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Leia entrevista com o presidente do Colégio de Arquitetos da Costa Rica

 

Para o presidente do Colégio de Arquitetos da Costa Rica (CACR), Edwin Gonzalez, tanto na Bienal Internacional de Arquitetura da Costa Rica como no Congresso Mundial UIA 2020 Rio, deve haver um profundo interesse em adquirir responsabilidade com o planeta, o habitat e a sociedade. Organizada pelo CACR, a 13 ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura acontecerá entre os dias 4 e 7 de maio de 2016, na Costa Rica.

Com o tema Arquitetura = Qualidade de Vida, a Bienal busca conscientizar a sociedade sobre a importância da arquitetura e o desenvolvimento das nações por meio de um evento técnico, informativo e educativo, que incentiva a cultura arquitetônica.

O evento é uma oportunidade para que profissionais e estudantes de arquitetura exponham seus projetos. Os interessados podem se inscrever pelo site até 20 de fevereiro de 2016: http://www.bienalcostarica.com/ Este ano, o vice-presidente do CAU/RJ, Luis Fernando Valverde, participará, de forma virtual, do julgamento dos projetos.

O CACR e o CAU/RJ possuem, desde junho de 2015, uma parceria para estreitar os laços de cooperação e incentivar a troca de experiências em questões estratégicas. Em entrevista ao CAU/RJ, Edwin Gonzalez falou sobre a Bienal, sobre as parcerias com entidades de arquitetura e urbanismo latino-americanas e sobre os desafios dos dois países.

 

1) Um dos objetivos da Bienal Internacional de Arquitetura é conscientizar a sociedade sobre a importância da arquitetura e urbanismo. No Brasil, segundo pesquisa recente, 85,40% da população que construiu ou reformou imóvel residencial ou comercial não contrataram um engenheiro ou arquiteto. Como os arquitetos e urbanistas são vistos pela população na Costa Rica? A autoconstrução é uma prática predominante? 

A legislação costa-riquenha estabelece que qualquer construção deve contar com as diferentes autorizações das entidades reguladoras e especifica, além disso, que a obra deve ter um profissional responsável da área da arquitetura e/ou engenharia. Pelas leis republicanas da Costa Rica, todo profissional de arquitetura e engenharia deve estar registrado em seu respectivo Conselho para exercer. Na Costa Rica a autoconstrução não é uma prática comum, embora 23% das construções descumpram a regulamentação, principalmente, nas áreas rurais.

2) Em 2020, o Rio de Janeiro vai sediar o 27º Congresso da Mundial de Arquitetos da União Internacional dos Arquitetos – UIA 2020 RIO, que abordará temas como: Arquitetura e cultura; Arquitetura autoproduzida; Cidade, paisagem e ambiente; Urbanismo e o desenho da cidade; e Metrópoles, cidades médias: infraestrutura e gestão. Como a experiência da Bienal pode contribuir para esses debates?

O tema da XIII edição da Bienal Internacional de Arquitetura Costa Rica 2016 será Arquitetura = Qualidade de Vida. Trata-se de um tema que engloba cada um dos tópicos que serão desenvolvidos no Congresso Mundial UIA 2020 Rio.

A Bienal Internacional de Arquitetura 2016 na Costa Rica contará com 4 grandes subtemas: Cultura, Educação, Espaço Público e Infraestrutura Arquitetônica. Cada tópico será abordado em um dia da semana com o objetivo de dar oportunidade para o desenvolvimento de um enfoque mais humanizado e responsável socialmente, que ultrapasse a preocupação estética.

Tanto na Bienal como no Congresso, deve existir um profundo interesse de adquirir responsabilidade com o planeta, com o habitat e com a sociedade. Para isso, a inovação tecnológica e o empreendedorismo profissional devem estar focados na sustentabilidade.

A arquitetura e o urbanismo não pode se afastar desta tarefa. As entidades organizadoras de eventos que discutem esses temas devem incentivá-los e gerar políticas públicas nacionais e internacionais que apoiem os esforços de organizações mundiais como a ONU-Habitat, que prepara, neste momento, as consultas por país e por região para a Terceira Conferência Mundial, que acontecerá em Quito em outubro de 2016. A proposta da Costa Rica não é um tema isolado. Pretendemos publicar pronunciamentos e premiar projetos comprometidos com a sustentabilidade, alinhados com a conferência Habitat.

3) Costa Rica e Brasil são países muito diferentes, mas se restringirmos a comparação ao estado do Rio de Janeiro, as proporções de assemelham. Ambos possuem grande concentração metropolitana. Quais são os desafios urbanos enfrentados pela Costa Rica em sua Grande Área Metropolitana?

Na Bienal Internacional Costa Rica 2016 será abordado o tema do Espaço Público e Infraestrutura Arquitetônica. O desafio é que o cidadão se aproprie da cidade e que os projetos permitam isso, de forma que os serviços públicos, entre eles transporte e mobilidade, sejam melhorados. Este último é um dos principais desafios de todas as cidades da América Latina em pequena e grande escala.

Os outros dois temas, cultura e educação, estarão mais focados na conscientização do cidadão para uma efetiva coesão social, entendida como um desafio que busca a integração e inter-relação entre as diferentes populações. É necessário um uso misto do território, sem segregação em categorias, de forma que o uso do espaço seja unificado e desemboque em uma verdadeira coesão social.

O outro desafio consiste em repovoar e recuperar a Grande Área Metropolitana. Na Costa Rica esta área é formada pelas 4 capitais das províncias. Transformar esses locais em áreas habitacionais permitirá aproveitar os serviços e melhorá-los para que sejam mais eficientes.

4) De que forma a parceria entre Brasil e Costa Rica, por meio de seus conselhos profissionais, pode colaborar para o desenvolvimento da arquitetura e urbanismo nos dois países?

Consideramos – como entidades públicas de referência no país -, que deve ser promovida a dignidade da arquitetura e a soma de experiências entre as instituições. É indispensável a troca de conhecimentos, o apoio mútuo para tornar as experiências locais conhecidas em âmbito internacional, a nível de capacitação, legislação, divulgação e comunicação.

Os problemas do país- sem importar sua população ou dimensão- continuam sendo semelhantes: iniquidade e ineficiência. É necessário melhorar a economia e a qualidade de vida e buscar melhores condições para o habitante que promovam cidades mais humanas, com uma visão inovadora, eficiente e com um compromisso com o habitat.

 

5) Como se dá o intercâmbio entre o Colégio de Arquitetos da Costa Rica e outras instituições irmãs nos demais países latino-americanos?

Como política recente, foi assinada uma série de convênios com diferentes países da América Latina e de outras latitudes, com o objetivo de trocar experiências e conhecimentos profissionais. A ideia também é projetar a experiência do país para somar e exportar, para tornar conhecidas nossas boas práticas e aprendermos as dos outros. Atualmente o Colégio de Arquitetos da Costa Rica possui convênios com Brasil, Espanha, Roma, França (Projeto Paisagens), Estados Unidos, (Instituto Americano de Arquitetos), entre outros.

Publicado em 15/01/2016. Fonte: CAU/RJ

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