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Helena Tourinho: Vocação descoberta na paixão pelo estudo e na sensibilidade social

A arquiteta e urbanista Helena Tourinho (Foto: Arquivo Pessoal)

 

A Arquitetura não estava nos planos de vida de Helena Tourinho, na juventude. “Eu gostava muito de desenhar, mas como minha família era de origem humilde, meu pai achava importante fazer um curso técnico. Escolhi Telecomunicações, na Escola Técnica da Universidade Federal do Pará. Mas quando fiz a disciplina de desenho técnico, me apaixonei e mudei de curso para Edificações. Para chegar em Arquitetura, foi um passo”, lembra a arquiteta e urbanista.

 

Nesse período, conseguiu estágios em escritórios de Arquitetura e Urbanismo conceituados em Belém, até passar no vestibular da UFPA. “Meus pais não puderam cursar uma faculdade, mas sempre incentivaram os filhos a estudarem. A educação era prioridade em casa”, lembra.

 

O resultado é uma carreira consolidada na busca constante por conhecimento e sensibilidade social. Helena Tourinho possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (1983), graduação em Licenciatura Plena em Disciplinas Especializadas pela Universidade Federal do Pará (1982), mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará (1986) e doutorado em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (2011).

 

E é a tese de Doutorado – uma reflexão sobre as cidades da Amazônia – que considera um dos marcos na carreira. O trabalho recebeu Menção Honrosa no Prêmio CAPES de 2012, Menção Honrosa no Prêmio ANPUR de 2013 e o primeiro lugar no Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional, de 2014. “Sempre considerei o último trabalho realizado o mais marcante, mas a pesquisa para a tese resultou em muito reconhecimento”, destaca Helena.

 

A trajetória profissional é dedicada ao ensino e à pesquisa urbana. “Esta é a área em que mais gosto de atuar em Arquitetura, por possibilitar contribuir com a sociedade que tanto fez pela minha formação”, explica Helena Tourinho. “Estudei desde o primário até a faculdade, e depois nas pós-graduações, em escolas públicas. Vivi esse outro lado e sei o quanto ainda precisamos avançar nas questões sociais para alcançar a justiça espacial”, diz ela.

 

Helena Tourinho diz que nunca foi atuante no mercado de Arquitetura privado, “não conseguia me identificar com algumas práticas”. O caminho trilhado foi de muito estudo e trabalho. “Compartilhar o conhecimento e ampliar as oportunidades de mudar, mediante a formação de uma consciência crítica sobre a realidade urbana,principalmente nos jovens, é o que mais me motiva,pois transformar as cidades não é uma tarefa para uma pessoa ou um governo, é um trabalho de longuíssimo prazo,implica mudança de costumes e pactuação de interessescontraditórios”, avalia.

 

Além da atuação acadêmica como professora e pesquisadora, Helena Tourinho também aplica o conhecimento adquirido na gestão pública. Atuou como técnica do Instituto do Desenvolvimento Econômico-Social do Estado do Pará – IDESP, onde coordenou diversas pesquisas e na Coordenadoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade do Estado do Pará. Na Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém – CODEM também atuou na Diretoria de Desenvolvimento Urbano e atualmente trabalha com a questão metropolitana na Secretaria de Obras Públicas e Desnvolvimento Urbano do Pará – SEDOP. “A academia alimenta a prática profissional e a prática nos dá o conhecimento e o instrumental necessários para corroborar ou refutar as teorias”, afirma.

 

Helena Tourinho acredita ser de uma geração que já superou o preconceito contra a presença feminina na profissão, mas admite que a discriminação ainda aparece em segmentos muito específicos. “As mulheres precisam se impor mais quando estão à frente de projetos e obras, os prêmios vão na maioria das vezes para homens e, apesar de as mulheres serem maioria nos cursos e no mercado de trabalho, ainda recebem remunerações mais baixas. Então, a questão de gênero, embora não determine a capacidade profissional, ainda tem peso. Temos que estudar mais e provar nossa capacidade a cada dia”, afirma. “Ser arquiteta e urbanista não depende do gênero. É preciso ter visão espacial para enxergar o espaço e projetar as mudanças, ter sensibilidade estética e técnica e, principalmente, ter compromisso social”, conclui.

 

 

Por Dina Santos, da GP Comunicação, para o CAU/PA

 

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