Qualidade de vida e contato com novas culturas são as principais vantagens para arquitetos brasileiros em Portugal

24 de janeiro de 2023

Formada em 2011 pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, de Belo Horizonte-MG, a arquiteta Gabriela Cazeca sempre cultivou o desejo de fazer o caminho inverso de seus antepassados e trabalhar na Europa. Pensando nisso ela entrou com um processo para obtenção da cidadania italiana. Mas foi o convite inesperado em 2019 para fazer o projeto de um amigo que comprou um imóvel em Lisboa, Portugal, que deu o impulso que faltava para lançar a arquiteta mineira na Europa. “Ele me chamou para fazer o projeto e disse que se eu quisesse vir e ficar um tempo na casa dele, que estava convidada. Aí pensei: por que não ir para a Portugal e ver como é?”

“Eu já conhecia Lisboa, mas é diferente pensar em morar do que uma visita turística”, conta. Segundo ela, o fato de ter ido para fazer um projeto encomendado no Brasil foi fundamental para a adaptação. “Eu vim, comecei a conversar com as pessoas, entender como é o mercado aqui, as possibilidades de conseguir um trabalho e ao mesmo tempo trabalhando a distância para o Brasil, com os projetos que eu tinha”, lembra. “Então, antes eu comecei a trabalhar aqui e, quando fiz minha mudança definitiva, já estava com um trabalho aqui”.

Gabriela ressalta que o principal para quem quer trabalhar em outro país é conhecer o mercado e garantir uma forma de subsistência no início, já que a colocação no mercado de trabalho nem sempre é fácil. Ela lembra que ter autorização para trabalhar no país para o qual o profissional pretende se mudar é fundamental. “Vim com meu processo de cidadania italiana em andamento, mas chegando aqui também fiz o pedido, que em Portugal chama manifestação de interesse para viver e trabalhar no país sendo brasileira”, explica reforçando sua estratégia. “O que saísse antes seria o melhor. Acabou que minha cidadania italiana saiu primeiro. O processo para conseguir residência em Portugal é um pouco lento e na época era mais ainda”.

Mesmo tomando todos os cuidados, a arquiteta relata ter tido algumas dificuldades naturais de todo imigrante. “No primeiro momento foi um pouco difícil conseguir um trabalho. Até pelo idioma, que a gente acha que é fácil, que é igual, mas tem várias coisas diferentes. Além disso é um outro país, um outro continente”, ressalta. As condições de trabalho para imigrantes é outro fator apontado por Gabriela como uma dificuldade a ser enfrentada. “Tive que começar por baixo mesmo. Aceitar um salário baixo, coisas nesse sentido, para conseguir entrar no mercado”.

Por outro lado, a arquiteta, que hoje tem 34 anos, conta que quando mudou para Lisboa ficou maravilhada com o padrão de vida e as facilidades encontradas no velho continente. “Morar na Europa é muito mais por uma questão de qualidade de vida do que exatamente financeira. Ter segurança ao voltar para sua casa de madrugada sozinha e a pé. Achei incrível o dia que me falaram que, mesmo sendo mulher, podia voltar para casa sozinha de madrugada”, conta. Além disso, Gabriela considera a experiência de morar na Europa como algo extremamente positivo em termos culturais “A possibilidade de viajar, de estar sempre em contato com pessoas de outras culturas, esse é o motivo pelo qual me mudei e acho que para quem tem essa vontade e pensa assim é muito válido.”
Mesmo com todas as vantagens em termos de qualidade de vida, Gabriela acredita que em termos financeiros o trabalho em Portugal não difere muito do Brasil. “Não vejo Portugal como um país para fazer dinheiro, para enriquecer. É um país em que você vai ganhar um salário médio, mas o custo de vida é um pouco mais baixo”, comenta enfatizando sempre a questão da qualidade de vida. “Mais do que fazer dinheiro, aqui dá para ter uma boa qualidade de vida.”
Para os colegas arquitetos que pretende fazer caminho semelhante e tentar a vida em Portugal, Gabriela aconselha estudar o mercado e se atualizar nos novos softwares que são usados, além de garantir o aprendizado de outras línguas. “Quem souber trabalhar com esses softwares vai sair na frente, falar bem outros idiomas é importante também. Ter um bom inglês, porque, mesmo em Portugal, os escritórios atendem clientes internacionais. Então é muito importante ter pelo menos o inglês.”