE MAIS DE 545,00 REAIS SEM TER REMUNERAÇÃO.
OUTRA SUGESTÃO É: QUE VOCÊS COBRASSEM UMA ANUIDADE MAIS BARATA PARA QUEM NÃO ESTÁ GERANDO RRT.. PO, SE O PROFISSIONAL LIBERAL NÃO TA CONSEGUINDO NENHUM PROJETO, PORQUE ELE DEVERIA PAGAR A ANUIDADE ANUAL CHEIA… É ATÉ UMA QUESTÃO DE BOM SENSO.
Falta de projeto e de lei duras aos CORRUPTOS.
Será que essa constatação apenas levanta o véu de que os planos de engenharia e arquitetura dos governos nos últimos 14 anos, sem comprometimento com Projetos de Engenharia e Arquitetura e atuação efetiva de profissionais da área, possuíam um comprometimento muito maior com corrupção do que com o desenvolvimento do Brasil? O que surpreende é que tanto o CREA quanto o CAU jamais se manifestaram durante esses 14 anos ( o CAU por menos tempo, é claro) no sentido de cobrar das empresas estatais e dos executivos/políticos do Governo, um comprometimento efetivo com o atendimento aos clamores da Nação – dentro das normas básicas da Engenharia e Arquitetura. Afinal, Fiscalização não é um de seus atributos principais?
Valter, o CAU/BR vem lutando pela revisão da Lei de Licitações desde seu início, conforme explicado no texto acima. Arquitetos e urbanistas de todo o Brasil têm cobrado intensivamente os políticos sobre esses fatos, como vc pode ver em http://www.caubr.gov.br/leidelicitacoes
A atual lei das licitações possui o termo “Projeto Básico”. Não há como fiscalizar se a lei está inadequada. Por isso a luta do CAU/BR com apoio do CONFEA com o intuito de substituir pelo termo “Projeto Completo”.
A atual lei das licitações possui o termo “Projeto Básico”. Não há como fiscalizar se a lei está inadequada. Por isso a luta do CAU/BR com apoio do CONFEA com o intuito de substituir pelo termo “Projeto Completo”. Melhor ainda se fosse o termo “Projeto Executivo” ou “Projeto para Execução” como descrito no item 2.4.8 da norma técnica ABNT NBR 13531:1995.
Não é a toa que construção civil é a área mais desorganizada do país, ninguém se entende, Engenheiros, Arquitetos e Técnicos em diversas áreas podem fazer tudo igual. Fiscalização existe somente no profissional e não no produtor da obra. Nunca vi nos meus 15 anos de profissão um pedreiro ser multado ou levado a responder civilmente por uma obra que ele pegou sem profissional. Nunca vi um sindico ser preso por executar serviços sem profissional em seu condomínio. Esta verdadeira bagunça administrativa e falta de limites claros entre as profissões bem como a sede dos órgãos CAU e CREA na arrecadação abrem brechas para a corrupção. Precisamos de debates e ter postura como a OAB que foi lá protocolar pedido de afastamento do presidente. Onde está a classe de arquitetos e engenheiro para fazer o mesmo? E realmente também concordo com o colega Leonardo quando pergunta como o CREA e o CAU permitem que profissionais liberais tenham 50 obras num mês? Permitem porque arrecadam, e fecham os olhos ao claro, evidente e explícito demonstrativo de corrupção nisto.
Exatamente cara colega, e o pior é que ambas as autarquias não fazem nada para combater a prática do “profissional canetinha” ou do “empedreiro” que em conluio com o proprietário do imóvel constroem e “desenham” sem a assessoria de um profissional habilitado. Tenho a tese que o CAU e o CREA não combatem porque isso só traria trabalho seus funcionários (pagos por nós) e despesas (que pagaríamos com prazer para esse fim). Também tem a questão socioeconômica que é tratada com um forte viés político-partidário ao ponto do próprio CAU apoiar uma arquiteta a ensinar leigos a “desenhar” e construir suas próprias casas em área particular invadida, denominada INVASÃO DANDARA, com apoio do MST e sua turma. MAS ENQUANTO PAGARMOS NOSSAS ANUIDADES PARAS AS AUTARQUIAS TEREM SUAS SEDES CHIQUES COMO É O CASO DA SEDE DO CAU-RJ, LOCALIZADA NO CORAÇÃO DA AV. CHILE, AO LADO DA PETROBRAS, BNDES E CATEDRAL METROPOLITANA, AÍ TUDO BEM. Mas se eles não lutarem por nós chegará um dia que não teremos mais forças para lutarmos por eles. E mesmo se tivéssemos muitos não lutariam.
Abraço e força!
SÓ AGORA????? …… POR CAUSA DOS PROJETOS?????
O CAU – CONFEA – SEMPRE SE FINGINDO DE MORTOS,
NUNCA SE POSICIONARAM QUANTO A RAPINAGEM DAS EMPRESAS
PELOS POLITICOS E PARTIDOS, MENSALÃO ETC…
. PORQUE SERÁ?
NAO VIMOS NADA DE PROTESTO TAMBÉM NESSAS Categorias:
ABEA,
AsBEA,
ASSESSORIA PARLAMENTAR,
CAU/BR,
CAU/UF,
CIDADES,
ENTIDADES DE ARQUITETURA,
EVENTOS,
FNA,
FPAA,
IAB.
13 ANOS PERDIDOS…..
Elias, há protestos de todas essas entidades, desde 2013. Citamos vários exemplos na reportagem acima. Veja documento conjunto de todas as entidades em http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2014/02/DOCUMENTO-IAB-CAUBR.pdf
Para saber mais sobre as ações do CAU/BR e demais entidades de Arquitetura e Urbanismo, acompanhe nosso clipping diáro em http://www.caubr.gov.br/clipping/
Se os conselhos nem conseguem divulgar o que faz um arquiteto, então é possível imaginar o medo do Conselho de fiscalizar uma obra do governo?