RIO – Os problemas da Baía de Guanabara não estão apenas na agenda dos ambientalistas. A 52ª premiação anual do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) terá como tema a importância das águas da Guanabara. Com o objetivo de promover reflexões sobre um novo conceito de requalificação urbana, foi criada uma categoria especial para tratar da frente marítima da baía. As outras categorias do prêmio são: arquitetura de edificações, desenho e mobiliário urbano, urbanismo e paisagismo, e produção teórica. Arquitetos e urbanistas de todo o país poderão apresentar propostas até a próxima sexta-feira, dia 5. Os editais estão disponíveis no site www.iabrj.org.br, e o resultado será divulgado no dia 12 de dezembro.
De acordo com a arquiteta e organizadora da prêmio, Cêça Guimaraens, como o Rio está na pauta internacional, a situação da baía provoca dúvidas e polêmicas, principalmente com a proximidade das Olimpíadas.
— Alguns esportes não poderão acontecer ali por causa da poluição das águas. Essa foi a primeira bandeira que levantamos para criar essa categoria especial — diz Cêça, destacando que na baía há exemplos formidáveis de qualificação da frente marítima, como o Museu de Arte do Rio (MAR), o Porto Maravilha, além do Caminho Niemeyer, em Niterói.
A arquiteta e vice-presidente do IAB-RJ, Fabiana Izaga, acredita que, com a premiação, serão encontradas inúmeras soluções para alguns velhos problemas.
— Por que Duque de Caxias, um dos municípios com maior arrecadação, não tem uma frente marítima urbanizada? O primeiro passo é fazer essa reaproximação com a baía e dar visibilidade à água — diz a arquiteta.
A socióloga Maria Alice de Carvalho acredita que o Rio está tendo a oportunidade de reorganizar o seu “tecido urbano”. Para ela, a baía é uma fronteira científica, urbanística e de conhecimento.
— Todas as cidades estão recuperando sua história. E nós também estamos voltando a olhar para as nossas origens, nesse momento em que o Rio vai festejar 450 anos. O símbolo da nossa cidade é esse anel (a baía), que temos de valorizar — diz a socióloga, para quem a mobilização de arquitetos e urbanistas poderá ajudar a baía a “voltar para a história do Rio”.
Fonte O Globo – Publicado em 02/11/2014