A Galeria da Cidade recebe a exposição Lelé: um Projeto de Brasil, sobre o arquiteto João da Gama Filgueiras Lima. A exposição apresenta e homenageia a trajetória de mais de meio século de exercício profissional deste que uniu concepção, projeto e construção com maestria, sempre preocupado com questões climáticas e em diálogo com a geografia e temas como economia energética e de matéria prima. A abertura ocorre de forma virtual no dia 11/2, às 18h, no canal do YouTube da Escola da Cidade. O período de visitação vai de 12 de fevereiro a 20 de maio de 2022, com entrada gratuita e uso obrigatório de máscara.
Com curadoria da arquiteta e professora Anália Amorim e do arquiteto e professor Valdemir Rosa, a exposição propõe um olhar analítico e atento à trajetória de Lelé e sua contínua busca por aperfeiçoamentos espaciais, em constante conversa entre a forma, a matéria, a estrutura, o meio e o canteiro. Pressupondo que a Arquitetura começa na formulação do problema, na elaboração do programa, espera-se que o público possa usufruir da estreita relação entre o projeto e a construção, partes que se retroalimentam na obra do arquiteto.
João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé. Foto: Arquivo pessoal/Adriana Filgueiras Lima
A exposição conta com painéis, vídeos e maquetes exibidos em A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção, exposição realizada no Museu da Casa Brasileira em 2010. Também há parte do acervo dos Expedicionários do Lelé, grupo de estudantes de arquitetura da Escola da Cidade que, por quatro anos, dedicaram suas férias a visitas de estudo ao Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), uma das fábricas do Lelé.
A cronologia de obras montada no MCB em 2010 está revista e ampliada numa linha do tempo que ocupará 15 dos 30 metros lineares de vidro da Galeria voltados para a cidade. Pretende ser mais uma contribuição na atualização, sempre inconclusa, dos quase 60 anos de atividade profissional de Lelé, que completaria 90 anos de vida em 2022.
A exposição integra um conjunto de atividades que celebra os 20 anos da Escola da Cidade como faculdade de arquitetura e urbanismo, cujo projeto pedagógico teve, em Lelé, uma grande fonte de apoio e inspiração. Ele dá nome à Fábrica-Escola de Humanidades, nosso ensino médio técnico, e inspirou também a criação do curso de pós-graduação Conceber e Construir.
Dezenas de profissionais e pesquisadores, quando convocados, abriram suas agendas, com presteza, saudade e alegria, para gravarem depoimentos sobre este grande mestre da arquitetura, companheiro e amigo. Esses depoimentos, além de outros vídeos e materiais inéditos, serão disponibilizados no espaço expositivo numa espécie de maratona aos que querem conhecer Lelé ou dedicar-se ao estudo de seu legado.
Também serão realizadas atividades paralelas, como seminários. O primeiro deles será o Ciclo de Conversas sobre o arquiteto João da Gama Filgueiras Lima e o Projeto de Brasil, na semana inaugural do programa de pós-graduação da Escola da Cidade, de 7 a 11 de março, a partir das 18h. O evento será online, gratuito e aberto ao público.
Mais do que expor obras e ideias do arquiteto ao longo de um trajeto, Lelé: um Projeto de Brasil deseja levantar o debate a respeito de um país que dispõe de repertório de soluções arquitetônicas e urbanas ricas de espertezas técnico-artísticas e de cuidados humanos. É uma chance de ver e rever, conhecer e estudar a trajetória de um arquiteto que atravessou o milênio anunciando e praticando, desde sua tenra idade profissional, as grandes questões do século XXI.
SOBRE LELÉ
João da Gama Filgueiras Lima é um dos raros profissionais que sintetizou o conceber e o construir. Isto significa, entre outras coisas, o fazer pensando e o pensar fazendo. Lelé nasceu em 10 de janeiro de 1932, no Rio de Janeiro, mas foi em Brasília sua primeira grande experiência de canteiro, em 1957. Ele tinha 25 anos, era recém-formado, e logo aprendeu a construir como um ofício, concebendo à luz de específicas variáveis do universo da arquitetura.
Da capital federal, manteve estreita e duradoura amizade com Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, e seguiu estudando constantemente os processos de pré-fabricação na arquitetura mundial e local. Lelé criou várias fábricas aparelhadas para projetar e construir edifícios, cidades e elementos da construção civil – paredes, pisos, tetos, janelas, portas, cobertas, drenos, contenções, escadas, treliças, além de mobiliários arquitetônicos e urbanos. Sempre com economia de material, qualidade técnica e artística e preocupação com formação de mão de obra.
Ao longo de seus quase sessenta anos de carreira, até sua morte, no dia 21 de maio de 2014, Lelé projetou, fabricou, montou e construiu, em escala industrial, escolas, centros esportivos, hospitais, tribunais, fóruns, creches, centros de apoio a mulher, casas da criança, casas comunitárias e importantes equipamentos urbanos. Projetou e construiu obras experimentando, com arte, técnica e ciência, a maioria dos materiais estruturais e construtivos existentes no país.
Lelé: um Projeto de Brasil não seria possível não fosse o acervo da exposição de 2010, A Arquitetura de Lelé: fábrica e invenção, realizada pelo Museu da Casa Brasileira sob o patrocínio, naquela ocasião, da Usiminas, por meio da Lei de incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e o apoio da TUDelft. Nosso especial agradecimento aos seus curadores, Max Risselada e Giancarlo Latorraca, à Miriam Lerner, então Diretora Geral do Museu, e a toda equipe.
SERVIÇO:
EXPOSIÇÃO LELÉ: UM PROJETO DE BRASIL
ABERTURA VIRTUAL: 11 de fevereiro de 2022, a partir das 18h, com transmissão ao vivo via canal do YouTube da Escola da Cidade
VISITAÇÃO: de 12 de fevereiro a 20 de maio de 2022
De segunda a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Local: Galeria da Cidade
Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Rua General Jardim, 65, Centro – São Paulo SP
Entrada gratuita. Uso obrigatório de máscara
FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO LELÉ: UM PROJETO DE BRASIL
Realização:
Associação Escola da Cidade
Museu da Casa Brasileira
Curadores:
Anália Amorim e Valdemir Rosa
Edição de Vídeos:
Alline Lais Nunes
Julia Cabral O’Donnell
Betina Lorenzetti
Clarissa Mohany (Baú Escola da Cidade)
Restauros das maquetes:
Oficina de maquetes da Escola da Cidade
Guilherme Tanaka (coordenador)
Gabriela Toral
Maria Peccioli
Marília Peceguini
Mobiliário de exposição:
Oficina da Escola da Cidade
Thiago Mendes (coordenador)
Material gráfico de divulgação:
Núcleo de Design da Escola da Cidade
Celso Longo e Daniel Trench (coordenadores)
Débora Fillippini
Assistência de comunicação:
Isabela Lisboa
Agradecimentos:
Adriana Filgueiras Lima, Giancarlo Latorraca, Max Risselada, Miriam Lerner, Fábio Mosaner, Francisco Alves do Nascimento, Ceila Cardoso, José Fernando Marinho Minho, Luiz Amorim, Ricardo Buso, Álvaro Razuk, Alline Lais Nunes, Julia Cabral O’Donnell, Betina Lorenzetti, Guilherme Tanaka, Thiago Mendes, Clarissa Mohany, Cecília Amaro e Luis Fernando Telles de Abreu e Silva.
Fonte: Escola da Cidade