Especialistas em meio ambiente presentes no II Congresso Internacional de Sustentabilidade e Arquitetura na Amazônia (ArqAmazônia) recomendam que arquitetos e urbanistas considerem usar mais madeira em seus projetos. Para o engenheiro florestal Niro Higuchi, o fator principal da sustentabilidade nas construções é o uso de matérias-primas que sejam obtidas de forma sustentável. “Comecem a utilizar mais a madeira. Ela é mais bonita e com ela você consegue de fato produzir de forma mais sustentável. O produto é mais importante que a tecnologia”, afirma.
Segundo ele, há um preconceito com uso da madeira, que pode ser verificado até mesmo na fábula dos três porquinhos. As casas de palha e madeira são destruídas pelo sopro do Lobo Mau, enquanto a casa de alvenaria consegue resistir. “Madeira é tão segura quanto qualquer outro material. Arquitetos trabalham com diversidade, e a madeira oferece isso”, diz. Niro apresentou estudos que mostram que só o Estado do Amazonas é capaz de cobrir a demanda por madeira de construção por 20 ou 30 anos, de forma sustentável. Porém, para que isso aconteça, é preciso organizar esse mercado, incentivando o manejo florestal. Niro afirma que a madeira disponivel no mercado não é sustentável. “Tem uma única madeireira certificada no Amazonas. De 12.000 m3 disponíveis no mercado, só 1.000 m3 têm certificacao”, explica.
Takashi Yamauchi, da organização Apoio Brasil, é um dos redatores da norma de Responsabilidade Socioambiental da ABNT (NBR 16.001). Ele alerta que muitas das grandes empresas hoje são obrigadas a publicar seu balanço socioambiental, o que faz com que elas precisem trabalhar com produtos certificados. Existe até mesmo um decreto de sustentabilidade publicado pelo governo federal, que exige das empresas comprovação de processos sustentáveis, sob pena de não poderem negociar com órgãos públicos. Para Takashi, o principal problema não é político, mas de conscientização. “Tanto na Arquitetura como na Engenharia, a gente não aprende a calcular a estrutura de madeira. Se tivéssemos mais uso desses materiais, com certeza haveria mais empresas trabalhando com reflorestamento”, diz.
Niro Higuchi concorda. “É possível produzir de forma sustentável com custos competitivos? É. Se houver mais utilização de madeira, a gente vai valorizar o produto e abrir o mercado com mais produtores. Temos leis e normas, mas precisa de uma conjugação de esforços”, afirma.
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Publicado em 16/09/2016