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Homenagem a Alfredo Britto

 

Dia 25 de janeiro no IAB-RJ, às 18h30, o colega arquiteto recentemente falecido será homenageado no IAB. Estão previstos depoimentos, vídeos e uma roda de choro, lembrando o tradicional encontro musical que realizava a cada ano, em sua casa de Santa Tereza.
 
Alfredo Luiz Porto de Britto marcou a arquitetura carioca com sua paixão pela cultura, impressa em projetos como a restauração do conjunto arquitetônico do Arquivo Nacional (1982) e a restauração do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Morais (2004), conhecido como Pedregulho. Profissional premiado e atuante, admirador dos bairros do Rio, Britto era também escritor e professor aposentado da FAU da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo sido também um dos criadores do curso de arquitetura e urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
 
O despertar cultural aconteceu em 1955, quando ingressou na Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda no início do curso de arquitetura, Britto fundou o primeiro cineclube da faculdade e ajudou a criar, no diretório acadêmico, uma revista de arquitetura, que contou com a participação de vários pensadores da época.
 
A relação do arquiteto com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) começou ainda como universitário. Foi nesse período que os debates urbanos passaram a fazer parte da vida Britto. Ele foi secretário do IAB-RJ, membro da Direção Nacional do IAB durante a presidência de Fernando Burmeister (1980 a 1983) e, por dez anos, representante do IAB-RJ no Conselho Superior do IAB (COSU).
 
“Alfredo Britto foi um dos formuladores do pioneiro e famoso Inquérito Nacional de Arquitetura, redator e diretor da revista ‘Arquitetura’ e crítico de arquitetura. Desde o início dos anos 1970, Alfredo foi titular do escritório GAP – Arquitetura e Planejamento, com larga produção edilícia, urbanística e de restauração de patrimônio, tendo recebido diversos prêmios em concursos e premiações, inclusive a 1ª Premiação Anual do IAB RJ, em 1963”, recordou o presidente do IAB, Sérgio Magalhães.
 
Entre os projetos desenvolvidos por Alfredo Britto se destacam ainda o auditório para divisão de patologia do Instituto Oswaldo Cruz (1963) e o edifício da Santa Casa da Misericórdia de Ouro Preto (1983). Com Alberto Xavier e Ana Luiza Nobre, Britto escreveu o livro “Arquitetura moderna no Rio de Janeiro” (1991). Ele também é coautor, com Felipe Taborda e Tom Taborda, do livro “Paisagens Particulares” (2000). O último livro publicado pelo arquiteto se chama “Pedregulho: o sonho pioneiro da habitação popular no Brasil”, lançado em agosto deste ano.
 
“Alfredo Britto foi meu colega como professor da UFRJ. Era uma pessoa de uma cultura geral extraordinária, não se limitando unicamente ao universo da arquitetura e urbanismo. Foi um profissional atuante e sempre pronto para participar de qualquer tipo de atividade, seja ela cultural ou política, que o IAB o convidasse”, disse Luiz Fernando Janot, arquiteto, conselheiro federal do CAU/BR e coordenador geral de concurso do IAB.
 
O presidente do IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, foi aluno de Britto na FAU-UFRJ nos anos de 1980. Segundo Pedro da Luz, Britto era um entusiasta apaixonado pela arquitetura e urbanismo.
 
“Lembro-me ainda hoje do seu comentário sobre meu trabalho, feito para sua matéria, que envolvia a escolha e o fichamento de obras construídas de arquitetura na cidade do Rio de Janeiro. Escolhi três exemplares no bairro de Santa Teresa, no qual ele morava, e eu viria a morar. No trabalho, desenvolvi a ideia de que havia a presença recorrente de torreões, que exploravam as vistas da cidade em diversos exemplares, numa atitude exógena. Alfredo, de maneira precisa, comentou que em todos os imóveis resguardados de espaço público havia também um sentido de privacidade e reclusão, representado pelos quintais arborizados e resguardados do espaço público, como um avesso endógeno que reforçava o contraditório por mim apontado. Sem dúvida uma interpretação sensível da cultura construída de um bairro da cidade do Rio de Janeiro que nós dois tanto amávamos”, contou Pedro da Luz.
 
“A arquitetura carioca teve em Alfredo Britto uma figura singular pelo seu envolvimento em várias faces da profissão. Como professor e pesquisador, como profissional atuante com destaque em projetos ligados ao patrimônio, e na militância profissional através do IAB. Quando da visita do arquiteto britânico Richard Rogers ao Rio, Alfredo nos recebeu no Pedregulho para uma inesquecível e carinhosa visita pelos edifícios. Mais recentemente, quando integramos o júri do concurso para o anexo da Casa de Rui Barbosa, foi um prazer contar com a sua convicção e temperança. Sua constante amabilidade grande falta nos fará”, lamentou a arquiteta e secretária geral do IAB, Fabiana Izaga.
 
Alfredo Britto recebeu seis prêmios e uma menção honrosa do IAB-RJ. O arquiteto morreu em 25 de novembro, em sua casa, no Rio de Janeiro.

 

Publicado em 15/01. Fonte: IAB

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