Falar o idioma alemão ou ter vontade de aprender a língua é a principal recomendação que a arquiteta e urbanista Camila Vieira Préve dá para os arquitetos que tem intenção de trabalhar na Alemanha, onde está desde 2009, quando chegou para fazer um estágio em Berlim. “Existe a possibilidade de trabalhar em inglês, mas quem vem com a meta de crescer profissionalmente já deve vir com essa ideia. Sei que o alemão não é uma língua fácil, mas para gerir projetos e obras, por exemplo, saber o idioma é crucial”, adverte.
Segundo ela, uma dificuldade comum para os brasileiros que vão trabalhar na Alemanha é cultural. “Há uma diferença na maneira de trabalho. Eles têm muitas regras para que o trabalho funcione bem. Isso foi um choque para mim no começo, mas precisamos nos adaptar”, comenta. Formada em arquitetura em Santa Catarina, onde também estuda artes plásticas, Camila tem mestrado na Alemanha e hoje também atua como professora universitária em cursos de arquitetura e design de interiores. Segundo ela, dar aula é um outro campo com oportunidade de atuação.
Camila cita ainda que é importante ter autoconfiança e, se possível, chegar já com uma oferta de trabalho. Existem dois caminhos, segundo ela, para quem está saindo do Brasil para trabalhar na Alemanha. “Há o caminho de procurar um emprego. Hoje tem muitas entrevistas on-line. Diversos escritórios grandes atuam dessa maneira. Quem já vem com uma oportunidade de emprego não precisa fazer o reconhecimento de diploma. Eles entendem que a partir da entrevista, a pessoa já tem capacidade de trabalhar no escritório para o qual está sendo contratada”, explica.
Mas quem não tem passaporte europeu precisará de um visto de trabalho. Já para quem vai para a Alemanha com o objetivo de procurar emprego lá, diz Camila, será necessário passar por um processo de reconhecimento do diploma, além da análise da experiência profissional. “Isso tudo conta para que a pessoa possa ser chamada de arquiteto aqui”, diz. “Existe um site aqui na Alemanha (https://www.make-it-in-germany.com/en/) que facilitou muito a vida de quem quer trabalhar aqui”, afirma. Na Alemanha, explica, há na arquitetura duas carreiras, uma técnica e outra que exige graduação universitária, mas que, “cada vez mais, faz menos sentido”.
Camila hoje trabalha na construção civil, área na qual, segundo ela, há maior número de oportunidades para os arquitetos. “O mercado hoje aqui é bastante dominado por grandes empresas e grandes construtoras. E aqui estão a maiores oportunidades”, comenta ela. Há escritórios de arquitetura que são contratados pelas construtoras, mas elas também contratam diretamente os arquitetos. “Tem muito arquiteto que trabalha com projetos, mas também é possível trabalhar na área de gestão. Esse é o maior mercado, na área de construção civil”, resume.
Outras áreas com oportunidades de trabalho incluem: setor imobiliário, elaboração de projetos para grupos específicos que querem construir o local onde vão morar e a área de design de interiores. Questionada sobre quais recomendações daria para arquitetos que estão no Brasil e querem trabalhar na Alemanha, Camila indicou “focar na documentação, uma coisa muito importante; analisar as condições de vida, como o valor do aluguel na cidade em que pretende morar; e buscar uma oferta de emprego antes mesmo de trocar o Brasil pela Alemanha.