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Kaísa Isabel: “Trabalho para criar autonomia em espaços”

A arquiteta e urbanista Kaísa Isabel Santos (Foto: Roniel Felipe/Modefica)

 

“Meu nome é Kaísa, sou arquiteta, trabalho para criar autonomia em espaços”. Essa foi, por muito tempo, a frase de apresentação do site da paulistana Kaísa Isabel Santos. A jovem profissional tem se destacado na área de acessibilidade, paisagem urbana e reassentamento.

 

Graduada pela Universidade Braz Cubas em 2005, ela falou à revista Raça Brasil sobre sua experiência como estudante e como profissional negra. “Na Universidade não havia outro aluno negro na sala de aula na maior parte do curso. Quando digo que sou arquiteta, algumas pessoas me parabenizam e recebo cumprimentos de mulheres negras que abandonaram os estudos. Sempre digo a elas que nunca é tarde para recomeçar”.

 

Kaísa foi uma das arquitetas e urbanistas convidadas a escrever para o portal Modefica um artigo no especial “São Paulo por Elas” sobre a realidade urbana da capital paulista, em janeiro deste ano. Confira o texto:

 


 

“São Paulo por Kaísa Isabel Santos”

 

Planejamento Urbano: Aproximando-se dos habitantes de São Paulo, nos damos conta que estes escolhem um espaço dentro do município para chamar de cidade, a sua cidade. E seguimos assim, ano a ano, cada um com a sua São Paulo. Para os arquitetos e urbanistas, é importante trabalhar com estes olhares, um percurso a pé “trabalho – faculdade – casa” é distinto de um percurso de duas horas de ônibus para “trabalho – creche – escola – e aí casa”.

 

Agora, administrativamente falando, a partir do momento que não se reconhece esta imensidão (ao impedir que cada vez mais soluções se estabeleçam nas Subprefeituras e que estas Subprefeituras estejam conectadas realmente com o seu entorno), a demanda para problemas locais, ora costurando-se com soluções vindas de Subprefeituras vizinhas, ora em comunhão com outros setores que tenham a função de gerir soluções em macro escala, permitiria a descentralização de poder.

 

Acessibilidade: Sempre que falamos de acessibilidade para o município de São Paulo, muitos reclamam que a topografia do município é acentuada, porém o problema não é somente este. Olhando para o passado, quando foi necessário encontrar resultados para qualquer outra instância de mobilidade ou transporte, em nome de progressos, estes foram encontrados. O progresso denominado “redução de desigualdades” é um que vem sendo jogado de lado. Trabalhando há um tempo com acessibilidade, consegui ter um apanhado de que o nosso maior problema, hoje, é a barreira atitudinal para a inclusão de pessoas.

 

As leis estão aí, as normas já estão vigentes, mas as barreiras que criam dificuldades entre a funcionalidade e os elementos do espaço impedem a participação social da pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida ao exercício de seus direitos à acessibilidade. Relembrando, estes direitos estão garantidos, isto foi um primeiro passo, somente o primeiro, mas ainda não estamos preparados conscientemente para os próximos.

 

É preciso recriar o papel destes novos agentes de inclusão, sejam eles administradores públicos; arquitetos e urbanistas; psicólogos sociais; psicólogos políticos; antropólogos; sociólogos; educadores e professores em diversas esferas; advogados e engenheiros; agentes e instituições culturais; de saúde; educacionais, entre outros. Profissões que em seus processos, do macro ao micro, devem produzir novos instrumentos para fazer um novo lugar para indivíduos que estão, sim, sujeitos a uma denominação coletiva.

  


 

 

Por CAU/BR

 

= Veja mais histórias de arquitetas e urbanistas brasileiras

2 respostas

  1. Meus Parabéns arq. Kaisa Isabel S.

    Sua consciência e maturidade com as questões que devem ser premissas básicas para a nossa produção profissional, e colaboração para conquista de uma cidade mais humanizada.
    Colaboro com o Grupo Ururay-Patrimônio Cultural, seria uma honra ter você como colaboradora.
    arq. Ruy Barbosa

  2. Kaisa… prazer em ler um pouquinho mais sobre você, essa pessoa incrível, de energia boa, cheia de vida… e de um profissionalismo exemplar, pessoas que fazem da sua profissão uma responsabilidade social entre tantas outras responsabilidade…
    Tive o prazer de conhecer Kaisa em Porto Velho – RO, em um curso por ela ministrado juntamente com arq. Carolina Fomin.

    Grande abraço Kaisa, sucesso sempre!

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